O ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) proibiu a veiculação, na TV e nas redes sociais do trecho da entrevista de Jair Bolsonaro ao The New York Times em que e ele diz que, para saciar a sua curiosidade de ver um índio (ser humano, portanto) ser cozido, embora não o tenha feito porque seus companheiros de viagem (que ele chama de “comitiva”) recusaram-se pois, do contrário “comeria o índio, sem problema nenhum”.
Diz ele que “a reportagem se refere a uma experiência específica dentro de uma comunidade indígena, vivida de acordo com os valores e moralidade vigentes nessa sociedade”.
“Experiência específica”, ministro? Acaso estava Jair Bolsonaro perdido na selva e vivendo dentro de um comunidade indígena e, portanto, sendo levado, a partilhar “os valores e moralidade vigentes nessa sociedade”?
“Eu queria ver o índio sendo cozinhado”, a frase dita por Bolsonaro, não tem a ver com partilhar a cultura indígena, mas com a curiosidade mórbida do então deputado.
O vídeo não associa Bolsonaro à admissão da antropofagia, é o próprio ex-capitão quem o faz e com o objetivo nítido de arrogar-se “valentão”, alguém que “não corre da raia”.
Se é admissível ter “uma experiência específica” de ver uma pessoa sendo cozida e provar de sua carne, será legítimo, por exemplo, montar excursões para assistir isso? Quem sabe para dizer que estaria compartilhando “os valores e moralidade vigentes” de sociedades ancestrais?
Ou admitir que se fizessem tours à Arábia Saudita para assistir decapitações ou ao Ísis, para assistir degolas e até experimentar como seria fazer isso?
E pior, dizer que não se pode falar que alguém desejou participar desta “experiência específica”, ainda mais alguém que é e pretende ser, por mais quatro (e sabemos, ainda por muitos mais) o dirigente máximo do país.
Vamos falar sério: o ministro proibiu a exibição da gravação – e não duvido que o plenário do TSE vá fazer o mesmo – porque é demolidora, e com razão, na demonstração dos desvios mentais de um psicopata.