UOL confirma que delação fez Marcelo e Emílio Odebrecht romperem

Como se afirmou aqui, ontem, a delação de Marcelo Odebrecht (e de outros executivos do grupo) foi uma imposição de seu pai e dono de fato da empresa, Emílio. Extensa reportagem do UOL, conduzida pelos repórteres Flávio Costa, Leandro Prazeres e Vinicius Konchinski conta em detalhes esta história obscura.

A história de traição, negócios e “salvação do dinheiro” da Lava Jato encontra, agora, o lado mais infame: o conflito num clã familiar poderoso, com o velho general tomando o comando do jovem comandante para salvar o que lhe for possível do império empresarial.

E os desdobramentos que isso trará: para Emílio, com as delações a as multas bilionárias encerrando a história policial e restando á frente a liquidação dos negócios de forma mais vantajosa. Para Marcelo, depois de 19 meses na prisão, mais um ano de cadeia e o exílio eterno dos negócios da empresa que tanto quis comandar.

Não é preciso ser um grande estrategista para entender que, para Marcelo, as únicas e poucas esperanças de ter melhor sorte e sair da armadilha de coação em que foi posto em Curitiba é entregar todos os que possuem foro privilegiado e passar seu destino para as mãos do STF. Leia-se, então, como se disse ontem, todos os homens do governo Michel Temer, inclusive o próprio, a quem Emílio Odebrecht, em nome dos negócios, preferiria poupar.

Leia a reportagem:

Delação causa rompimento
entre Marcelo e Emílio Odebrecht

Flávio Costa, Leandro Prazeres e Vinicius Konchinski 

O acordo de delação premiada da Odebrecht causou o rompimento das relações entre o ex-presidente e herdeiro do grupo empresarial, Marcelo Odebrecht, e seu pai, Emílio, presidente do Conselho de Administração do conglomerado. A informação foi confirmada ao UOL por cinco pessoas ligadas à Operação Lava Jato ou à Odebrecht, sob a condição de terem suas identidades preservadas.

“Marcelo sente-se injustiçado. Ele se vê como um bode expiatório. Acha que pagará o preço mais alto entre todos os envolvidos na Lava Jato também porque seu pai aceitou delatá-lo”, afirmou ao UOL um funcionário de alto escalão da Odebrecht.

“Marcelo pagava mesmo propina e, de certa forma, desafiava as autoridades que poderiam o incriminar. Emílio, por sua vez, era mais conservador. Cometeu e sabia de ilegalidades, mas era mais contido”, acrescentou.

Na última sexta-feira (27), Marcelo Odebrecht ratificou a um juiz auxiliar do STF (Supremo Tribunal Federal) o depoimento feito a procuradores da operação e confirmou os termos de seu acordo de delação premiada.

Colaborar com os investigadores foi uma derrota pessoal de Marcelo e uma vitória de seu pai, além de abrir a crise de relacionamento entre os dois protagonistas do clã baiano de origem germânica. Nos primeiros meses após sua prisão –ocorrida em junho de 2015, durante a 14ª fase da operação–, o executivo insistia em negar as acusações e rejeitava aderir a um acordo. Emílio, por sua vez, decidiu rapidamente pela delação como forma de preservar a empresa.

Grupo de Emilio versus grupo de Marcelo

Na primeira visita que fez a Marcelo na prisão em Curitiba, em setembro de 2015, Emílio o sugeriu que optasse por delatar, hipótese repelida pelo filho, como revelou a revista “Piauí”. Marcelo está detido na carceragem da sede da Polícia Federal em Curitiba. “Em determinado momento, ele reclamou de que o pai não aparecia para visita-lo”, disse um investigador da Lava Jato.

“Este assunto [a delação] estremeceu a relação entre ambos. Havia dois grupos na empresa: o de Marcelo, que não queria a delação de jeito nenhum, e o de Emílio, que achava a delação a melhor saída”, disse um membro do Conselho de Administração da Odebrecht. “Venceu a tese de Emílio.”

A descoberta pela Polícia Federal do setor de “operações estruturadas”, responsável pela sistematização do pagamento de propinas, em março de 2016, e a crise financeira que atingiu o grupo aumentaram a pressão sobre Marcelo.

Emílio tomou a iniciativa de procurar um acordo com as autoridades. Em maio de 2016, a empresa firmou o termo de confidencialidade, o que deu início às negociações para as delações premiadas, que estão a um passo de serem homologadas pela presidente do STF, ministra Carmen Lúcia. Todos os 77 delatores ligados à empresa ratificaram seus depoimentos à Justiça até sexta-feira.

Leia aqui o complemento da reportagem.

Fernando Brito:

View Comments (9)

  • A delação vai morrer no STF, antro do golpismo, não deixarão o governo Temer cair, pois estão dentro desse lamaçal até o pescoço, A Carmem já deve ter conversado com os Marinhos para se aconselhar, tudo vai ficar em sigilo. Daqui a 50 anos saberemos a verdade. Esse é o Brasil.

    • DISCORDO. o Temer VAI CAIR SIM! aliás,o Temer cairá por que a Midia quer.

  • > Não é preciso ser um grande estrategista para entender que, para Marcelo,
    > as únicas e poucas esperanças de ter melhor sorte e sair da armadilha de
    > coação em que foi posto em Curitiba é entregar todos os que possuem foro
    > privilegiado e passar seu destino para as mãos do STF.

    Mas apenas os delatados com foro privilegiado vão para o STF, certo?

    Se não fosse assim, bastaria qualquer um dos refens de Moro denunciar um deputado ou senador para ter o caso inteiro enviado para o STF.

    Mas eles não fazem isso.

  • É a consequência inevitável de uma campanha de ódio da qual somos cercados todos os dias. Chega à intimidade do lar, dos lares, destrói o que encontra pela frente. Chegou à família Odebrecht. Tenhamos cuidado para não alcançar as nossas famílias.

    • Pobrezinhos, ô dó! Pessoas tão bacanas. Quase não enriqueceram roubando o povo brasileiro...

  • Enriquecidos na época da ditadura , Emílio já era um grande pagador de propina , generais, almirantes , e brigadeiros e toda turma de baixo mortos e os que restam vivos , sabiam e sabem de quem se trata. Há época os americanos não se importaram em ajuda los com tecnologias e outros apoios , agora como a cria cresceu e está tirando mercado das empresas americanas no mundo, foi preciso fazer um acordo , o departamento de justiça americano com o judiciário brasileiro via Curitiba foi a brecha achada pela CIA fornecendo informações sobre a empresa e sua atuação em outros países . Possivelmente apartir da atuação da Odebrecht nos EUA ." Se eles fazem aqui , imaginem no Brasil. Essa atuação do departamento de Justiça Americano inicia se com as primeiras viagens de Sérgio Moro aos estados unidos , bem antes da lava jato ser deflagada. E não é teoria da conspiração.

    • Infelizmente isso é verdade. Triste ver gente defendendo Moro e sua turminha americanizada.

  • Agora na PGR Janot inclue o pedalinho do Lula nas delações e some com uma grande parte dos nomes citados. Eu até daria parabéns ao Departamento de Estado Americano, mas passar a perna em brasileiro é muito fácil.

  • Crise na família metralha. Esses safados roubam o país há décadas...

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