Ainda no grau “arraia-miúda”, o Estadão publica hoje parte dos relatórios fornecidos pelas polícias e ministérios públicos estaduais onde se aponta organizadores dos bloqueios nas estradas que infernizaram o país uma quinzena atrás.
É pouco e dificilmente avançará sem que, retirados os comprometimentos da Polícia Federal, esta possa avançar na comprovação do que é evidente: que houve (e continua havendo) uma coordenação geral em atos de contestação ao processo democrático e às eleições de outubro.
E, ainda, com a renovação dos comandos militares e do Ministério da Defesa para que se ponha fim à ambiguidade intolerável da cúpula das Forças Armadas com as concentrações golpistas diante dos quartéis. O que, infelizmente, já deveria estar acontecendo e, talvez, ainda aconteça, à medida que o pragmatismo castrense opte por por não afundar ainda mais a credibilidade da instituição militar.
Aliás, um “erro” muito estranho, porque ainda os sujeita ao risco de iniciativas irresponsáveis, sempre possíveis num ainda presidente que se alienou completamente das responsabilidades de governo e está num estado imprevisível de baixa racionalidade e alta depressão. Que, no caso de Bolsonaro, já era grave mesmo antes da derrota eleitoral.
Por tudo isso, o papel de Alexandre de Moraes e do Supremo Tribunal Federal – mais coeso depois doas ataques de grupos bolsonaristas a seus integrantes, é extremamente importante nesta transição de governo. A responsabilização dos promotores da arruaça pós-eleitoral é um freio necessário à ideia de que manifestações pedindo intervenção militar e quebra das regras constitucionais pode prosseguir, insolente e impunemente, contestando o resultado eleitoral que sequer se tenta fazer pelos caminhos legais, apenas pelo apelo às armas.