A semana da denúncia

Como já se tornou tragicamente rotina no Brasil, a semana política, que em outras épocas hibernaria no inverno do recesso de meio de ano, começa ao calor da expectativas da denúncia a ser oferecida pelo Procurador Geral da República contra Michel Temer.

Mesmo que não haja nela o “fato novo” que todos têm como certo, a simples sistematização, num enredo asqueroso, das falcatruas que envolveram o ocupante do Palácio do Planalto no episódio do encontro noturno, seguido  da mala de seu “homem de boa índole” Rodrigo Rocha Loures, tem o potencial de chocar o país e enfraquecer ainda mais a situação de quem nunca teve o respeito da Nação e conseguiu evoluir para o nojo quase unânime dos brasileiro.

(Aliás, como se viu semana passada, quiçá do mundo)

Não se espera, por quem é e por todas as trapalhadas que fez desde que surgiu a delação de Joesley Batista, que Temer tenha algum grau eficiente de defesa contra o que vai ser sistematizado (e, talvez, revelado). E, ainda que não venham situações mais picantes, já se sabe que, com o fatiamento da denúncia, como naqueles anúncios picaretas de vendas na TV, “isso não é tudo”.

As condições de Michel Temer para manter-se no governo, embora não sejam nulas – dado o grau de cumplicidade do parlamento brasileiro – excluem completamente a hipótese de que, ficando, não seja em situação de putrefação e no equilíbrio precaríssimo de um mercado financeiro que “finge que não vê” o que se passa enquanto houver a esperança de que, com isso, algum direito se possa tirar dos trabalhadores e mais cortes possam ser feitos nos gastos públicos.

A aliança mídia-polícia-justiça, muito embora esteja devorando alguns de seus patronos políticos, produziu esta obra dantesca de um país onde são bandidos que nos governam, delatores e delatados.

Um estranho Brasil, onde estimula-se o prazer coletivo da destruição da vida política, econômica e social no altar da “moralidade”.

E de um povo perplexo, que ouviu por anos que nossa pobreza e carência vinha da corrupção do Estado e da política e, abolidas (ao menos em parte) estas, ficou mais pobre e carente.

Fernando Brito:

View Comments (5)

  • O Vampirão sugador de dinheiro público, deveria ficar por lá mesmo pela Transilvânia. Depois leva o Silo de Pó, junto com o Corujão.

  • Sinceramente, é de doer a alma de qualquer cidadão de bem deste pais. A questão é saber quantos são realmente do bem, quantos se preocupam com decência e quantos saberão julga-los convenientemente nas próximas escolhas eleitorais. Não haverá segunda chamada. Estejamos preparados para 2018. Ou ficar a Pátria livre dos atuais impostores e golpistas ou a pátria estará seriamente ameaçada. Limpeza drástica, geral e irrestrita. Nenhum canalha deverá continuar. Sejamos persistentes.

  • 1. CF88 obriga poderes a prestar contas à sociedade dos seus feitos. o que fazem? contratam caríssimas agências propaganda, como a do Valério(duto-de-propinas), depois têm que pagar às concessões de rádio e tv; concessões públicas! até TSE entra nessa em períodos de eleições, como se alguma coisa mudasse - e os imbecis continuam vendendo voto. ISSO TEM QUE ACABAR ou os caras são mesmos qual um sabonete que precisa de comerciais para serem vendidos? houve um tempo no qual os executivos usavam de seu nome na administração, o que foi proibido. também houve um tempo que os comícios eram showmícios, pagando esses artistas "altamente culturais" que abundam main stream para fazerem shows, após discursos de campanha, o que também foi proibido (falta proibir contratar esses mesmos "artistas" para festas sazonais, que todo lugar tem, depois de eleitos), ou seja, parece que avançamos um pouco.
    2. lê-se hoje que a pop diz confiar nas forças armadas: deve ser a mesma parcela que defende pena de morte (contra si mesma, imagine!) e até uma colunista pig já fala em tomarem o poder . nisso, não avançamos um tico: polícias são assassinas, como no regime desses "todo-poderosos" (pior: hoje temos guarda municipal, outra corporação que já nasceu doente - os de BH já podem até usar arma!). e tudo parece natural, como a chuva quando cai.
    3. não somos a Islândia, mas precisávamos ser tão... imbecis, enquanto sociedade?

  • Gugu Melo, tinha acabado de ver a entrevista do Jesse para a Carta Capital. Muito bom vc repassar essa matéria precisa, importante e muito clara aqui no Tijolaco. Você deveria copia-la aqui na parte de baixo. Eh sobre isso que deveriamos estar discutindo. Lula e o PT são tratados exatamente dessa forma por uma gde maioria aqui. Eh realmente chocante perceber como é forte essa violência e esse desprezo atávico mesmo.

  • Ótimo, os "mocinhos" de Curitiba, pensam que vão acabar com a eterna corrupção e consequentemente por não saberem a dosagem, vão matando os pobres.
    A classe média, midiotizada, com aquela camisa amarela e meia soquete que come moralidade, deverá também em breve, de tanto veneno, morrer de congestão.

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