Uma sugestão para a comunicação da Petrobrás

Um jornalista, comentarista do blog do Nassif, faz uma sugestão sensata, diria até mesmo óbvia para a Petrobrás: melhorar a sua relação com a imprensa, tornando-se mais proativa.

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No blog do Luis Nassif.

Petrobras precisa mudar urgente sua relação com a imprensa, por Augusto Diniz

AUGUSTO DINIZ
DOM, 22/03/2015 – 07:05
ATUALIZADO EM 22/03/2015 – 07:06

A saída do principal executivo da comunicação da Petrobras, Wilson Santarosa, pode ser a chance de a empresa mudar sua política (para melhor) na área.

Desde a primeira CPI da Petrobras, em 2009, a empresa tomou um rumo reativo nas relações com a imprensa que perduram até hoje.

O ápice da comunicação da empresa naquele período foi a criação de um blog (o “Fatos e Dados”) para responder acusações da imprensa, e expor publicamente esclarecimentos enviados à mídia por conta da CPI (às vezes antes mesmo do veículo publicá-lo).

A ação foi pioneira no País e embora bastante criticada por alguns, significou um trabalho proativo da Petrobras em meio às muitas matérias negativas que saíram na ocasião sobre a estatal. Mas ficou nisso.

Desde a década de 1990, a Petrobras tem ampliado sua área de comunicação. Concorrências para contratação de agências passaram a ser disputadas a tapa pelo crescente mercado de comunicação empresarial.

Estruturas internas em parceria com empresas terceirizadas foram estabelecidas para atender as inúmeras áreas da empresa, em diferentes lugares, incluindo nas suas várias subsidiárias. Trata-se hoje de um exército de profissionais de comunicação envolvidos, incluindo jornalistas (ou melhor, assessores de imprensa) e relações públicas, raramente encontrado em grandes corporações pelo mundo afora.

Nesse link aqui se tem uma ideia do tamanho da estrutura da linha de frente, fora a retaguarda.

Está certo que o trabalho na Petrobras não se limita apenas a relações com a mídia. Há atividades de comunicação interna, canais de contato com funcionários, comunidade e investidores, geração de conteúdo para diferentes meios de comunicação próprios, como site, e por aí vai. Isso exige muita gente.

A questão é que o trabalho de assessoria de imprensa continua sendo o mais importante para a empresa. Ele promove a ponte de relação da empresa com milhões de brasileiros que tanto se interessam pela Petrobras e a admiram – e hoje se preocupam com seu futuro.

E o meio que faz essa ligação empresa e o público é a imprensa – sendo ela oposição ou não ao governo, interessada ou não na abertura da exploração do pré-sal, na sua privatização etc. É aqui se sente falta de ação mais efetiva.

Com um grupo de empresas de comunicação terceirizadas em vários estados brasileiros, além de uma robusta equipe interna, não se entende por que o trabalho de relação com a mídia é tão reativo e medroso.

A situação se aprofundou com a operação Lava Jato, mas já tem algum tempo, desde a CPI citada de 2009, que a Petrobras se comunica timidamente com a imprensa – levando ao questionamento por que se gasta uma fortuna em assessorias de imprensa terceirizadas, já que o papel hoje delas é única e exclusivamente blindar a empresa, e remeter os jornalistas da mídia para os releases expostos pela empresa em sua sala de imprensa no seu site. No máximo enviam por e-mail famigeradas notas oficiais da empresa.

Faltam práticas mais ousadas. É preciso também separar veículos que buscam informação da empresa para tratá-la ao sabor de sua visão político-econômica, e aqueles que querem trabalhar as informações da Petrobras dentro de seu aspecto de desenvolvimento, crescimento e inovação, sem perder de vista o interesse público.

Há anos que para um jornalista visitar um projeto em andamento da Petrobras tornou-se um exercício de paciência, quase sempre resultando em frustração. Mesmo quando a prerrogativa de definir o projeto a ser visitado esteja nas mãos da estatal.

É compreensível os problemas que a Petrobras enfrenta hoje, de investigações do Ministério Público e de atrasos em obras, o que exige controle melhor das informações. Mas já está mais do que na hora de sair da defensiva, e colocar sua imensa estrutura de comunicação a serviço da reconstrução da imagem da empresa, por que do jeito que está só favorece os críticos.

www.augustodiniz.com.br

Fernando Brito:

View Comments (9)

  • O grande desafio lançado pelo articulista José Carlos de Assis no GGN (link ao final do comentário) seria o de desligar a TV na hora dos jornais da Globo. Beleza. Mas, as pessoas vão querer outra coisa no lugar, uma outra fonte de informação. Então eu lanço um desafio complementar: por que os jornalistas e blogueiros independentes, ou progressistas, ou "sujos", não produzem um jornal diário pela Internet, que seria exibido no horário do Jornal Nacional em todos os blogs ou num portal específico?

    Claro que aí a pergunta seguinte é: quem vai financiar? Respondo: por que não o Banco do Brasil, ou a CEF ou a Petrobras? Eles não financiam as TVs da direita golpista? Por que não poderiam financiar um projeto de jornal nacional via internet a um custo bem inferior a que eles normalmente pagam para os barões da mídia? Falta ousadia do governo, mas falta também ousadia e criatividade da parte de cá, ou seja, da parte de quem reivindica a democratização da mídia.

    Nem sempre o choro é a única alternativa. A gente reclama do republicanismo de araque do PT para justificar as verbas publicitárias para a Globo, mas não vejo nenhum movimento dos blogueiros com maior acesso ao grupo palaciano com intuito de criar algo diferente. Por que não reúnem uma comissão e vão direto ao Berzoini e exijam - pedir não, exigir - o patrocínio de um projeto de jornalismo alternativo pelo menos via Internet? Ou será que o republicanismo meia boca do PT fez escola também entre os que o criticam?

    A gente critica o PT e a Dilma por omissão. E nós? Não estamos sendo omissos em não cobrar diretamente o financiamento de um ou mais projetos de mídia alternativa? Eu não tenho acesso a esse grupo palaciano - mas os blogueiros mais conhecidos têm. Então eu, pessoalmente, vou começar a cobrar de vocês - Nassif, Azenha, Miguel do Rosário, PHA, Eduardo Guimarães, Rodrigo Vianna, Maria Frô, Conceição Lemes, Paulo Nogueira, Rovai, Fernando Brito, Altamiro, entre outros. Talvez muitos nem queiram isso, mas nós - eu, pelo menos - os que frequentamos os seus blogs, queremos isso.

    Queremos, além desse valiosíssimo espaço dos blogs "sujos", que seja criado uma outra alternativa de mídia para fazer frente ao Jornal Nacional da Globo. Pode começar com um portal na Internet e um jornal diário de 30 a 40 minutos - na hora do Jornal Nacional e durante o dia reproduzindo as manchetes dos blogs. Isso depois pode crescer e se expandir para as TVs comunitárias e públicas e educativas de todo o Brasil; pode ser reproduzido nas escolas em comum acordo com grêmios e entidades estudantis, e nos sindicatos, que provocariam debates sobre os temas abordados.

    Enfim, é possível sim criar um movimento a partir de baixo, como contraponto à agenda golpista da Globo, Veja, Band, Itatiaia, etc. Quem vai encarar este desafio?

    Fonte: http://jornalggn.com.br/noticia/como-dar-um-basta-definitivo-no-jornalismo-lixo-da-globo-por-j-carlos-de-assis

    • Aplaudidíssimo pela ideia. Estamos órfãos de um vídeo-noticiário diário que possa rebater a altura as investidas implacáveis do PIG.

    • Euler, concordo, apoiaria financeiramente e até trabalharia como voluntário numa iniciativa séria de levar à população informações fidedignas e imparciais, pois ninguém aqui quer ser também capacho de governo. Nossa missão é, atualmente, e seria nesta iniciativa buscar luz às notícias. O Brasil merece isto.

  • Miguel,
    Acho que esta sugestão também deveria ser encaminhada ao Governo Dilma.
    Abs
    Paulo

  • A Petrobras faz um clipping de notícias diario onde reproduz pra sua força de trabalho, todo o veneno do PIG, inclusive as colunas de Reinaldo Azevedo!
    Um verdadeiro exercício de auto flagelação, afundando a moral dos petroleiros.

    Triste....

  • E so o Governo CONVOCAR REDE NACIONAL DE TV, as 20:45 ate as 21:30, todas as vezes que MENTIRAS forem produzidas e repetidas pelas Redes de Televisao, pelos Radio, pelos Jornais e por revistinhas. Garanto que os clientes do HSBC, conhecido como SONEGADORES e donos destas "empresas de comunicacoa", pensaram duas vezes antes de reproduzir mentiras ou materias sem um minimo de contraditorio. O que este, e outros gestores ainda nao entenderam, e que a melhor maneira de "punir", e pelo BOLSO. E vc Nassif, que possivelmente tenha alguem proximo a Presidenta, poderia repassar esta simploria, MAS EFICIENTE, ideia.

  • Muitas vezes fiz questionamentos pela rede interna da empresa e, infelizmente, nunca se dignaram em responder. O tamanho da estrutura não se faz acompanhar da qualidade de produção de conteúdo. Continuam errando, omitindo informações importantes da sociedade. Teimam em alimentar os corvos que lhes devoram.
    Cada vez que vejo uma propaganda na mídia, sinto-me lesada. A empresa tem tanto para mostrar e não o faz. Conheço de perto, fiz parte por longos anos, tenho o maior orgulho da capacidade de realização de cada um dos seus trabalhadores, próprios ou contratados, mas os brasileiros não. Por que escondem, por que sonegam a informação? Mostrem o CENPES, mostrem Urucu, mostrem o dia-a-dia em uma plataforma, mostrem os projetos sociais, os projetos de preservação do meio ambiente, de educação ambiental, de parcerias com as Universidades.
    Façam jus ao muito que esta empresa lhes retribuem.
    Eh doloroso vivenciar a associação dos trabalhadores da Petrobras com bandidos. Aquele universo de trabalhadores não eh composto por ladrões, são homens e mulheres honrados, ali estão por mérito próprio, não foram indicados por achacadores, não se arriscam em uma atividade periculosa para atender aos interesses mesquinhos. Batem recordes de produção em cima de recordes, inovam, criam, são eficazes. Quem faz a área de comunicação da empresa ignora tudo isso. Lamentável.

    • Você, como outros acima, está ajudando a destruir sua empresa. Aliás, nossa.
      Problemas desse tipo devem ser discutidos internamente, através de associações, como a AEPET, e de Sindicatos.

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