Alguém imaginaria as autoridades do governo dos Estados Unidos trabalhando para destruir uma empresa daquele país por eventuais atos de desonestidade de seus diretores ou acionistas?
Ainda mais se esta empresa operasse em 21 países e empregasse 165 mil pessoas? Mais ainda: se isso significasse desnacionalizar um dos (lá muitos, aqui raros) produtores de equipamento militar do país.
A resposta é um evidente “não”. Ao contrário, quando uma gigante como a GM estava à beira de quebrar, o governo americano comprou suas ações e aguentou o tranco.
Aqui, a elite brasileira parece ter um prazer todo especial em ver destruir-se uma empresa que não é só dos seus donos, mas pertence ao país, porque pertence à sua economia.
A “onda moralista”, com sua sanha de vingança política, parece se comprazer com o desmonte da Odebrecht, como se uma empresa deste porte pertencesse apenas ao seu maior acionista e não à economia brasileira como um conjunto sinérgico.
A reportagem de David Friedlander e Renata Agostini, na Folha de hoje, retrata – para o prazer da classe média idiotizada pela mídia – as dificuldades da empresa que a farão entregar pedaços, certamente a preço de banana, o único possível nesta quadra de recessão.
A eles, lamento informar, mas muito antes de falir-se e atirar-se à miséria do homem comum um megaempresário, fele-se e se lança à miséria milhares de trabalhadores, direta ou indiretamente ligados a ela.
E, ainda que se mate a empresa, quem virá no lugar dela? A honestíssima Halliburton, que paga mercenários “patriotas” no Iraque?
É como um genocídio econômico do qual, é quase certo, seu dono – a pretexto de quem se ordena a matança – escapará ainda muito rico, com direito a vida à tripa forra por gerações.
A elite brasileira não é apenas indiferente ao país. É suicida, no seu fanatismo politico fundamentalista.
Tão burra que depende de gente de esquerda, absolutamente avessa a grandes conglomerados, que deles não tira um tostão, para é quem tem de apontar a insânia de jogar fora a criança junto com a água do banho.
É como se os fuzis da moralidade entrassem numa empresa e matem ali tudo o que se mova, independente de quem é.
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Bom dia,
e quando se fala em corrupção o TIO SAN conhece bem. Só lembrarmos dois casos aqui de cair o cabelo o da XEROX e wall street quer mais dinheiro roubado que esses!
A classe media sem leitura. Quando leio e ouço o discurso dos juizes fico pasmada. Não ha um que ate se informa com William Wack?
Caos cultural leva a isso.
Resta alguma dúvida sobre a quem esse cara serve?
Não. Sabemos de onde vem a fumaça. Sempre me perguntei isto:
.Se se sentam cara a cara e fazem a proposta e quem é agente do recado e como pagam.
.Se os vira-latas abanam o rabinho por si mesmos. De graça. E jogam descaradamente a conta ao povo.
Quando a Lei é aplicada de forma fria e até com abusos sem levar em consideração o bem-estar social, a economia do país e o cuidado patriótico que o momento exige é porque algo está muito errado na aplicação da justiça. Então os mecanismos de proteção que preservam a economia, o desenvolvimento e os empregos do país precisam ser revistos e serem colocados acima da vontade dos falsos justiceiros.
Na mesma Lava Jato em que está metida a Odebrecht, a Camargo Corrêa fez acordo de leniência para devolver R$ 700 milhões. A partir desse post, devemos entender que a Odebrecht não cometeu nenhum crime e não tem porque sequer ser investigada?
Ou que a Odebrecht é "too big to fail", argumento usado pelos ideólogos do mercado financeiro americano para que os grandes bancos americanos recebessem ajuda do Governo depois da bagunça que fizeram no mercado gerando a crise 2007/2008? A Enron e a MCI que se envolveram em falcatruas contábeis ainda existem?
Ou dado o porte da Odebrecht e sua influência econômica em diversos setores, ela é livre para agir sem amarras ou punições? Se a avaliação deve ser feita pelo porte da empresa, devemos perdoar a Samarco do crime ambiental cometido em Minas? A multa estabelecida para a Samarco deve ser suspensa pelos efeitos econômicos que trará?
Acho que ninguém quer que a Odebrecht acabe, mas também seguir o caminho do "too big to fail" é tortuoso demais...
Robson, nunca é bom comparar coisas diferentes. O crime ambiental, social e humano da Vale é diferente de crime de corrupção e demanda análises e julgamentos distintos, inclusive porque o crime da vale já tem provas suficientes e sào as piores possíveis. Mesmo assim, eu não sugeriria fechar a Vale, e você? Para mim, a pena mais adequada seria reestatizá-la sem indenização, porque não há dinheiro no mundo capaz de fazer um novo Rio Doce. Reestatizando, os empregos estariam garantidos e os riscos de crimes ambientais minimizados, e os criminosos definitivamente afastados do nosso convívio. Não sei se essa é uma pena legalmente viável, mas seria politicamente assombrosa.
Já no caso da Odebrecht, a previsão legal é mais clara e o que está acontecendo não está dentro da previsão legal. Não é porque a Camargo Corrêa cedeu à tortura que as outras empresas são obrigadas a fazê-la. A lei é clara e todos têm direito à defesa e a tentar provar sua inocência, ou pelo menos a inocência que acreditam ter. Cabe ao Ministério Público e à Polícia produzirem as provas e não esperar indefinidamente que o criminoso o faça. Isso era o que fazia o exército, mas como não tinha paciência de esperar, apela para tortura física. E também não é porque o STF tem aceitado que se pode chamar de legalidade, uma vez que o Judiciário tem assumido uma postura claramente legiferante, ou seja, tem feito as próprias leis a partir de interpretações. Não esqueça que o casamento homossexual no Brasil vigora por meio de uma Resolução do CNJ, que nem função judicial tem.
Claro que não posso falar em nome do blogueiro, mas não creio que ele esteja em defesa do crime e da impunidade. Por incrível que pareça, a defesa da ordem no Brasil atual está vindo da esquerda. A gente vive e não vê tudo.
Oi Arthemisia, agradeço pela oportunidade do debate. Eu entendo e concordo com a reclamação petista de que há um direcionamento midiático da Lava Jato, com foco no partido e suas principais lideranças, mas pega muito mal essa defesa das empreiteiras.
Não sou especialista em Direito, mas criar uma imagem de que executivos e empresas do porte de uma Camargo Corrêa, UTC ou Odebrecht estão sendo torturados nas masmorras de Curitiba ou mesmo que não tem direito de defesa na Justiça é um desserviço à história de luta de tantos que efetivamente apanharam e/ou morreram (por nós) nos porões da ditadura.
A minha visão é que TODOS os crimes devem ser investigados, não importa o valor, quem os cometeu ou quem possa ser prejudicado com isso. E que as empresas tem valor social e não sejam destruídas, mas que venham a pagar sim o que é devido pelos crimes que eventualmente cometeram.
É claro que não, nos nunca lemos na imprensa, nem americana nem nas" globos e vejas" sobre corrupção nos Estados Unidos, primeiro que la a responsabilidade é muito maior. Como se cala a midia sobre tanto descalabro, a gente ve como exemplo os bilhoes de dolares que o Ferdinand Marcos levou para os Estados Unidos quando foi deposto nas Filipinas, e todos se calam, ai não precisa de corrupção é só ficar com os bilhoes de outros paises. Outro exemplo Os 35 bilhoes de dolares de Osni Mubarack que estão na Inglaterra, e que nunca mais voltarão ao Egito e faráo a alegria dos Rockfields que pagarão fortuna para os donos da midia e seus empregados que falam a "voz do dono" viverem muito bem, e não tocarem no assunto com os dolares de corrupção
Caros Fernando Brito e leitores,
A resposta à pergunta principal contida nesta matéria é o princípio legal de preservação da empresa (da atividade empresarial), tendo em vista a prote?ão do complexo de interesses metaindividuais que gravitam ao seu redor. Sugiro a leitura fo volume 1 do curso de direito emptesarial de Fábio Ulhoa Coelho e outrad obras que aprofundam o tema.
Ps. A questão nao é só política, é legal. Um juiz não pode agir com o evidente propósito de liquidar uma empresa economicamente viável.
Se nos EUA fizessem o mesmo, o país quebraria rapidamente pois corromper através de poderosíssimos lobbies é a base da atividade empresarial estadunidense.