Embora devam ser vistas com cautelas, alguns dados de pesquisas eleitorais mostram clara mente que é a rejeição, mais que as propostas, que determinarão as últimas decisões de voto do eleitor.
Bolsonaro usa e abusa deste diagnóstico e sua campanha passou a ser apenas uma insufladora de preconceitos e medo em relação a Lula. Tudo o que oferece são delírios sobre “comunismo”, perseguições religiosas, aborto e outras fantasmagorias que, se o processo de escolha estivesse reduzido ao racional, bastariam os oito anos de governo Lula para exorcizar. Infelizmente, a razão anda escassa, porém, no debate público.
Fora isso, será a repetição constante do mote da corrupção, que não é possível ignorar e que tem de ser combatido com a evidente degradação das práticas do orçamento secreto.
O Poderdata, pesquisa telefônica automatizada (em relação às quais tenho lá minhas restrições quanto à capacidade de captar a opinião dos muito pobres e muito pouco instruídos) mostra hoje o que chama de “potencial de voto”, ou seja, quantos admitem votar em Lula em cada região do país e o resultado é muito positivo para o ex-presidente.
Sua margem de ganho de votos é sensivelmente maior que a de Bolsonaro (10% a 6%), o que representaria uma capacidade de obter, entre os eleitores não-firmes, até 15,8 milhões de votos, contra 8,8 milhões, no limite das possibilidades, para Bolsonaro.
Por isso, a campanha de Lula no rádio e TV, que começa hoje, terá de focar nos problemas concretos da população e na esperança de resolve-los, sem deixar, claro, de ceder algum tempo às respostas aos ataques de Bolsonaro.