“Swift “e “panzerfaust”

Anuncia-se como avassaladora para a Rússia a decisão de excluir o país do sistema Swift de pagamentos e transações financeiras internacionais que, numa simplificação rude, é uma espécie de Pix, Doc e Ted mundiais, operando ordens de pagamento entre instituições bancárias de todo o planeta.

O dinheiro, afinal, é a arma mais persuasiva do globo.

Outras armas são mandadas à Ucrânia para, alegadamente, alimentar a resistência e enfrentar a imensa superioridade numérica do Exército Russo: lançadores de foguetes e granadas pessoais, para que os civis e soldados de infantaria possam enfrentar os tanques T-90, de 48 toneladas, cabeças das colunas blindadas de Vladimir Putin.

Lançadores de granadas são armas baratas e são produzidas aos milhões, desde seu precursor, o Panzerfaust alemão, fabricado aos milhões desde 1942 e entregue aos civis das Volksturm no desespero da vitória anunciada dos aliados que, embora destruíssem muitos blindados, tiveram como efeito colateral o fogo de metralhadora que “varria”, por isso, qualquer grupo de pessoas onde os tanques podiam supor haver um deles.

Faust, em alemão, é punho e é literalmente isso que o Ocidente está propondo aos ucranianos, que deem socos nos tanques russos. Já swift quer dizer “rápido” é é isso que argumentam que acontecerá com o corte dos pagamentos: um recuo rápido da Rússia para que não percam a oportunidade de receber o que venderam e que venderiam, sobretudo gás e petróleo.

Não é preciso ser um grande estrategista para entender que ambas as atitudes só levam à escalada da crise.

De um lado, pode mudar a forma que os russos estão agindo na Ucrânia, com a limitação de seus meios de ataque ao uso de armas convencionais, sem o emprego de mísseis e foguetes de alta potência de que dispõem, capazes de causar nados em larga escala e de atingir instalações civis de forma indiscriminada.

Não vimos cenas tipo “Bagdá” e nem queremos, pelo amor de Deus, vê-las. E só uma estratégia suicida de enfrentamento levará – tomara que não – a isso.

Do outro, deixam a Putin uma justificativa “comercial” para suspender o fornecimento de gás à Europa: se não vão pagar, com o bloqueio do Swift, porque entregar? Aliás, nem precisa cortar o fornecimento, basta que explodam trechos do gasodutos que cortas a Ucrânia, responsáveis por 30% seu fornecimento aos europeus, e um deles já está em chamas esta noite, em Karviv, próximo a Kiev.

É inverno e os europeus precisam do gás russo para se aquecerem.

Uma blitzkrieg russa sobre Kiev está inteiramente descartada, não é esta a cultura bélica russa, porque, passando por Napoleão e e Hitler, ela sempre joga devagar. Os avanços desta madrugada de sábado para domingo serão serão visíveis no sudoeste ucraniano, para obter controle quase total do Mar de Azov, junto a Crimeia, onde pretendem fazer ganhos territoriais permanentes.

Kiev é um objetivo diplomático, não militar, porque não é permanente e é uma peça para negociar.

E a recusa em fazer diplomacia só desemboca em tragédia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fernando Brito:
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