Temer está morto. Mas pode ser sepultado?

Michel Temer, como governante, saiu da UTI para o necrotério.

Há porém, dois impasses para seu sepultamento.

Um, a resistência do cadáver, que sabe que irá para uma tumba prisional, e rapidamente.

Outro, a substituição necessária e imediata, para a qual a linha sucessória (presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, seguido pelo presidente do Senado Federal, Eunício de Oliveira, seguido pela presidenta do Supremo Tribunal Federal, Cármem Lúcia) não oferece solução atraente.

A extrema-direita está dividida: estimular um golpe militar – de difícil sustentação nos dias de hoje – ou apostar no cada dia menos impossível triunfo de Jair Bolsonaro, um energúmeno bem ao gosto de sua estupidez.

Todas as razões apontariam para a soluçao deste impasse pela via das eleições, postas apenas quatro meses e dias adiante, mas as razões da burrice não são lógicas e este país acostumou-se a desejar a demagogia aventureira.

E, quanto o país de debate com os transtornos que lhe são empurrados, o que há como reação?

Os exercícios patéticos de atirmética orçamentária do ministro da Fazenda, Eduardo La Guardia, nada mais.

De maneira que estamos sujeitos ao risco cada vez maior de uma ruptura autoritária e, olhando a história, percebe-se que o caos, na grande maioria das vezes, é de direita.

Embora digam que é destas coisas que ninguém vê, o enterro de um anão, na política, acontece, pode ser rápido e, no quadro que temos hoje, sem que não se verta uma lágrima.

E levar junto uma eleição que já anda mortalmente pálida.

 

 

 

Fernando Brito:

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