Nervoso, ao ponto de enrolar-se na leitura, Luiz Fux fez um pronunciamento que, diante da tibieza dos outros, pode ser considerado forte.
Sobretudo, por dois momentos.
O primeiro, quando ele diz que há crime de responsabilidade do presidente da República no que proclamou ontem, ao dizer que não reconhece decisões judiciais se elas partirem de Alexandre de Moraes e, antes, quando disse – claramente, ainda que sem nominar – que o chefe do Judiciário deveria “enquadrar” o ministro.
É, e o disse Fux, um crime de responsabilidade, previsto na Constituição (art.85) e na Lei de Crimes de Responsabilidade (Lei 1.079/50, art. 2° e 6°, incisos 5 e 6) e cabe ser processado por isso pela Câmara dos Deputados e julgado pelo Senado Federal.
O segundo ponto foi – inacreditável ter de destacar isso – dizer que o Supremo não será fechado.
Certamente não é para os lunáticos de cartazes e faixas com ameaças à Corte que Fux falou, mas porque identifica intenções poderosas nesta direção.
Mais importante é que a inusual firmeza de Fux é sinal de que, dentro da Corte, o clima de repúdio e resistência, é muito maior. Já é voz corrente que a maioria já decidiu recusar a “pedalada dos precatórios, que empurraria 60% dos pagamentos para o próximo governo, dando espaço a Bolsonaro para executar programas demagógicos.
Para além dos discursos formais, embora com menos dureza que a situação inspiraria, é nas decisões legislativas e judiciais que a reação às ameaças presidenciais.
Do que resulta que, como demonstra a provável devolução da MP da liberação das fakenews enviada por Bolsonaro ao Congresso, em cada vez menos iniciativa a Bolsonaro.
A não ser as colunas ridículas de caminhões de empresas roncando.
Que vão, como se sabe, a lugar nenhum.
Como não vão a lugar nenhum as paralisações provocadas pelo lockout ordenado por donos de frotas e distribuidores de alimentos, que estão parando estradas por todo o país.
A escalada de preços, com tudo e agora com isso, só empurram para baixo o presidente.
Bolsonaro está aparentemente quieto, mas comanda pessoalmente o bloqueio das rodovias.