Todos nascem livres e iguais. Na Finlândia

Interessantíssima a matéria publicada esta semana pela BBC sobre o kit maternidade distribuído na Finlândia. O país tem um dos 20 melhores índices de desenvolvimento humano do mundo e é o melhor em educação, que é quase toda pública.

Mas a grande maioria dos bebês recém-nascidos dorme em caixas de papelão, como esta da foto.

A caixa é onde vem os artigos do “kit-maternidade” que todas as mães recebem do Governo, gratuitamente.

Na década de 1930, quando a Finlândia era muito pobre, começou a distribuição das caixas para famílias de baixa renda. Mas, em 1949, a prática passou para todas as mães. Independente de classe social.

Hoje, a caixa – que contém  macacões, um saco de dormir, roupas de inverno, produtos de banho para o bebê, assim como fraldas, roupas de cama, um pequeno colchão e até brinquedos – é de recebimento opcional, e pode ser trocada por uma ajuda financeira de R$ 390. Mas 95% das mães preferem a caixa.

A mortalidade infantil, que era, antes da caixa, de 65 por mil crianças, hoje é de 2,9 por mil, segundo o Banco Mundial.

Além de conter todo o essencial para os primeiros dias para o bebê, a caixa mudou o hábito dos pais dormissem na mesma cama com o recém-nascido, o que aumenta muito o risco de morte súbita de recém-nascidos.

A partir de um certo momento, ela deixou de conter mamadeiras e chupetas, para incentivar o aleitamento materno.

E tornou-se, 75 anos depois de criada, um símbolo da igualdade de todas as crianças finlandesas.

No Brasil, a elite e uma classe média preconceituosa acham que políticas públicas de igualdade são “coisa de pobre”, “de segunda categoria”.

E se  o Governo  implantasse uma caixa assim, eram capazes de dizer que é para os pobres abandonarem os filhos na porta dos outros, como dizem que o Bolsa-Família é para quem não quer trabalhar.

 

 

Fernando Brito:

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  • A palavra que assusta a elite brasileira é: "IGUALDADE", como etoa danuza leão.Se o governo daqui distribuisse um kit de quarto completo, com berço e todo o resto e não uma caixa de papelão como os finlandeses, ainda assim seria duramente criticado.

  • A palavra que assusta a elite brasileira é: "IGUALDADE", como etoa danuza leão.Se o governo daqui distribuisse um kit de quarto completo, com berço e todo o resto e não uma caixa de papelão como os finlandeses, ainda assim seria duramente criticado.

  • Nossa o valor da bolsa deve ser muito bom. para criar parasitas, infelizmente eles não são ricos para viver de rendas que tem muito por aí.

  • De tanto as pessoas utilizarem uma expressão equivocada como correta, ela acaba por parecer correta aos olhos daqueles que não estão tão atentos à questão da linguagem. As pessoas, via de regra, utilizam um vocábulo segundo seu uso corriqueiro e não conforme seu significado, e isso, normalmente, as impede de enxergar certas coisas. Digo isso porque a reportagem afirma que quase toda a educação na Finlândia é pública. Ora, toda educação é pública, porquanto regulamentada pelo Estado e voltada ao povo que o integra. Assim, a rigor, opõem-se às escolas particulares (privadas) as escolas estatais, sendo, ambas, públicas... no Brasil, regulado o funcionamento delas pelo MEC. Dessa forma, falar educação pública é tautológico tanto quanto falar políticas públicas (palavras de origens, respectivamente, grega e latina, e que se equivalem). Mas o cerne do artigo é outro, é sobre pretender justificar o bolsa família vigente no Brasil mediante uma comparação com uma política dinamarquesa de fornecimento de um "kit-maternidade" às mães, independentemente de seu status social. A comparação parece-me falaciosa... é forçar muito o senso crítico a um cotejo dessa natureza entre realidades culturais e éticas tão distintas quanto a brasileira e a finlandesa. Aqui, por exemplo, até as mais altas autoridades lidam com o patrimônio do Estado como se privado fosse, dele dispondo ao seu bel-prazer sob a escatológica máxima de que o fim justifica o meio. Isso não significa que sou contra o bolsa família, cuja validade, a meu ver, decorre de fatores que se justificam internamente e que não precisam, para tanto, de nenhum cotejo com o que alhures se passa.