Só os turistas vêem o sucesso da Copa?

A pesquisa Datafolha feita com dois mil dos quase 850 mil turistas estrangeiros que vieram ao Brasil para a Copa do Mundo é, talvez, a mais imparcial avaliação da qualidade que nosso país proporcionou ao evento.

Afinal, por serem estrangeiros, certamente estão muito mais livres das paixões e ódios políticos que, dentro do país, contaminam, para o bem e para o mal, as análises do que se passou aqui, durante um mês.

Isso, é claro, não livra o jornal – e os demais veículos, ao reproduzirem os números – de omitir o papel do Governo brasileiro na ótima avaliação que o evento teve.

Aliás, com destaque para o Jornal Nacional, que abriu microfone para o ínclito demista Agripino Maia, o homem do rabo de palha, dizer, com a maior cara-dura, que o sucesso da Copa deve-se, além da hospitalidade do povo brasileiro, aos estádios e aeroportos feitos pela inciativa privada.

Inciativa privada, senador?

Mas não eram as obras feitas pelo Governo, que investia em estádios e aeroportos em lugar de escolas e hospitais?

Agripino é apenas o retrato mal-acabado da penúria de caráter do stablishment brasileiro. Não provocaria estrago algum se fosse tratado como o que realmente é, um sobrevivente das oligarquias nordestinas e não, como faz o nossa mídia, como um pro-homem da república.

Não é preciso explicar os números da pesquisa, que reproduzo acima e ao lado.

Curiosamente, o item mais mal avaliado é o que dependeu, essencialmente, da iniciativa privada: as comunicações, controladas por em presas que acharam melhor investir em anúncios do que em redes mais potentes de telefonia e dados.

O quadro geral, entretanto, é inquestionavelmente bem sucedido.

Basta que se o compare às previsões que os nossos sábios “especialistas” na imprensa e fora dela, faziam do que iria acontecer.

Vivemos sempre sob a ameaça de uma catástrofe e isso cobra do país um preço imenso, porque é não apenas fazer diferente do que se prevê, mas conseguir fazê-lo contra o estado de ânimos e as expectativas que os meios de comunicação incutem no país.

Um detalhe na pesquisa chama a atenção: a metade dos nossos visitantes veio para cá apesar do noticiário negativo que se martelou sobre o Brasil no pré-Copa.

Falso, como a imensa maioria, depois, iria perceber.

Assim como a impressão que se lhes vendeu de um povo ardiloso, vigarista, num país onde a desonestidade era a regra, a partir, é claro, de seu governo “superfaturador” e que não tem políticas, mas improvisos.

Enfim, de um Brasil que, como na frase célebre atribuída a De Gaulle e martelada aqui durante décadas, não era um “país sério”.

Ficou evidente que somos e isso sem nos tornarmos frios e avessos ao convívio como é tão comum para nós – e certamente é para parte de nossos visitantes – encontrar no mundo desenvolvido, rico e pretensioso.

Não obstante o que se provou, é possível imaginar o que fez essa propaganda negativa, superalimentada pela imprensa brasileira e pelo “coxismo” nacional – com a ajuda de um “blackbloquismo” infantilóide, que faz do tumulto urbano e da cumplicidade da mídia ao exacerbar suas peripécias sua “tática” imbecil.

Dá para imaginar o quanto, em volume de pessoas  isso nos tirou em matéria de turismo – e justamente aquele de maior poder aquisitivo, sem o despojamento apaixonado do torcedor fanático.

A Copa, se nos trouxe um desastre esportivo, foi um sucesso como evento e como negócio para o Brasil.

Ninguém pense que haverá um “mea-culpa” de nossa mídia.

A realidade, para ela, é um mero detalhe a ser contornado, como para o lobo, se não foi o cordeiro, foi seu pai ou seu avô.

 

 

 

Fernando Brito:

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  • Só o turisma vêem o sucesso da Copa porque eles não assistem à Globo, por isso... Não são manipulados.

  • A boneca, tia velha agripino maia e' um mentiroso canalha e covarde tem que ser atacado no senado e' la que temos que chamar pra debate e arrasar com este senvergonha.

  • Segundo o "imparcial" Fausto Silva, o sucesso da Copa se deve ao povo que soube acolher os estrangeiros. Como se só isso importasse para os turistas. É um Zé ruela mesmo!

  • Fernando.Quanto a Globo fatura com as inserções de propagandas! Qual o percentual desse bolo recebido pelas organizações Globo no preço final de carros,alimentos,eletrodomésticos etc.Acredito que seja muito...

    • Um carro é embutido no preço 18% gastos em publicidade.

  • Com certeza fizeram essa pesquisa acreditando que os turistas lascariam o bambu no Brasil. Mais uma vez quebraram a cara e como já era de conhecimento,a tal pesquisa teve que ser divulgada a contra gosto.Mesmo assim acredito que manipularam esses números porque isso está no DNA desses crápulas do PIG.

  • De fato salvou a pátria. Enquanto a elite branca nacional não deixou ingresso para pobre comprar, o pobres de outros países vieram para não lavar a alma do pobre nacional

  • Fernando, parte desta Copa acompanhei no exterior. Quando me perguntavam de onde eu era, e dizia que era brasileira, comentários sobre a Copa eram inevitáveis. Foram comentários em tom de brincadeiras - como “O que você está fazendo aqui com a Copa lá”, “Eu daria tudo para estar lá e você aqui” - e presentes - como a bandeira belga que ganhei do rapaz que decorava a praça em frente a prefeitura de Antuérpia, para o jogo da Bélgica contra os USA; a caneta do comerciante holandês, na lojinha de Amsterdam, depois da vitória da Holanda sobre o México; o postal do Hulk na loja do Zenit, em São Petersburgo.

    Um dos comentários resume o que ouvi em tantos outros. Um rapaz, em Estocolmo, me disse que lamentaram muito a Suécia não estar nesta Copa no Brasil, mas que ele e uns amigos vieram mesmo assim e se surpreenderam. Eles achavam que os brasileiros não queriam Copa, que ia ser muito difícil viajar pelo país e ir aos estádios, mas que foi tudo diferente. Foi muito melhor. Que eles agora querem outra Copa no Brasil, mas com a participação da Suécia, para que muito mais gente de seu país possa conhecer o Brasil, a comida brasileira (muito diferente em cada lugar que eles foram, segundo ele) e os brasileiros, também segundo ele, o povo mais alegre, hospitaleiro, prestativo e carismático do mundo. Quem sabe depois do Catar. Dá até tempo para montarmos e treinarmos uma seleção que possa chegar ao título. O resto está pronto :- )

    Ah! Também observei, na declaração de Agripino, como de repente os investimentos nos estádios e aeroportos deixaram de ser desperdício de dinheiro público e se tornaram obras da iniciativa privada.

    • O México teve duas Copas com 16 anos de intervalo. Então, tudo é possível. Engraçado vai ser ver o surgimento de um abaixo-assinado mundial para uma nova Copa no Brasil!

  • #NAOVAITERGLOBO #NAOVAITERBRASILEIRAO. Estou propondo que não assistamos mais o campeonato brasileiro de futebol ENQUANTO HOUVER CBF!!!!

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