Temer, agora com pressa, chorou por Primo e Angorá na carta-traição

Michel Temer – não como cidadão, mas com Presidente da República – pediu ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que sejam “o quanto antes finalizadas” as delações da Odebrecht.

Juridicamente, o pedido é evidentemente absurdo, porque não se pode coagir ou sequer sugerir o ritmo em que o Ministério Público deve desenvolver uma ação que é de sua competência exclusiva. Ainda mais em se tratando de algo complexo, já que se tratam 77 delatores aos quais não bastará falar, mas juntar documentos e outras provas de que as coisas se passaram tal como eles disserem.

Politicamente, é velhaco, porque é uma tentativa de fazer o velho “estanca logo esta sangria”, num processo que não pode deixar de ser investigado em minúcias e, ao que parece, envolverá mais de 200 acusados.

Como já se disse antes, Michel Temer se complica a cada movimento que faz.

E nos movimentos que deixa de fazer, porque até entre seus aliados há quem o cobre do afastamento dos acusados.

Já foi assim no caso de Geddel Vieira Lima, que só foi para a rua quando a Globo, em editorial, exigiu.

Agora, tenta argumentar que o vazamento do conteúdo das delações “atrapalha a economia“, atitude que jamais tomou quando os depoimentos violavam a presunção de inocência daqueles que queria derrubar.

O que atrapalha não é o vazamento, é o conteúdo das delações, que o colocam como chefe de um PMDB aquadrilhado. A ele e a seus indemissíveis auxiliares Eliseu Padilha e Moreira Franco.  Aos dois, inclusive, sempre exigiu posições.

Tanto que retiro esta preciosidade da carta que ele enviou a Dilma, em 2015, e fez vazar na imprensa:

A senhora, no segundo mandato, à última hora, não renovou o Ministério da Aviação Civil onde o Moreira Franco fez  belíssimo trabalho elogiado durante a Copa do Mundo. Sabia que ele era uma indicação minha. Quis, portanto, desvalorizar-me. Cheguei a registrar este fato no dia seguinte, ao telefone.
No episódio Eliseu Padilha, mais recente, ele deixou o Ministério em razão de muitas “desfeitas”, culminando com o que o governo fez a ele, Ministro, retirando sem nenhum aviso prévio, nome com perfil técnico que ele, Ministro da área, indicara para a ANAC.
Alardeou-se a) que fora retaliação a mim; b) que ele saiu porque faz parte de uma suposta “conspiração”.

Está-se a ver porque Dilma tirou os dois pilantras do governo e porque Temer fez disso “cavalo de  batalha”.

Angorá e Primo  eram os homens do MT.

Pois é, não é, Temer: Verba volant, scripta manent.

Fernando Brito:

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  • A avacalhação é total! Ainda chegaremos ao fundo do poço?

  • O simples fato do Brasil estar gastando tanto tempo e energia com um lixo como esse usurpador, já dá uma idéia do buraco em que caímos. Às vezes fico lembrando daquelas figuras deploráveis nas manifestações da Paulista e tenho de admitir que eles e Temer têm tudo a ver. Fotos como a daquela família vestida de canarinho, com a empregada empurrando o carrinho de bebê, ficarão para a história de um país que ainda tem um pé no século XIX, e por isto está passando por este drama.

  • Na resposta a Marco Aurélio do STF, o chefe da Cânara dos Deputados Botafogo, mais conhecido como Não Procrie!, é cheio de dedos pra tratar do impichim do presidente traíra MT. Não pensou em elevado ônus institucional para arrancar na marra a presidenta legitimamente eleita e sem crime de responsabilidade. Mas vamos lá: alternadamente ou o mais brevemente, fora Temer!

    ""Levando em conta o elevado ônus institucional acarretado pela instauração de procedimento destinado a autorizar a abertura de processo de impeachment em desfavor do presidente da República, e considerando que a medida liminar deferida já completa oito meses de vigência, esta presidência solicita o apoio de Vossa Excelência para, em havendo possibilidade, levar a matéria a julgamento do plenário desse E. Tribunal até o encerramento deste ano judiciário ou, alternadamente, o mais brevemente possível"

  • FB

    Também isso aqui reportado pelo Estadão em janeiro desse ano:

    Grupo doador de campanha de Temer recebe benefício de aliado em porto

    Conglomerado de logística que tem dívida milionária com o governo e foi o único beneficiário de brecha incluída na nova legislação do setor contribuiu com R$ 1 milhão para campanha do vice e teve contrato renovado por ex-ministro do PMDB

    Graças a uma emenda parlamentar incluída pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na nova Lei de Portos, um dos principais doadores de campanha do vice-presidente Michel Temer em 2014 obteve uma vantagem inédita para administrar uma área do Porto de Santos, em São Paulo.

    O Grupo Libra, conglomerado de logística que tem dívida milionária com o governo federal, foi o único beneficiário dessa brecha incluída na nova legislação, que permitiu a empresas em dívida com a União renovarem contratos de concessão de terminais portuários.

    A renovação nos novos termos foi garantida por um outro aliado de Temer, o deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), em seus últimos dias no comando da Secretaria Especial de Portos (SEP). A retirada do parlamentar do comando da pasta foi um dos motivos de desavença listados por Temer em carta cheia de queixas enviada à presidente Dilma Rousseff em dezembro.

    Mesmo sendo candidato a vice, Temer criou em 2014 uma pessoa jurídica para receber doações eleitorais e repassá-las a candidatos a outros cargos públicos, como deputados estaduais e federais. Sua conta recebeu R$ 1 milhão de dois dos sócios do Grupo Libra, arrendatário de uma área de 100 mil m² no Porto de Santos há mais de 20 anos.

    O valor doado foi dividido igualmente em nome de Ana Carolina Borges Torrealba e Rodrigo Borges Torrealba, ambos herdeiros da companhia. A empresa foi fundada há mais de meio século para investir em navegação, mas, desde os anos 1990, mudou seu foco para a exploração de terminais portuários.

    O contrato foi assinado em 1998, quando o grupo ganhou uma concorrência aberta pela empresa federal Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) para operar uma das áreas de mais fácil acesso rodoviário do terminal. A proposta do Libra era irrecusável: ofereceu pagar dez vezes mais pela área do que o aluguel previsto no preço de referência. Por causa do alto valor, a segunda colocada na disputa entrou com recurso para anular a concorrência, afirmando que a proposta da Libra era inexequível, mas a alegação não foi aceita pela Codesp e o contrato foi assinado.

    Entretanto, poucos meses depois, a vencedora passou a contestar as faturas de cobrança alegando que recebeu área menor que o prometido, que havia concorrência não prevista e que não haviam sido feitas as obras necessárias para obtenção da produtividade esperada. Começou aí uma longa batalha judicial entre governo e Libra que se arrastou por mais de uma década, e o valor integral previsto na licitação jamais foi pago pelo grupo. A dívida acumulada até 2008, segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários, era de R$ 544 milhões – o que representa quase R$ 850 milhões em valores atuais.

    Emenda. A situação só foi mudar quando, em 2013, a gestão Dilma enviou ao Congresso uma medida provisória que previa novas regras para a gestão de portos no País. Uma das principais novidades era a possibilidade de se renovar contratos de concessão de terminais em troca da promessa de novos investimentos.

    O texto original da medida provisória, porém, vedava esse benefício a empresas inadimplentes. Mas, durante o processo de aprovação na Câmara, uma emenda apresentada por Cunha – e depois regulamentada pela presidente – permitiu a adesão de devedoras caso elas aceitassem decidir sobre a dívida antiga em um processo de arbitragem, em vez de na Justiça comum.

    Com base nessa emenda, a adesão à arbitragem foi publicada no Diário Oficial no dia 3 de setembro. Por meio desse ato, o governo extinguia todas as ações na Justiça contra o Grupo Libra e as duas partes concordaram em aceitar a decisão de um árbitro eleito por acordo comum, que tem prazo de quatro anos para decidir quem deve quanto a quem.

    Nesse mesmo dia, foi publicada a renovação do contrato por mais 20 anos em condições excepcionais para o Libra, que teria de pagar um aluguel ainda menor do que o negociado em 1998. Em contrapartida, a empresa se comprometeu a investir R$ 750 milhões.

    Esse foi o único caso em que a exceção sugerida por Eduardo Cunha foi usada em todas as seis renovações de contrato em terminais portuários feitas após a lei.

    Aliados. Nos dois períodos em questão, os responsáveis pelas decisões eram aliados de Temer e ambos foram citados pelo próprio vice-presidente como seus indicados em reclamações na carta recente escrita para Dilma. Em 1998, quando a Codesp era vinculada ao Ministério dos Transportes, o chefe da pasta era o ex-deputado Eliseu Padilha. O ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso voltou à Esplanada dos Ministérios na gestão Dilma no comando da Aviação Civil, posto do qual se demitiu recentemente por causa de “desfeitas” da presidente, segundo afirmou Temer na carta.

    Já a renovação do contrato se deu na gestão de Edinho Araújo na Secretaria de Portos, cujo desligamento do cargo no começo de outubro foi usado por Temer como exemplo da “falta de preocupação” da presidente em “eliminar do governo” um ministro a ele “ligado”.

  • Temer e sua equipe são as escórias do Brasil, após as delações da Odebrech esse governo acabou nem o Moro pode dizer que não vem ao caso.
    Esse Moro como juiz é uma piada, hoje mais uma vez se associou a promotoria, quando essa tenta induzir a testemunha a incriminar a família do Lula, diante da reação da defesa, Moro manda que se cale. E diz que a defesa deve respeito ao juiz. A defesa diz que Moro é um juiz que não se dá ao respeito.
    O Brasil com Moro, Temer, stf bananeiro, Mídia e parlamento de ladrões nos mandou para um impasse institucional, no qual os crápulas assaltaram o poder.
    http://www.esmaelmorais.com.br/2016/12/sergio-moro-da-piti-com-advogado-de-lula-assista/

  • [Perdão pelo fora de pauta não tão fora de pauta assim!]

    Verdade 23 X 0 juizeco de certa zona agrícola do Brasil

    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    CRISTIANO MARTINS: TESTEMUNHAS DESTROEM A ACUSAÇÃO DO TRIPLEX

    Em vídeo postado nas redes sociais, o advogado Cristiano Zanin Martins afirma que as quatro testemunhas que depuseram nesta segunda-feira em Curitiba, ligadas à OAS, negaram que o ex-presidente Lula seja ou tenha sido dono do apartamento no Guarujá (SP), que é objeto da ação penal conduzida pelo juiz Sergio Moro; até agora, das 23 testemunhas de acusação arroladas pelo Ministério Público, todas as 23 negaram que Lula tivesse a propriedade do imóvel; "As testemunhas, portanto, destroem a acusação e colocam esta ação no caminho da improcedência"; vídeo

    12/12/2106

    (...)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.brasil247.com/pt/247/parana247/270138/Cristiano-Martins-testemunhas-destroem-a-acusa%C3%A7%C3%A3o-do-triplex.htm

  • Temer faz jus ao título de mordomo de filme de terror. Os patrões são Mr. Mercado Financeiro e Mrs. Globo. As vítimas são os trabalhadores.
    Dilma idealizou o PAC-Programa de Aceleração do Crescimento e Temer finge tentar criar o PAD-Programa de Aceleração da Delação.
    É a velhaca tática do punguista, o batedor de carteiras, que afana e sai correndo e gritando ¨pega ladrão!¨.
    Tudo o que ele não quer é que esse processo seja acelerado para que possa dizer que a economia está comprometida pelas delações...

  • Estamos no fundo do poço. Mas, os golpistas continuam cavando. Então, esperemos por tanques nas ruas pois o PSDB, Moro e seus patrões estadunidenses não estão para brincadeiras. Estão em jogo a maior reserva petrolífera descoberta no mundo nos últimos 30 anos, a defenestração da única alternativa para um Brasil socialmente justo sob a democracia representativa e o rebaixamento definitivo de nosso país a fornecedor agrícola do "Império" estadunidense desmantelando os BRICS (única alternativa viável de poder mundial multipolar). Portanto, não tenhamos ilusões. Estudemos "clássicos" de estratégia militar e preparemo-nos para a luta que certamente virá.

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