Jair Bolsonaro não tem idade para ser chamado de criança birrenta.
Seu silêncio não é uma teima, mas uma expectativa sobre algo que, ao menos na sua mente turva e torpe, possa vir a abrir uma brecha para que fuja de uma situação da qual não há escape possível, senão o de admitir a derrota, ainda que sem conceder civilizadas condições para que aqueles a quem considera “inimigos” comecem a fazer a transição para assumir o governo brasileiro.
Nada de espantar quando alguém considera que o cargo é seu em caráter pessoal e que, repetidas vezes, já brado que só Deus o tiraria de lá.
O Brasil, seu povo, suas instituições e os governos de toda a parte do mundo já reconheceram que Lula é o presidente eleito legitimamente.
Mesmo que dispusesse de meios para dar um golpe que o negasse, não há sequer um miligrama de condições políticas para isso.
Diz-se que os ministros lhe prepararam um discurso e que é ainda incerto que o faça. Talvez espere um avanço das barricadas rodoviárias que se armam nas estradas, na sua versão caminhoneira do Capitólio. Não acontecerá, mesmo com a formidável omissão das forças de segurança.
O fato é que Bolsonaro não tem apoio nem mesmo no campo político da direita e o mais provável é que faça um pronunciamento com muitos resmungos e algumas bravatas, prometendo reação judicial impossível.
Menos de 24 horas depois do fim das eleições, está menor do que saiu delas.
Está perdendo a parte de seu eleitorado que não o percebia como um algoz da democracia e, mesmo nisso, um megalômano fracassado.
O Já ir Embora é uma realidade, queira ele ou não.
Mas o país não pode sofrer com a manutenção de um presidente que o mantém em suspenso, até que se convença disso.