Trump não está impedido de abalar os EUA. Já abalou, aliás

Desde que os as tropas coloniais inglesas incendiaram o Capitólio, em 1814, ainda na Guerra Anglo-Americana, não se via tropas no prédio que simboliza a democracia representativa dos norte-americanos.

O prédio virou – e vai assim até a posse de Biden, uma fortificação militar, com milhares de soldados da Guarda Nacional.

Só isso dá para ter ideia do choque que aquele país está vivendo com a eclosão de falanges neofascistas, sob o comando – bem pouco dissimulado – de Donald Trump e que simboliza uma cisão inédita na sociedade norte-americana, além de uma raríssima contestação aberta à legitimidade de suas instituições.

Uma votação como a da Câmara dos Deputados norte-americana, com uma rara unanimidade das várias correntes do Partido Democrata e uma dissensão expressiva entre os republicanos (dez votos e quatro abstenções) mostra como é forte o abalo que a invasão da semana passada causou nas estruturas políticas.

Mas esteve longe de mostrar uma nação unida contra o golpismo presidencial.

Agora, a decisão de confirmação do impedimento de Trump cabe ao Senado, e como dificilmente será julgado nesta legislatura, o destino do quase ex-presidente ficará nas mãos de uma câmara alta de leve maioria democrata.

E Biden fica diante da opção de levá-lo adiante e correr o risco de vitimizar Trump ou não fazê-lo e correr o risco de não torna-lo inelegível.

Pelas cenas que estamos assistindo, não parece provável que o país caminhe para uma distensão.

As nossas barbas devem ficar de molho, porque se houver cenas como a de hoje por aqui, em 2022, dificilmente serão para preservar a democracia de um golpe.

 

 

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