Sidney Rezende: “não negociamos nossas convicções”

Conheço Sidney Rezende dos tempos da velha e saudosa Rádio JB, onde foi um eficaz entrevistador, jamais deixando de perguntar qualquer coisa, sem praticar nenhum dos dois vícios a que somos tentados neste tipo de atividade: o de ser tão duro com o entrevistado que dele não retiramos nada, nem o da “maciez” que torna o diálogo um “levantamento de bola” ao cidadão.

Como não o vejo, infelizmente, há um par de décadas, exceto no seu trabalho como âncora na CBN e na Globonews, e como não tenho – como sempre declarei aqui e agora se tornou público –  nenhum tipo de publicidade federal, fico completamente à vontade para reproduzir o editorial que ele publica no portal que ele comanda, já há 10 anos, o SRZD, que acaba de ser vitimado pela política de perseguição ideológica na distribuição de publicidade do Governo Temer.

Sou testemunha de que o único fanatismo que Sidney pratica é pelo trabalho e pela busca da notícia. Uma vez, recordo, cheguei a brincar com ele, perguntado se a família suportava o ritmo em que ele vivia, correndo de um emprego para outro e, em todos eles, dedicando-se apaixonadamente. É isso e não qualquer tipo de partidarismo que fez dele um empresário de comunicação diferente destes que conhecemos por aí, que o são por herança ou por exploração de negócios, entre eles, aliás, o da exploração da fé religiosa.

Melhor do que eu, ele explicará o que se passa, com a correção que, desde quando ainda um jovem jornalista, todos lhe reconhecem.

Princípios e Ética

Sidney Rezende

Serei direto e sincero. Como sempre. Depois de divulgado pelo Palácio do Planalto para a imprensa de Brasília, no início da noite desta terça-feira, nos chegou o documento oficial da Caixa Econômica Federal cancelando a publicidade destinada ao SRZD, aprovada para o ano de 2016. Este relacionamento comercial existe de forma contínua desde 2012. Entre as empresas públicas, e não são muitas, a Caixa era o nosso principal patrocinador.

Como, até ontem, não tínhamos recebido a oficialização de outros rompimentos, preferimos nos silenciar para que nosso eventual pronunciamento fosse fundamentado em fatos.

Já nos chegaram rumores que o Governo Federal ordenou que todos os outros anúncios vindos de empresas públicas sejam proibidos de veiculação no nosso portal, que no último dia 23 de maio completou 10 anos.

À Caixa, gostaríamos de agradecer o profissionalismo e a seriedade no trato da coisa pública. Sempre republicana, a empresa jamais insinuou ou sinalizou com qualquer pedido que maculasse a ética no cuidado com o centavo do contribuinte.

Austera, a Caixa sempre exigiu resultados. Tínhamos metas de audiência. A cobrança sempre foi rigorosa. Após a prestação de contas mensal dos milhões de visualizações, tanto as agências de publicidade representantes da Caixa quanto a própria instituição sempre foram severas no cumprimento dos acordos comerciais. Nunca houve “moleza” e nem gostaríamos que fosse diferente. Foi uma honra lidar com gente honesta deste quilate.

É importante para nós esclarecermos os nossos princípios aos que não nos conhecem. E, também, nossa visão para o Brasil nesta área de comunicação tão preciosa para a democracia no nosso país.

O ideário de boa prática jornalística que defendemos há mais de 30 anos não mudará por mais cruéis que sejam as pressões. Não negociamos nossas convicções. E, para o país, é bom que existam meios de comunicação com pensamento plural que represente todos os setores da vida brasileira. É um exercício que vemos com alegria quando compartilhado pelas autoridades, empresários, trabalhadores, militares e profissionais liberais.

O pensamento único e o investimento centrado nos mesmos grupos não são bons, nem para eles, além de ser um risco para a democracia.

A nossa forma de trabalhar é tudo sobre a mesa, às claras, franca, leal e de alto nível. E, se não bastasse, rigorosamente honesta.

Aqui no SRZD ninguém “mama das tetas do Estado”, “subtrai dinheiro público”, “participa de fraude para auferir ganhos pecuniários” e muito menos caminhamos na estrada que dissemina a vingança, o ódio ou o rancor. Não achamos digno. Simples assim.

Aqui também não somos partidários ou “simpáticos” a “A” ou “B”, não privilegiamos alguns em detrimento de outros.

SRZD faz Jornalismo. Assim mesmo, com “J” maiúsculo. Nos orgulhamos muito dos nossos repórteres, colunistas, colaboradores e prestadores de serviço.

A quem ainda duvidar, reafirmamos que cada centavo dos nossos patrocinadores é investido no site para o pagamento de salários dos funcionários e funcionamento da nossa estrutura. Ela é complexa. Dos anúncios, tiramos o nosso sustento.

Praticamos jornalismo isento, plural, que respeita a forma do outro pensar, ouvindo todos os segmentos. Sempre fomos assim…

Tornamo-nos, não por acaso, uma das vozes respeitadas pelo público. Veja o exemplo da cobertura do Carnaval do Rio, São Paulo e todo o Brasil todos os dias do ano. O SRZD é reconhecido até pelos seus concorrentes pelo trabalho que realiza. E nós também sabemos respeitá-los.

Quando um site como o nosso consegue atrair grandes patrocinadores, abre portas para outros do mesmo porte. Faz sentido não termos compromisso com partido político algum.

Jornalismo não existe para destruir reputações e, por isso, a indignação quando da existência de perseguições políticas ou ideológicas. Perversidade não faz parte do nosso manual de conduta.

Aqui não mentimos para envenenar a cabeça de desinformados que, de boa fé, leem algo e acreditam que aquilo seja real.

O nosso modus operandi é mais modesto. É realizar nosso ofício com dignidade.

Por isso, leitor, contamos com você, que compartilha da nossa essência e da nossa ética na crença de que dias melhores virão. E nunca, jamais, em tempo algum, o mal vencerá o bem. E nem a mentira vencerá a verdade.

Fernando Brito:

View Comments (11)

  • Texto sensacional!
    Histórico e pedagógico!
    Toda a leveza da concretude substância jornalismo!
    Parabéns ao egrégio e impávido jornalista Sidney Rezende!

      • ... MUITO CUIDADO, NAÇÃO DO BEM

        O nazigolpista miúdo TEMERário/TEMERo$o não quer retirar os assessores da legítima PRESIDENTA Dilma Rousseff: o enDEMoninhado TRAIDOR-MOR quer trocar [trocar!] os assessores!

        NOTA:
        o TEMERário/TEMERo$o que vá trocar o 'CU(nha)' 'delle' com o restante da quadrilha!

        Dileto(a) leitor(a), "trocar assessores"!
        'Capiche' a máfia assassina?...

  • BRASILEIRO, SE VC ESTÁ CONTENTE COM QUE ESTÁ ACONTECENDO NO PAÍS, FIQUE EM CASA ASSISTINDO A GLOBO E SEU CARTEL.
    COM GREVE OU SEM VAMOS PRAS RUAS. A PÁTRIA DOS TRAIDORES É O DINHEIRO SUJO DERIVADO DE PROPINAS, RESULTADO DO ENTREGUISMO, POLÍTICOS EGOCÊNTRICOS QUE SE AUTO VALORIZAM SEM MERECIMENTOS, BANQUEIROS LADRÕES E MÍDIA CARTELIZADA, CAUSANDO O EMPOBRECIMENTO E VASSALAGEM DO POVO DO BRASIL.
    GREVE TOTAL. GREVE GERAL. FORA GOLPISTAS TRAIDORES. “BRAVA GENTE BRASILEIRA!…” O hino da independência do Brasil tornará realidade. Temos que ficar livre dos inimigos, e agora nossos inimigos estão também dentro de nosso país, são GOLPISTAS. Este hino que deveria ser o hino nacional https://www.youtube.com/watch?v=tB2sAZQu8v0. VAMOS COLOCAR OS BLOCOS NAS RUAS! VAMOS OCUPAR NOSSOS ESPAÇOS. Agora estamos dependentes de GOLPISTAS, todos envolvidos em crimes e ENTREGANDO NOSSA SOBERANIA E DIGNIDADE. A pátria tem de ficar livre de golpistas e traidores. BRASILEIROS LEVANTAI-VOS. FORA TEMER. FORA CONGRESSO DE TRAIDORES.

  • Agora, Brito, deixa eu desabafar mais um pouco. Direciono este comentários aos PATETAS ESTATIZADOS DO TEMER. Eu os chamo assim porque esses PATETAS ESTATIZADOS DO TEMER diuturnamente te chamavam de estatizado e previam o fim do Tijolaço com o afastamento da Dilma. Esses PATETAS ESTATIZADOS DO TEMER sempre agem com má-fé, medindo os outros pela sua própria régua. Eu pergunto aos PATETAS ESTATIZADOS DO TEMER: vocês leram o texto do Rezende? Se leram, viram o que é ser mesquinho, idiota e vil? Ainda pergunto: quem é o estatizado, PATETAS ESTATIZADOS DO TEMER?

  • Texto sereno e direto, não há como negar a competência de Sidney Rezende. Infelizmente, o governo interino não tem capacidade de entender, muito menos os irmãos mais ricos do Brasil, com doença crônica provocada pela ganância do vil metal.

  • Esse governo não tem te nenhum tipo de capacidade. Pensar não é forte deles, destruir e roubar sim. Eugênio Alati, você é um cego funcional, aquele tipo de cego que não quer ver. Continue assim, com certeza esse governo lhe dará o troco. Somente eles tem a ganhar, nos todos perderemos.

  • Sidnei Rezende, bem vindo ao bom combate, da honestidade, da ética, da honra, da dignidade, que são palavras vazias para a chamada grande imprensa brasileira nos dias de hoje.

    Haveremos, jornalistas, cidadãos comuns e a maioria do povo superarmos essa quadra vergonhosa pela qual passa nosso grande e belo país, mas somos brasileiros e não desistimos nunca.

    Parabéns pela sua coragem e integridade, estamos todos juntos nessa luta, para recuperar o orgulho de ser brasileiros e de nossa pátria, que muitos querem vender na bacia das almas para o grande capital internacional.

  • É bom saber de gente de sua estirpe, Rezende.
    É bom saber que você existe. É bom saber que é possível, mesmo quando no interior de uma organização corrupta, manter-se íntegro, a executar um trabalho digno. E bom saber que seus filhos terão um orgulho sadio e limpo associado ao pai que os criou. E bom saber que existe gente merecedora de cada centavo que o trabalho honesto possibilitou. É bom saber que nesse país existe gente que pode ser exemplo para aqueles que vêm vindo com uma inocente esperança entre as mãos...

    Vida longa, Rezende!

  • Sobre a perseguição aos blogs com suspensão de publicidade federal, devemos ver o seguinte: Na eventualidade de Dilma retornar ao Planalto, não há mais qualquer razão para que o governo venha a sustentar de publicidade a imprensa empresarial golpista, com Globo à frente.

  • Ótimo texto, muito bem escrito e claro, mas anódino.

    Sidney defendeu sua empresa e valores morais. Contudo, num país esgarçado por uma elite criminosa e que até ontem ele serviu cordialmente, esses valores morais, embora válidos e necessários, pulverizam-se.

    Num país como a Suécia ou a Noruega é interessante ser "neutro", mas no Brasil, onde milhões vivem as voltas com a miséria, isso é um crime.

    O texto de Sidney me soou a leitura de um manual de boas práticas, onde ele cumpriu tudo rigorosamente.

    Porém, como disse acima, estamos no Brasil e é imperativo tomar o lado do povo.

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