Nenhum dos movimentos pós-1° turno foi mais importante do que a declaração de apoio de Simone Tebet a Lula, feita ontem com um texto em que a senadora foi extremamente hábil em reduzir as críticas ao candidato petista à questão do “voto útil” e de apresentar propostas de compromissos sem, contudo, colocá-las como moeda de troca de sua adesão à campanha, aliás prometida.
Focou na questão democrática, à qual disse que Bolsonaro “desconhece” e com isso deu superioridade moral ao seu gesto.
Lula, embora não seja bobo de tratar as coisas antes de seu tempo – tanto que até “a foto” ficou para depois -certamente abriu o olho para o caminho político-administrativo que se abre para ela, à frente, inclusive nas complicadas e fragmentadas relações com o MDB.
A quem sobreviveu à guerra pelo lugar de candidata da “3ªvia” não se pode negar habilidade política para a missão.
Mas isso é depois.
Tebet, agora, será a personificação da mulher na campanha de Lula e muito me engano que a ela não for concedida autoridade nesta pauta, sobretudo nas questões de igualdade salarial, assistência à maternidade e educação. Tebet é um blindagem para que a campanha de Bolsonaro foque na questão do aborto para criar uma exploração emocional sórdida e abra espaço para situações piores que a de hoje.
Ela só não será protagonista da campanha se não quiser e, ao que deu para perceber de seus gestos ponderados, mas firmes, ela quer.
Quer e pode, porque, ao contrário do que aconteceu com Ciro Gomes, saiu da campanha maior do que entrou.