Dilma deve ter perdido as eleições.
Não porque tenha nomeado Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura.
É algo muito mais aceitável do que o pais pagar os juros que pagamos aos especuladores.
Mas porque parece estar montando o ministério com um senhor: a mídia.
Voltou a falar aos brasileiros com a mesma avareza que fazia antes da campanha eleitoral.
Deixando que a mídia, ou o “super-fonte” palaciano Aloizio Mercadante diga onde esteve, com quem esteve, a quem convidou para ministro e de quem levou um “não!”.
Mercadante é a Marta Suplicy remanescente: só pensa em São Paulo e, por isso, só cuida da mídia.
Foi espetacular o sentimento de fidelidade a um Brasil justo que o eleitor mostrou.
Dima não venceu “apertado”, venceu “com folga”, dada a campanha de mídia que se desfechou sobre ela, num quadro de crise econômica.
Venceu com os que não lhe pediam nada.
Mas parece estar disposta a governar com os que lhe exigem tudo.
Confiando apenas no que ela própria é e do que nenhum de nós duvida que seja.
Só que este é o caminho da solidão.
E solidão não transforma.
Desemboca, no mínimo, em decepção. No máximo, em tragédia.
A presidenta ganhou aplausos no início do seu primeiro mandato.
Ia fazer a “faxina”.
Isso é permanente, não é performático.
Moralista performático só serve para pedir a ditadura na Avenida Paulista.
Ninguém é cego ou imbecil ao ponto de não entender que um governo tem de fazer concessões.
Mas um governo, antes de tudo, precisa expor convicções.
E, até agora, o que se expôs, parece, é a falta de convicção.
Leia o artigo de Janio de Freitas, hoje, ao qual ele, gentilmente, ele deixou de dar o título apropriado de “Marcha a ré” .
O primeiro passo
Janio de Freitas
A escolha de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, vista de fora, é uma decisão política, não econômica. Faz supor uma escolha de Dilma Rousseff por temor da voracidade com que os conservadores ambicionam a retomada do Poder perdido. Presenteia-os, parece, na suposição de aplacá-los.
De fora, ainda não há como saber –e muito menos crer– de algum entendimento prévio sobre linha de política econômica que possa tornar a escolha mais inteligível. Seja como for, coerente com o sentido da campanha de Dilma, não é.
A escolha não tem coerência nem com o momento em que é feita. Na manhã mesma em que fez uma reunião para definir a escolha, liberada não oficialmente à tarde, o caderno “mercado2” da Folha apresentava como manchete: “Desemprego recua em outubro e atinge 4,7%; renda bate recorde”. A seção “Economia” do “Globo”, com uma nota na primeira página, também dava como manchete: “Emprego em alta, renda recorde”.
Aos dois jornais não faltaram, claro, o “mas” e o “apesar de”. Ainda assim, das manchetes pode-se entender que a economia esteja mais para o massacrado Guido Mantega do que para o Joaquim Levy que bem poderia ser ministro em um governo de Aécio Neves.
O histórico de Joaquim Levy não deixa dúvida sobre o seu conservadorismo, posto em prática evidente ao menos desde que foi secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento no governo Fernando Henrique. Conservadorismo confirmado no governo Lula, quando foi um dos inspiradores da política econômica que consagrou Antonio Palocci nos setores do domínio financeiro. E conservadorismo consolidado como secretário do Tesouro, quando Levy foi o ponto de resistência a gastos e outras medidas de linha social pretendidas no governo Lula.
Caso o histórico não baste, o presente garante: se não fosse adepto de concepções do conservadorismo neoliberal, Joaquim Levy não seria diretor do Bradesco. O que prova não se tratar, até agora, de pessoa incoerente.
Também sem comunicação oficial quando escrevo, a apontada indicação da senadora Kátia Abreu para a Agricultura sugere, ou confirma, uma disposição incomum de Dilma Rousseff para incrementar problemas com as correntes não conservadoras. A senadora exerce com muita competência a liderança do agronegócio e dos grandes proprietários de terra. Mas nem todos os interesses que defende coincidem com o que deveriam ser objetivos do governo, de todo governo.
Dilma Rousseff entra no segundo mandato devendo muito para reparar os desempenhos deploráveis do seu governo em três capítulos da desgraça nacional: o problema indígena, sem as demarcações territoriais devidas e com o genocídio em progressão; a questão fundiária em geral, com imensos territórios tomados e explorados; e, ainda e sempre, a reforma agrária, pendente de correções e de avanços. Três assuntos em que o responsável pela Agricultura tem deveres e poderes muito grandes. Três assuntos em que os interesses representados pela senadora Kátia Abreu conflitam, em todos os sentidos desta palavra, com as vítimas e com as obrigações e as dívidas administrativas e sociais do governo Dilma.
O primeiro movimento para o novo governo parece feito em marcha a ré.
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Lula se jactou pela Dilma esta semana, dizendo orgulhosamente que Dilma iria surpreender com a formação de seu ministério. Tem razão de estar orgulhoso, pois ele participou ativamente dando pitacos nas várias escolhas e como aconteceu desde o início do 1º mandato, péssimos conselhos, pois a cota de ministros do Lula, dispensado está nomear todos, é de péssima qualidade. Mais uma vez, a impulsividade contemporizadora do Lula só produz mal conselhos. Ele não deixa a Dilma governar e barra a comunicação dela com o povo, povo este que ele, Lula, deve considerar perigoso e que só serve para sair às ruas para promover a candidatura que ele apoia.
Dilma quer ser uma "presidente profissional", como se fosse possível ser presidente sem fazer política. Apesar de ter sido eleita em um processo político, ela tenta governar com a negação da política. Não vai dar certo. não existe condições de em uma democracia governar sem apoio político. DIlma já deixou claro seu desprezo pelo políticos. Tanto do PT quanto da oposição. No ano passado ela deixou de ir na convenção do partido, marcada em Brasília em um sábado, somente para que ela pudesse ir. Ela não foi. No começo do ano ela, antes do partido já se lançou para a reeleição, com ou sem o PT. Isto ela disse em outras palavras em uma entrevista. Ou seja, não foi o PT quem a elegeu, mas sim o PT que tomou carona em sua eleição. Claro que isso é de uma infantilidade suprema. Ela simplesmente que governar conforme lhe "dá na telha". O que é uma atitude arrogante e prepotente. Ela não governa com o partido que a elegeu e não se importa se o que está fazendo vá queimar o partido PT ao ponto de inviabilizar a eleição de Lula em 2018. Ela já conseguiu revoltar alas dos movimentos sociais, do PMDB e do PT (sendo que o PT fica mudo para não causar mais crise). A Dilma é inconsequente e "não está nem aí", do tipo "eu sou a presidente e vocês vão ter que me engolir". Eu votei nela, apesar de tudo. Mas não estou nem um pouco satisfeito com a postura mesquinha que ela adotou logo depois das eleições. Com essa postura que é a continuidade do que foi no primeiro mandato só que piorado, ela, com toda certeza, não chegará ao fim do mandato, quiçá tomara posse.
Há que cobrar, e talvez cortar a cabeça do vazador.
Mas esse ministério tem paralelo com o do primeiro mandato do Lula.
Ainda tenho a postura de esperar pra ver.
Sigo com Dilma, e não abro!
Vou dar uma fé a você.
Minha vontade e desligar isto e nunca mais..
Vou perder a paixão de minha vida que é a Esquerda.
ma nunca mais leio nada.
Escrevo nada.
Assisto nada.
E voto nulo.
Ficarei encima do muro até o ultimo dia.
O que nosso camaradas não compreendem é que a DILMA ganhou, mas joga como se tivesse perdido.
Não adianta agradar o "mercado" e a grande mídia, pois estes são como lobos, sempre atacarão para matar, não há como confraternizar com lobos.
Mas embora pareça contraditório, acho uma excelente indicação a Katia Abreu, motivos ? Não podemos permitir que o agronegócio se retraia no Brasil, discorde quem quiser.
Ótima matéria (do Fernando e do Jânio), péssimas notícias. Dilma parece ter "incorporado" Maquiavel e adotado o conceito de agradar os inimigos, pois os amigos já o apoiam incondicionalmente, portanto, satisfazer seus anseios não trará nenhum ganho para o "príncipe". Os erros cometidos nos lembram a nomeação super desastrada dos ministros do STF que condenaram à cadeia dirigentes do PT sem provas e julgou o "mensalão" 2 antes do 1 (que, aliás, ainda não foi julgado e, quando for, os crimes já estarão prescritos). Os dirigentes do PT devem fazer essa matéria chegar ao conhecimento da Presidenta, a fim de que ela possa desfazer esse "avanço do retrocesso", como diria o conservador entreguista Roberto Campos, se vivo estivesse (que riria muito e escreveria uma coluna carregada de suas ironias, inteligentes, mas manipuladoras e carregadas de sofismas).
Até parece que a "reação" dos derrotados, logo no após a eleição, pôs medo em Dilma. Estes dois nomes, Kátia e Joaquim Levy, serão desastrosos. Nada a ver com a linha da ampla maioria que apoiou e apoia Dilma. Não apenas um, mas alguns passos atrás sim!
Faz muito tempo que o PT joga para a mídia. Tipo mulher de malandro: apanha da mídia e depois faz que não vê e volta a jogar confete na imprensa, pensando em ser tratado com benevolência daí em diante.
Isso nunca funcionou e não vai funcionar. O PT reaja ou não reaja contra a mídia sempre será execrado. Lógico que tem que reagir e não deixar que calúnias diariamente infestem o cérebro de seus eleitores. A verdade é que, com a mídia, pior não fica.
Exatamente. O PT consegue com isso, a coça da mídia, posar de perseguido e fazer com que a militância esqueça de suas "traições" e dessa forma, entrar com tudo nas eleições.
Esse discurso "fácil" de perseguido o mantem no poder federal mas o faz perder nas esferas estaduais e municipais.
Só que agora é diferente: Dilma não é unanimidade entre os militantes e só conseguiu sua adesão diante do risco do PSDB ganhar as eleições e não vai tolerar uma traição desse porte. O MST e a militância podem aderir ao impedimento de Dilma. É melhor a direita no poder que faz renovar a esquerda do que uma "esquerda entreguista" que faz a direita crescer.
O sentimento não é mais de inquietude, é de cansaço. Mas, a Presidenta vai continuar em silêncio e obrigando todos a silenciarem a exceção, perece, do Vazador Geral da República (talvez os paulistas gostem dele). Pena, a tragédia não será só dela, será nossa também. Talvez seja por isso que ela ache que sempre estaremos dispostos a lhe dar apoio.
Os motivos porque acredito no governo Dilma e julgo ter feito o melhor governo dos últimos 50 anos:
1-Dilma dará continuidade aos projetos que melhoraram o Brasil nos últimos 12 anos 2-Ela criou o Mais Médicos e garantiu atendimento em saúde a mais de 50 milhões de brasileiros-3-Com Dilma, o maior programa habitacional do País, o Minha Casa, Minha Vida será mantido e ampliado-4-Serão mantidos investimentos no Nordeste, como a transposição do S. Francisco, para que os nordestinos superem a seca-5-Dilma fortaleceu o sistema elétrico brasileiro e impediu apagões
6-. Lula e Dilma retiraram mais de 50 milhões de brasileiros da pobreza-7-Com ela, há garantia de acesso ao ensino superior com o Prouni-8- Os jovens terão formação profissional com o Pronatec. No total, são mais de 20 milhões de vagas para cursos técnicos
9- Os estudantes brasileiros têm, com Dilma, a oportunidade de estudar no exterior, com o Ciência Sem Fronteiras
10-Em quatro anos, o Brasil criou mais de 5 milhões de postos de trabalho e alcançou as menores taxas de desemprego da história-11- O governo da presidenta Dilma realizou com sucesso a Copa do Mundo e também fará o mesmo com as Olimpíadas n RJ.-12-A continuidade do governo Dilma garantirá a manutenção da política de valorização do salário mínimo do trabalhador brasileiro.13- Haverá guerra sem trégua a corrupção-14- Grandes obras serão inauguradas agora fruto do que foi plantado-15- A Petrobrás fará do Brasil grande exportador de petróleo e refino. Mas por favor Dilma isto tudo tem chegar aos ouvidos e mente do povo brasileiro, encontre um meio de mostrar o fruto do seu trabalho de 16 h por dia de dedicação ao povo brasileiro chegue ao coração e mente dessa população para garantir a continuação desse projeto para os próximos anos.
Excelente, comentário!
Excelente!
É isso, simples assim: ganhar corações e mentes do povo brasileiro.
Parabéns pelo comentário, Renato.
Excelente. Só uma perguntinha: Já combinou com os russos, digo, os yankees !?!
“O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO de SONEGAÇÃO & GOLPES – O que passa na REDE GLOBO de SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS”
Tem razão. E essa é a variável mais complexa do sistema. Mais complexa, inclusive, do que a campanha criminosa movida por uma certa revistinha tenebrosa. Aliás, essa variável é a patrocinadora do golpe de 64 e causa daquele apagão democrático que nos custou vinte e um anos de paralisia cultural, econômica e histórica.
Muito cedo para qualquer palpite. Desse modo, estamos fazendo o jogo da mídia e da oposição.
Primeiro os fatos, depois as contestações.
Brito,
O governo Dilma e o Pt estão encurralados. A mídia e o congresso estão preparados para o seu impedimento. Isso é fato. Governos populares nessa situação só tem o povo. Temos na memória o que aconteceu com governos que se apoiaram no povo nos últimos dias, Vargas e Jango. Se olharmos para eles temos uma certeza a vitória conservadora.
Mesmo assim você tem razão Mercadande ou Cardoso são mais oposição que reconhecedores do momento atual. Provavelmente terão uma vida mais vitoriosa após o fim desse governo popular. Dizem que ao sinal de perigo os ratos pulam do barco, Marta Suplicy demonstrou isso em suas entrevistas. Ouse seja, sobreviver é necessário.
Gente vamos com calma.
A Dilma ainda não terminou o seu 1º mandato.
Só em janeiro de 2015 que começa o 2º.
Muita calma nesta hora.
Não se pode colocar a carroça na frente dos bois.