Vai, Cardozo, a Dilma tá bufando com você

Gilberto Carvalho – e não há ninguém quem o conheça que discorde disso – é uma pessoa extremamente gentil e educada.

Mas isso não quer dizer que não enfrente os problemas e fale português claro sobre eles.

Coube a ele enfrentar o justo protesto das lideranças indígenas, ontem, contra as violências e o assassinato de um índio ocorrido na reintegração de posse de terras ocupadas pelos terenas, em Sidrolândia, Mato Grosso do Sul.

Ele o fez e fez com a força que a verdade tem.

Por isso, é doloroso ver que a dupla José Eduardo Cardozo-Secom  tenha trabalhado nas intrigas e levado Carvalho ao constrangimento de ter de dizer que foi um “equívoco” sua afirmação de que a Presidenta Dilma Roussef teria dito para desobedecer uma ordem judicial.

O que Gilberto Carvalho disse não tem nada de absurdo:

— Essa desgraça dessa morte do terena, um juiz de primeira instância mandou fazer a reintegração de posse, e a presidenta falou para o ministro que não devia ter obedecido. Uma operação daquelas fatalmente daria em morte. Nós não queremos isso. 

É óbvio que a ordem não deveria ser obedecida de afogadilho, na truculência, sem um pedido ao Ministério Público que obtivesse a sustação temporária da ordem, sem a preparação de uma situação que expusesse a riscos mínimos a integridade física daqueles brasileiros pobres, miseráveis, que não tem nada de seu e que vivem, na maioria, de culturas de subsistência e de vender suas cerâmicas.

Obedecer a ordem judicial sem isso é o que fez a polícia de São Paulo na desocupação do Pinheirinho.

Cumpra-se, bata-se, mate-se.

O Ministro da Justiça, tão pressuroso quando se trata de desautorizar a Comissão da Verdade de questionar a inimputabilidade dos torturadores da ditadura, ou em dar entrevistas à Veja, não estava lá.

Agora, diante da irritação da Presidente, embarcou para o Mato Grosso do Sul, passa assumir, tardiamente, suas responsabilidades.

Mas isso, para quem gostou das luzes dos salões e das colunas sociais, é programa de índio.