Sheherazade, ameaçada por Chaves (o Chapolim, não o Hugo), vira madrinha do pelotão. “Mico” ou sinal dos tempos?

Caro contribuinte paulista, você quer ver como é gasto o seu dinheirinho?

Quer saber como é a “inteligência” da polícia de São Paulo?

Então leia esta história que, juro, não é mentira.

Diversas viaturas de PM foram mobilizadas para proteger Rachel Sheherazade, a treme-terra do SBT,  contra perigosos manifestantes que iriam exigir de Sílvio Santos a substituição da “âncora” do jornalismo da emissora. E que pediam, no seu lugar, ou Chaves-Chapolim ou então o “Seu Madruga”…

Na falta de sequer um só manifestante, os guapos rapazes da PM, sem ter com quem exercitar os seus “instintos mais primitivos” e sem nada de importante para fazer, posaram para fotos com a “madrinha do pelotão”, como você vê aí em cima.

O episódio não é apenas ridículo, mas revelador do “mix” de idiotice, histeria e picaretagem envolvido nessa história.

A página não é anônima, é apenas uma piada criada por dois rapazes,  uma gozação óbvia. O que convocava?

“Porque o Seu Madruga e o pobre menino do barril tem muito mais a nos ensinar sobre tolerância e igualdade… Venha você também pedir pro Silvio colocar Chaves no lugar da Rachel Sheherazade.”

Nenhum incitamento e um milhão de vezes mais suave que qualquer comentário da dita cuja em rede nacional, por meio de uma concessão pública.

Se o SBT chamou a polícia, bastava ter passado por lá “uma viatura”, que ia chegar, rodar por ali e o policial avisaria pelo rádio: – Aí, chefia, é caô, não tem ninguém aqui não, positivo? Prosseguindo para alfa-bravo-charlie para atender ocorrência de briga de casal…

Mas não, veja o que publicou o UOL na sexta-feira: “Várias viaturas estão na porta do SBT, desde o começo da manhã de hoje, realizando um trabalho preventivo para a manifestação, marcada há alguns dias nas redes sociais, contra a jornalista e apresentadora  Rachel Sheherazade, do “SBT Brasil”.”

Seria apenas um “mico”, se fosse o único.

Grossa picaretagem de Sílvio Santos, talvez por algum esqueleto que lhe reste da fraude do Banco Panamericano ?

Pode ser, mas ocorre dentro de um processo tão generalizado que não se pode crer que  seja casual.

Ou será que ainda é preciso mais alguma coisa para dizer que se monta um clima de radicalização política que não existe senão na cabeça de um bando de fascistóides, do qual Sheherazade é apenas uma perigosa caricatura?

Será que é preciso algo mais para ver que a exploração midiática está levando a se criar um clima de confronto que não existe?

Será que, ingenuamente, os nossos “libertários” não vêem que a única coisa que conseguiram libertar foi a extrema direita do sarcófago em que se encontrava?

Será que nossos “juristas” não vêem que não é casual a movimentação indecorosa de Joaquim Barbosa no Supremo?

Será que acreditam que, a esta altura, com os apelos públicos a uma intervenção militar,  já não há grupos contaminados dentro de nossas Forças Armadas?

A “onda de direita” no mundo e na América Latina é fruto da minha imaginação?

Será?

E será, sobretudo, que temos uma força política capaz de se contrapor a essa escalada insana?

Fernando Brito:

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  • Os nossos picaretas midiaticos e de outras categorias, clamam por protecao aos seus privilegios conseguidos nos governos entreguistas. Estao em plena paranoia.

  • Estão desesperados à procura de um pretexto, qualquer pretexto, para iniciar um golpe de estado. Mas os ânimos vão esfriar quando tropas russas forem enviadas para garantir a segurança na Venezuela, como na Ucrânia.

  • A história do Panamericano é um caso de um dos maiores assaltos cometidos contra a gestão pública. Tudo feito de maneira obscura e o prejuízo, bilionário, foi transferido para um banco estatal.

  • Seu artigo me leva a pensar na receita americana para tomar o poder num país, segundo descrição do grande jornalista Israel Shamir: (1) entre numa praça central e organize um protesto passivo, calmo, mas de massa passivo; (2) fale do perigo de uma repressão violenta por parte do governo; (3) se as autoridades do governo não fizerem nada violento, provoque uma ou mais mortes (na Ucrânia tinha franco atiradores); (4) produza uma gritaria generalizada pelo assassinato sangrento; (5) a autoridade governamental ficará horrorizada e, principalmente, estupefacta; (6) aproveitando sua indecisão a autoridade é afastada ou deposta; (7) os novos assumem o poder. Nota: é necessário o apoio da grande imprensa local (como aqui criando coxinhas) e mundial. Conclusão: qualquer semelhança com a Venezuela, a Síria, a Ucrânia, a Líbia, até o Brasil não é mera coincidência.

  • O Silvio Santos vendeu por quatrocentos milhoes o Banco Panamericano pro governo. Depois que a CEF descobriu que o rombo era maior teve que permitir que ele vendesse os outros 51% por 100 reais. Ser amigo do rei vale a pena. É difícil defender o PT diante dos coxinhas se fazem estes tipos de negociatas. Acho muito bom quando falam mal do governo, porque ele fica em Brasilia e não fiscaliza nada. Só repassa verbas e não vai fiscalizar. Quando a Dilma viaja pros Estados ela fica rodeada dos mesmos que apunhalam ela toda hora. Ela deve saber de tudo só que não interfere ou não cobra dos estados e municípios.

  • E o que foi "ensinar" na África o J.BBB : -como ser autoritário, como condenar sem provas, como engavetar inquéritos, como destratar seus pares,como ser ator de golpe político mediádico, como comprar imóvel de forma ilegal, ...ah claro, como ser politiqueiro ao invés de juiz, será?
    Outra, este rolezinho dele pela África é custeado pela "República"?

  • O governo federal tem se abdicado de abordar o problema da polícia militar dos estados, esta máquina de produção de violência e corrupção. É total responsabilidade de Dilma e Lula esta inérica (alias, inércia é uma característica do PT). A PM é um instrumento da ditadura, e totalmente ineficiente no papel de... polícia.
    Ao invés de priorizar a reforma da segurança (polícia NÃO MILITAR nas cidades grandes, e municipalização, por exemplo).
    Já que o PT não fez PORRA NENHUMA, votemos em QUALQUER OUTRO...
    Quem não faz gol, leva

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