A “decisão” da cúpula do PSDB de chamar João Doria para uma reunião, amanhã, na qual ou renuncia à candidatura presidencial conquistada nas prévias tucanas promete, de um jeito ou de outro, ser uma das cenas mais deprimentes da já tão deprimente política brasileira.
É claro que a inviabilidade eleitoral de Doria não está sendo trocada por uma outra candidatura que possa servir de alavanca para candidaturas estaduais de candidatos dos partidos. Simone Tebet não tem, em lugar nenhum, expressão eleitoral que possa servir a isso.
Serve a eles apenas como “fachada” para não assumir o que farão, quase todos, de fato: apoiar Jair Bolsonaro.
Muito especialmente em São Paulo, Minas e nos estados do Sul.
Mas não sem prejuízos, porque serão bolsonaristas de segunda categoria, sem o fanatismo dos “Bolsonaro raiz“.
É impossível prever por onde e como vazará o caldo de ódio que ferve, neste momento, em Dória e em alguns de seu grupo.
Sua ida a Brasília, amanhã, caso ele decida ir, é um convite a transbordamentos. Sua volta a São Paulo, a tentação de sabotar Rodrigo Garcia, a quem – como um dia fez Geraldo Alckmin a ele próprio, Doria – trouxe para o partido prometendo a candidatura.
É provável que, já neste final de semana, o mesmo Alckmin que Doria apunhalou sair a recolher as penas tucanas que voam ao vento no interior de São Paulo.
E que logo Fernando Henrique Cardoso, vendo o que julgou ser o “seu” partido atirado nesta pocilga, acabe por sinalizar mais fortemente o voto em Lula que já disse dar no segundo turno.
Os aprendizes de feiticeiro da 3ª Via, afinal, não tinham a fórmula para criar um candidato, mas acertaram a mão em fazer um veneno que matou vários.