O estado de saúde incapacitante do general Eduardo Villas Bôas, infelizmente, não pode servir de álibi para o tuíte que ele (ou alguém que controle sua conta naquela rede social) acaba de publicar.
À véspera da eleição, sugerir que a oposição vai promover “a submissão ao globalismo” “a destruição do civismo”, “a ridicularização do patriotismo e dos símbolos nacionais”, a “contaminação ideológica do ensino” e outras baboseiras é algo que ofende não apenas a ética de quem ocupou o cargo de comandante do Exército (aliás, nomeado quando a “oposição” governava) mas a própria e necessária isenção político-partidária que o general, reconheça-se, perdeu há tempos.
E não é porque está na reserva que possa assinar, como o faz, com o título de general um panfleto de boca-de-urna, com o evidente propósito de intimidar a livre escolha eleitoral da população.
Os militares são servidores do povo, não seus senhores.
A única coisa que está ameaçada com a vitória da oposição são os milhares de “cabides” que que se incrustaram milhares de oficiais das Forças Armadas, que podem e devem, quando qualificados, participar da administração civil, mas não terem o privilégio de ocupá-la como prolongamento de suas carreiras, como se tornou notório.
O general não tem o direito de transferir para as corporações militares a erosão de que se vê acometido, porque nem ele, nem qualquer se seus integrantes ( e muito menos o presidente da República, que a toda hora o faz em nome de sua permanência no poder) tem o direito de arruinar três décadas de uma retirada digna que se fez do controle do poder civil, depois do regime autoritário.
O general, por certo, tem o direito de ter os pensamentos confusos e sombrios que tem, mas nenhum direito de colocar o posto que exerceu e a sua ligação de cochichos com Jair Bolsonaro para servir a pretender amedrontar a população.
Ainda mais depois que o fuzileiro Roberto Jefferson e a pistoleira Carla Zambelli viraram a patética expressão de intervenção armada na política.
Não honra o Exército Brasileiro meter-se ao lado destes milicianos extremistas, dos quais o general toma emprestado o discurso.