Não foi só ao ministro Luiz Roberto Barroso que Jair Bolsonaro acusou ontem de estar preparando uma fraude eleitoral.
Foi ao Supremo Tribunal Federal, a quem acusou de tê-la planejado, ao soltar – e depois anular os processos viciados de Curitiba.
Acusações, como registraram a imprensa e os sites de verificação de notícias, falsas, distorcidas e, sobretudo, sem qualquer prova.
Como, diante de algo assim, vai o Poder Judiciário, fazer um bilu-bilu institucional ao presidente, reunindo os chefes de poderes para um entendimento.
Entendimento sobre o quê?
Fazer o Legislativo e a Justiça cederem ao desejo presidencial de impor uma votação em papel que nada tem a ver com a necessária capacidade de auditar a eleição, mas de mobilizar um sistema de coações sobre os eleitores?
Parece evidente, até a onde a vista alcança, que não haverá a submissão de ambos ao quase-ultimato presidencial.
É outra a estratégia presidencial, que consiste em criar um clima de turbulência no processo eleitoral, previamente desqualificado como fraudável e efetivamente fraudado, como o acusou de ser Bolsonaro.
O primeiro movimento é o de “tocar reunir” entre antipetistas, conservadores, militares e tudo o mais que se puder juntar à sua candidatura, tirando o que puder dos demais candidatos da direita. Conservar seu “núcleo duro”, fanático e agressivo, é ponto central em seu projeto de continuidade.
O segundo, a depender de um bom resultado de primeiro turno, o que já começou, segundo as pesquisas, a se tornar incerto, é alcançar uma polarização em segundo turno que lhe permita um movimento para “melar” o processo eleitoral sob a bandeira de um veto (militar e/ou judicial) a Lula.
Ao Judiciário e ao Legislativo, ceder agora significaria reconhecer que a eleição é fraudável e já foi fraudada, como acusa Bolsonaro.
Que, não por acaso, diz que só Deus o tirará da cadeia presidencial. Como Deus não tem título de eleitor….
Uma vitória de Lula só terá segurança se lhe der uma vantagem à prova de golpes.