Também aqui, temos um massacre em marcha na mídia.

Poucas palavras, em inglês, são tão apropriadas para descrever situações como “fired”.

Demitido.

Porque, sobretudo a partir de certa idade e maiores responsabilidades, ficar sem emprego é ser atingido violentamente e ficar gravemente ferido em sua sobrevivência, equilíbrio e, por vezes, em sua própria dignidade.

No final do ano passado, começou uma onda de demissões nos jornais que dificilmente irá parar.

Ontem, foi em O Globo, como já havia sido na Folha, na RBS, no Estado de Minas (que, aliás, como a Abril, está vendendo seu prédio).

No jornal carioca, a navalha passou impiedosamente sobre gente que dedicou sua vida à empresa, como a editora de Rio, Angelina Nunes, e o boa-praça Agostinho Vieira e Arthur Xexéo, além de Fernanda da Escóssia, editora de política, que havia sido posta “na geladeira” durante a campanha presidencial, certamente por “baixo coeficiente de aecismo”.

Na hora de cortar, nem mesmo um programa de demissões incentivadas, nada.

Rua, já.

O “capitalismo moderno” que nossa mui digna imprensa prega, dentro de casa é assim: execução sumária.

Há, porém, um amargo traço de “modernidade” nas redações, hoje.

Em plena ditadura, demissões assim provocavam revolta nas redações e não era fácil fazer, como dizemos no meio, estes “passaralhos”, nome que dispensa explicações.

Agora é simples assim, e temos uma categoria amedrontada e sem argumentos para defender-se, porque os nomes de maior destaque no meio tornaram-se selvagemente patronais.

Não temos nem mesmo o constrangimento pesoal de um diretor de redação ter de dizer a um velho companheiro que “seus serviços não são mais necessários”.

Vai por mensagem interna, no terminal, ou por e-mail.

Assassinatos coletivos e  a sangue frio.

Fernando Brito:

View Comments (36)

  • "Assassinatos coletivos e a sangue frio."
    É impressionante a desfaçatez desta classe de supra-humanos.
    Se caluniam, mentem etc. não podem ser processados... são livres.
    Se são demitidos não pode, "dedicaram suas vidas à empresa", são estáveis... intocáveis.
    Sempre acima do bem e do mal.

    • Um amigo meu teve um ataque eplético uma unica vez, noo outro dia estava na rua.
      Todo ano, proximo a acordos sindicais e de salario, o "facão ou Jacaré", passavam na fabrica, nos deixando com as mãos atadas.
      Hoje há um projeto do governo DILMA que tira direitos, nos expondo ainda mais.
      Fui mandado embora, pois meu salário era "alto"..
      Assim eles mantem um nivel salarial desejado..
      Não se importam se você faz parte da grande "familia", ahahahahah.
      Meu genro que é jornalista tambem foi mandado embora com mais seis jornalistas
      lá em Itajai.

    • Assassinato é sempre brutal, seja a sangue frio ou no calor das paixões.
      Concordo com você em relação a parte ( maior ) da imprensa, mentem, caluniam, fantasiam, criam fatos e estórias, depredam, apedrejam e ferem mas são intocáveis sabe-se lá por que raios.

      Mas o facão do capital vale para todos e sobretudo para aqueles que o servem de maneira tão leal ainda que em detrimento próprio como estes "jornalistas".

      Exemplo é a comoção que causou o atentado hediondo em Paris, mas até que ponto a imprensa pode ofender de modo impune uma cultura como fazia e parece , continuara a fazer a revista francesa contra o islã ?

      E se for fundada uma revista que ridicularize os judeus ? Como se comportará o mundo ocidental "civilizado" ?

      É verdade amigo, eles se julgam acima do bem e do mal !

  • Não lamento que essas pessoas da redação de O Globo tenham sido postas na rua.
    Enquanto puderam fizeram o jogo sujo do patrão recebendo uns trocados que chamavam de salário, mas que servia para comprar suas consciências.

  • MAS A GRANDE VÍTIMA DOS QUE SAEM E DOS QUE FICAM SEGUE A MESMA: O POVO, QUE FICA EM PERENE ESTADO DE MÁ INFORMAÇÃO. E ISSO OCORRE PORQUE O GOVERNO NÃO SE COMUNICA MAIS DIRETAMENTE COM O POVO…

    PELO FIM DOS ATRAVESSADORES DA NOTÍCIA. INFORMAÇÃO INDEPENDENTE! O Governo precisa substituir os “atravessadores da informação”, ou seja, a mídia tradicional, como canal para informar o povo. Fortalecer a internet, investir nos jornais e boletins de classe, jornais de igrejas, associações, etc. Enfim, pulverizar os meios de se dirigir ao Brasil. O texto abaixo reflete sobre o tema. Recomendo a leitura!

    http://reino-de-clio.com.br/Pensando%20BR2.html

    PELO FIM DA LIBERTINAGEM DE IMPRENSA. LEI DE IMPRENSA JÁ!
    A reforma mais urgente para o Brasil é a reforma dos meios de comunicação. A versão tupiniquim da Ley de Medios dos hermanos argentinos. Como deve ser essa reforma? Em nossa opinião, deve ser radical. Desconcentrar a posse da mídia, realizar concorrências públicas para concessão, exigir conteúdo local ou regional em 60% da grade, garantir o imediato direito de resposta, punir rigorosamente as falsas reportagens e acusações, etc. E você? O que acha? Nossa reflexão sobre o tema está no texto do link abaixo:

    http://reino-de-clio.com.br/Pensando%20BR7.html

  • Por isso é urgente a regulamentação da Mídia principalmente nas verbas publicitarias distribuída pelo governo (dinheiro público) de forma a financiar uma maior pluralidade de meios de comunicação que deem guarida a uma ampla gama de pessoas que atuam nessas áreas. Não Há sindicado da área artística no Brasil? Tudo se concentra nas mão de seis família midiáticas, isso é representa um enorme atraso é pior que o latifundio nordestino e deve ser modificado rapidamente.

  • Sem falar na forma de contratação adotada para os grandes salários, PJ... O patrão pode te dar um pé na bunda a qualquer momento e no dia seguinte você já não tem direito a mais nada, não tem verba recisória, FGTS, seguro-desemprego, apenas uma empresa inativa pra te dar mais dor de cabeça ainda com o governo.

    Mas mesmo assim tem coxinha que acha "chic" esse tipo de contratação, que quem não aceita trabalhar PJ é acomodado, que acha que esse tipo de coisa é natural do "livre mercado", da "livre concorrência", diz que é "o futuro", e muitos puxa-sacos de patrão lá do Globo devem pensar isso.

    Deveriam pensar também que eles podem ser os próximos...

  • É. O PiG (patriótica imprensa gloriosa) fez um enxame danado com as demissões da GM e Volks, tentando jogar os trabalhadores contra o governo!

    Porque é que não dão a mesma cobertura pras suas demissões?

  • Precisamos da lei de mídia para que esses profissionais tenham a opção de escolher entre continuar trabalhando com o patrão ou seguir suas ideologias, seu coração, em outro lugar, sem medo da sobrevivência neste mundo cão; pois acredito que dentro destas redações e até das televisões, existe gente desanimada, assustada e que não se expressa por medo de ficar sem emprego e não ter como alimentar a família.

    • Agora é a hora desses demitidos reavaliarem seus valores e projetos de vida. Estão mesmo pra quê no mundo da informação? Comunicação é caso de saúde pública. Lutem pela regulamentação da mídia e salvem criem seus empregos.

  • O que estamos assistindo, na verdade, é o fim de um modelo de negócio provocado pela Internet. Não haverá mais jornalões no mundo, apenas mini-jornais ou blogs como este, pulverizando o noticiário e conferindo pluralidade de ideias aos seus consumidores. Claro que, militar na oposição, que é elitista e contra o trabalhador, ajuda a acelerar a derrocada, porque a maioria do nosso povo já sabe quais partidos e políticos valorizam o emprego e a renda e quais querem apenas governar para os financistas.

  • Bem feito para os jornalistas do PIG. Não tenho nenhuma solidariedade com eles. Quando foi para arriar as calças, arriaram; agora paguem por sua falta de caráter e honestidade. Caráter e honestidade sim, pois ser conivente com essas mentiras e falta de informação para detonar um governo democrático leva estes adjetivos. Bem feito.

  • Nuca me alegro com demissões, mas cabe refletir que esses profissionais passaram os últimos 40 anos vendo demissões em massa em todas as categorias, arrocho de salários, perda de direitos, e nunca disseram nada.

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