Sem o voto popular, a crise segue e a democracia morre

Estamos assistindo, já quase sem retoques, o retrato do que a selvageria que passou a marcar a elite brasileira foi capaz de fazer ao Brasil.

O mercadismo voraz, os políticos agarrados ao dinheiro (com garras pessoais ou eleitorais), os partidos entregues a aventureiros ou a ressentidos, a trinca Polícia-MP-Judiciário salivando por exercer ferozmente seu poder e, como fole desta fornalha infernal, um oligopólio  de mídia a funcionar como os que gritam e urram diante de um linchamento.

O resultado do que fizeram é um país arruinado, submisso, desesperançado, onde o que resta de vitalidade é desperdiçado em ódios.

O Estado policial e a festa das imposições do mercado e da mídia que estamos vivendo há mais de dois anos nos legaram este cenário devastado.

Não há imperativo moral mais forte do que preservar a vida humana e sua dignidade. É este, mais do que qualquer outro, o que está sendo violado.

Esta violação só pode ser revertida pela entrega aos cidadãos brasileiros, sem reservas ou vetos, o direito de decidir o que quer para seu país.

A alegação de que não se pode convocar eleições diretas pois não é isso que prevê a Constituição é pífia e de má-fé. Basta olhar o que se faz, neste justo momento, para mudar a Constituição para retirar direitos.

Então, o texto constitucional pode ser mudado para tirar das pessoas e não pode para dar a elas o mais sagrado direito da democracia, o de eleger seus governantes?

Como pode ser ilegítimo cumprir o que é a vontade esmagadora dos brasileiros. O Datafolha de antes do último escândalo, apontava 85% e será que hoje já não são 90 ou 95% os que querem escolher quem nos governará?

Nenhum poder está acima da vontade popular, exceto o de causar lesões a direitos e, na situação que temos hoje, nem mesmo há mandatos a serem preservados.

O que Dilma recebeu pelo voto foi cassado pelo Congresso; o que Temer usurpou, cassado pelos fatos.

O Brasil precisa voltar a ter um governo e só terá um governo capaz de equilibrar os poderes, a economia e o convívio entre os brasileiros.

Só o voto direto pode encerrar esta aventura desastrosa que nos impuseram.

Qualquer outra solução será apenas um novo e trágico capítulo na destruição da vida dos brasileiros.

E a porta escancarada para o autoritarismo e a perda das liberdades.

Fernando Brito:

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  • Ontem, o "Roda Morta" da TV Cultura escalou um time comentaristas (entre eles o Rogério Chequer, vejam só) para defender o mantra do mercado: Temer pode sair, mas as reformas têm de continuar e, para isso, "tem que se eleger logo alguém pela via indireta para que as reformas não parem". O único que destoava um pouco era o professor da FGV Oscar Vilhena. O resto só fazia repetir esses argumentos como um mantra. Já deu para perceber que a guinada da Globo já está encontrando eco no restante da mídia.
    Diretas Já!

  • Fernando,
    Você mesmo disse que não podemos usar as armas que esses corruptos usaram/usam, que não devemos abrir mão de nossos valores e princípios, pois assim temos como enfrentar esses monstros.
    O eminente jurista - considero-o o maior do Brasil - Pedro Serrano afirma, categoricamente, que eleições diretas agora é puro casuísmo, que a Constituição tem que ser respeitada.
    De acordo com suas palavras neste post, Serrano estaria agindo de má-fé.
    Será?!?!

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