Uma aula de pré-sal: privatizar é atrasado, ineficiente e lesivo ao Brasil

O programa Melhor e Mais Justo, da TVT, realizou, quinta-feira, um debate entre o geólogo Guilherme Estrella, que comandou a equipe da Petrobras que descobriu petróleo abaixo da camada do pré-sal no litoral brasileiro e o sindicalista João Antônio de Moraes – uma das melhores e mais equilibradas cabeças da Federação dos Petroleiros.

 

Os dois contestam, com muita firmeza, todos os argumentos dos projetos – entre eles o de José Serra – que pretendem reverter o modelo de partilha do petróleo e tirar da Petrobras a condição de operadora única

 

É uma aula sobre a exploração do pré-sal brasileiro, que revela dados muito pouco divulgados, como o fato de que a Petrobras extrai dali petróleo a nove dólares o barril, contra 14 dólares de custo por barril nos poços de petroleiras estrangeiras tidas como “eficientes” no discurso mercadista. Multiplique isso pelo milhão de barris (Estrella fala em 900 mil, mas isto não inclui o gás) retirados do pré-sal  a cada dia e você verá que o que essa parcela de custo extra , que não é dividica com o Estado, representaria em termos de prejuízo para os cofres públicos.

 

Com o baixo preço do petróleo hoje, essa diferença equivale a 10% a mais de custo sobre cada barril extraído.

 

Mais: Estrella, ao comentar o declínio natural dos poços da Bacia de Campos, lembra que, sem o pré-sal, o Brasil estaria importando hoje perto de meio milhão de barris de petróleo por dia, com as consequências que se pode imaginar para a balança de pagamentos do país.

 

João Moraes recorda outro ponto interessante: em 1970, 90% do petróleo do mundo estava sob controle de multinacionais. Hoje, a proporção se inverteu e 80% do óleo é controlado por empresas dos próprios países produtores ou sob controle dos Estados nacionais, com suas petroleiras.

 

Assista a entrevista, em três partes, que me chega às mãos por iniciativa de meu amigo Oswaldo Maneschy, incansável defensor do controle brasileiro sobre nossa riqueza. É, como disse, uma aula: coisa de gente que conhece tanto de petróleo que não precisa ficar de tecnicismo, gente que sabe tanto da importância dele que não precisa apelar a chavões.

Primeira Parte

Segunda Parte

Final

Fernando Brito:

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  • A bancada Achacador Cunha pretende entregar o nosso petróleo para as petroleiras multinacionais. Esses pilantras (incluindo aí boa parte do PMDB da Câmara dos Deputados) querem aprovar a mesma lei que os senadores entreguistas do Senado tentaram criar.

  • O fato é ninguém é imbecil para não saber que estatais é para ser roubada e pagar algum extra que faça valer a pena alguém querer chegar ao poder. Sem isso, será quase impossível arranjar quem queria formar partido e mesmo assumir cargos públicos.

  • As privatizações foram idealizadas pelos neoliberais com o intuito de abrir espaços para a obtenção de lucros crescentes pelo grande capital privado, nacional ou estrangeiro. Apenas isto.

    A redução de preços e tarifas e maior qualidade na prestação dos serviços, muito prometidas para benefício do povo, ficaram só na propaganda. Propaganda difundida à exaustão para iludir incautos e inocentes.

  • - 40 milhões de barris de petróleo contratados no pré-sal que significa 20 anos de consumo atual garantido no critério técnico atual da indústria petrolífera mundial.
    - O critério técnico atual é baseado no pós-sal, mas o pré-sal brasileiro é a FRONTEIRA da tecnologia do petróleo e onde hoje só a Petrobras domina plenamente com segurança e economicidade. E o Guilherme Estrela diz que por ter maior concentração de gás carbônico nas reservas petrolíferas do Pré-Sal (seladas ali pelo sal) que as reservas conhecidas é possível que o fator de recuperação do Pré-Sal possa ser o dobro do critério técnico atual. Com a re-injeção do gás carbônico que a Petrobras pretende estabelecer no Pré-Sal teríamos até 40 anos de consumo atual garantido sem novos contratados !
    -Além disto o gás natural de petróleo do Pré-Sal é rico em componentes para a produção de fertilizantes Nitrogenados e a exploração econômica das enormes reservas de gás natural de petróleo associadas ao petróleo do Pre-sal garantirá, com muita folga no futuro, a independência do Brasil também nos fertilizantes Nitrogenados o que tornará nossa agricultura ainda mais segura (independente das importações de fertilizantes) e mais competitiva economicamente.

    E querem entregar isso tudo de mão beijada...

  • Excelente artigo. Os coxinhas trolls que divulgam sua bílis ignorante nesse espaço devem ser deixados de lado: não nada além de lacaios do capital estrangeiro. O artigo é uma aula de geopolítica e estratégia. Nenhum país importante abriu mão de sua riqueza petrolífera: os Estados Unidos invadiram o Iraque e desestabilizaram Líbia, Síria e Egito por causa do petróleo. E aqui os entreguistas de plantão e de sempre conseguem fazer propaganda para inocentes úteis de que é ruim nossa riqueza de petróleo ficar na mão dos brasileiros. Querem que façamos como os nossos antepassados índios que deram seu ouro em troca de espelhinhos portugueses. E os coxinhas se acham espertos...

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