Tendência da inflação “quase zerar”, apesar das manchetes alarmistas

A alta da inflação acumulada em 12 meses, que chegou  a 6,37%, contra  6,28% somados até o mês passado, com o resultado de 0,46%  do IPCA – divulgado agora de manhã – embora vá servir de tema para os comentaristas conservadores de economia, é uma pista totalmente falsa para quem quiser analisar o comportamento da economia e dos preços.

Má pista porque reflete muito pouco (com a queda de 0,2% em relação ao índice de abril) o que está acontecendo no último mês.

Um “esfriamento” intenso da atividade econômica.

Cuja velocidade pode ser vista, com muito mais evidência, no comportamento dos índices da Fundação Getúlio Vargas.

A diferença entre dois índices praticamente iguais, o IGP-M e o IGP-DI, divulgado hoje, é espantosa.

O IGP-M, que mede o comportamento dos preços entre os dias 21 do mês anterior  e 20 do mês de referência, foi de -0,13% em maio , contra 0,78% de abril. Com uma queda de 0,65% dos preços no atacado, a maior baixa desde a época dos efeitos da crise de 2008.

O IGP-DI, com preços coletados num intervalo de dez dias adiante (1° a 30 do mês de referência), marcou uma queda de nada menos de 0,45%, contra uma alta do mesmo valor no mês de abril. Com uma depreciação de 1,21% nos preços do atacado, quase o dobro do registrado dez dias antes.

É evidente que, como sempre acontece, seja mais lenta a transmissão dos movimentos de preço do atacado (especialmente quando são para baixo, quando é menor a reprecificação de estoques) para o varejo, ela chegará lá.

E já começa a influir na expectativa de inflação, nas medições feitas também pela FGV.

Em ambos os índices os números teriam sido muito menores – e adiante serão – porque registram,em 10% de sua composição, custos da construção civil, cuja mão de obra acusou alta significativa, o que não tem como se sustentar.

Há vários fatores econômicos sobre os quais isso se reflete, o mais importante deles a elevação dos juros reais sem a elevação das taxas nominais. E, com isso, o ingresso de capitais externos, com a consequente estabilidade da taxa de câmbio.

Que, por sua vez, acaba por refletir-se na composição de preços internos, nos produtos que embutem custos de importação e nos produtos que se regulam, em parte, pelo preço de exportação de matérias-primas primárias.

A política anticíclica que marcou o governo desde a crise de 2008 tirou, digamos, umas férias para que a ortodoxia cuidasse do processo inflacionário como prioridade.

É evidente que isso tem motivos e terá efeitos eleitorais e é neles que aposta o governo.

E é por isso que esse tipo de análise você não lê nos jornais.

Fernando Brito:

View Comments (4)

  • Após esse final de semana, é Copa e, quando o Brasil voltar, em julho, os índices anualizados estarão mais baixo com relação ao mesmo período do ano anterior e começará a temporada de contratações. O PiG está aproveitando os últimos dias desse ano sem Copa e sem Eleições. A 121 dias para as eleições, a coisa vai começar a virar, para melhor, para o governo.

  • Boa tarde,

    moçada para que se mede inflação se o Brasil quebra depois da copa? Para que eleição a presidente, sendo esse desejo insólito de Aécio a presidência se o Brasil quebra depois da copa? Alguém sabe responder? Esse caso Brasil, a caminho de águas turvas ou vivemos uma marolinha? kkkk...

  • O único problema é que a inflação pode estourar a meta em outubro e ou novembro servindo de arma para esta oposição sem nada à dizer ou propor para o futuro do Brasil, senão criticar.
    Não importará que os limites da meta inflacionária sejam válidos apenas para o ano (doze meses terminado em dezembro).

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