Não é agradável admitir, mas José Serra tem razão ao falar de seu próprio partido.
Ontem, durante palestra organizada pela juventude tucana (?) em São Paulo, ele, segundo o Estadão, “citou o clássico Madame Bovary, de Gustave Flaubert, para dizer que o PSDB tem a síndrome do “bovarismo” porque “tem necessidade de ser aceito pelo PT”.
– Que me desculpem as mulheres, pois a coisa é mais complexa do que isso. Mas o problema da Madame Bovary é querer ser aceita pelo outro lado. Ela vai à loucura, quebra a família e trai o marido com Deus e todo mundo para ser aceita. O PSDB tem um pouco do bovarismo, de precisar ser aceito pelo PT.
Eu tive o cuidado de enviar um email ao meu querido Antonio Mello, especialista em Madame Emma Bovary e autor do romance “Madame Flaubert” para uma análise mais, digamos, literária do que disse Serra.
Mas acabo tendo de dar razão ao coiso, exceto na parte de trair o marido “com Deus e todo mundo”, que é de uma pobreza de compreensão que a obra não merece.
Aécio Neves não passou a semana tentando propor melhorias no Bolsa Família – algo que ele nunca propôs antes? Não é uma coisa deprimente, como se ele quisesse dizer que “é mais PT do que os petistas”, embora todo mundo saiba que eles tem horror a isso que chamam de assistencialismo?
Serra foi direto em outra destas.
“Usou o leilão do campo petrolífero de Libra para exemplificar sua metáfora e mostrar que o partido não sabe criticar o governo Dilma Rousseff. “Eles fazem um leilão mal feito, como o do Campo de Libra. O que faz o PSDB? Sai dizendo: ‘olha aí, eles falaram que eram contra a privatização, mas estão fazendo’. Isso dá voto? Nenhum.”, afirmou.
De fato, o “eles são iguais a nós” é o mesmo do que o “nós somos iguais a eles”. E, numa ou noutra ordem, inconvincente.
Mas o que mais me impressionou foi ter acabado de assistir a entrevista de Fernando Henrique Cardoso a Kennedy Alencar (veja o post abaixo) e ter ouvido o ex-presidente resmungar, sentido, que Lula não é generoso com ele, deixando de reconhecer as coisas boas de seu governo.
Quais? Segundo FHC o fato de ter enfrentado uma crise por causa de Lula ser favorito nas eleições e, vejam só, ter conseguido “um bolsão” com o FMI para que o petista pudesse governar.
Deve ser o Bolsa-Falência, que se existisse ia ter o Eike Batista como candidato a receber de FH.
Enfim, Serra estava inspirado. E feliz como pinto no lixo com a crise que vai se revelando na crista baixa de Aécio e do “Tio Fer”. Chegou a dizer que muitos tucanos “trabalham contra o erário”, algo bem ousado nesta época de Siemens e Alstoms.
Se ele tiver mais duas crises de sinceridade como a de ontem, o PSDB implode.
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ATÉ NAS CITAÇÕES LITERÁRIAS CERRA ESCULHAMBA SEU PRÓPRIO PARTIDO.ELE É ESSENCIALMENTE TRAIRA E MAL COMPANHEIRO.
O Zé Xirico Çerra do jeitoque vai indo, já aderirá ao PT! Não tem solução.Aliás se ele tivesse um poucode bom senso e apresentasse soluções pra ajudae o Governo Dilma, criticasse o que ele acha errado ele ganharia muito mais respeito dos eleitores. Demonstraria patriotismo. Muito ao inverso do Aecin Pó que só sabe criticar e não mostra nada de bom que o Governo faz.
Implode e vai pra cadeia.
Se o PSDB implodir, consequentemente no seu bojo irá se concentrar uma pressão tão violentamente forte que provocará uma grande explosão que fará voar pelos ares do Brasil muitos pedaços e penas de tucanos e só assim Serra poderá ser levado às "barras da Justiça" por cometimento de crime de extinção de uma espécie da fauna.
ele só se esqueceu do mauro ricardo, do paulo afro-descendente e outros
Andou lendo o Mello ou Maria Rita Khel. Do jeito dele, conseguiu embaralhar as cartas, está expondo todo mundo e mostrando as mazelas dos discursos combinados da oposição. Só ele brilha, também a seu modo perverso.
A narrativa de FHC, é bem real, para não ser uma BOVARY, eles estão se reunindo para derrubar este governo...
Penso eu, derrubar um governo que esta dando certo, construido ao longo de 12 anos ???
Nós temos que colocar a força Nacional no encalço deles.
Anti Patriotas.
oposta de Aécio Neves não garante permanência do Bolsa Família
a folha
09/11/13 - 11:30
POR DINHEIRO PÚBLICO & CIA
Na principal proposta desta campanha antecipada, o presidenciável tucano Aécio Neves defendeu que o Bolsa Família se torne um programa de caráter permanente, independente de quem esteja no governo, como as demais ações assistenciais da União.
O projeto apresentado pelo senador mineiro, porém, não chega a tanto.
O texto de Aécio incorpora o Bolsa Família à Lei Orgânica de Assistência Social, de 1993, que instituiu o BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos e deficientes de baixa renda.
O BPC é pago desde o governo FHC e tem neste ano orçamento de R$ 31,4 bilhões, R$ 10 bilhões a mais que o Bolsa Família.
Mas não é apenas de volume de verbas a diferença entre os dois programas. O primeiro está estabelecido na Constituição do país, uma vantagem que a proposta de Aécio não altera.
“A garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família”, diz o texto constitucional que lista as obrigações das políticas de assistência social.
Até o valor do BPC, portanto, está fixado na Constituição _que também trata o programa como universal, ou seja, um direito de qualquer brasileiro que dele necessite. A legislação posterior apenas regulamentou o que já era obrigatório
O Bolsa Família tem outra natureza: não é universal e suas regras, incluindo o valor dos benefícios, estão fixadas em lei e são alteradas periodicamente.
Para alterar (ou extinguir) uma lei, basta a maioria simples dos congressistas, com quórum mínimo equivalente a metade mais um dos deputados e senadores. Nos exemplos mais extremos, bastam 129 dos 513 deputados e 21 dos 81 senadores para mudar uma lei.
Para mudar a Constituição são necessários três quintos das duas Casas: 308 deputados e 49 senadores.
A permanência do Bolsa Família, no entanto, não depende de garantias legais. Não parece haver candidatos dispostos ao suicídio político de extinguir, ou mesmo reduzir, o programa que completou dez anos.
Duas figuras decrépitas de um "partido" acabado, que não consegue mais atrair grandes massas de eleitores. Que coisa mais patética! Quem diria que viveríamos para ver uma dupla como essa, resmungando a própria desdita pela "imprensa"?! Que decadência!
Serra só quer saber de seu bando e nada mais.