O dado mais importante das pesquisas de intenção de voto para presidente que acabam de ser divulgados na pesquisa Globo/Ipec são, sem dúvida, os relativos a São Paulo, onde está quase um quarto dos eleitores do país.
A vantagem que Lula abre, com 44%, sobre Bolsonaro – que tem 28% – chega a ser ligeiramente maior do que aquela que teve na única eleição em que venceu entre os paulistas, em 2002.
É necessário afirmar que isso só é possível porque Geraldo Alckmin, ao menos no eleitorado paulista, está fazendo diferença. Não tenho a divisão entre região metropolitana e interior, mas o crescimento de Fernando Haddad no eleitorado das cidades do interior indica que o mesmo diferencial está sendo observado na eleição nacional.
A fraqueza de Rodrigo Garcia, que deixa órfãos prefeitos e vereadores do interior pode produzir até mais alguma importância para o “fator Alckmin”.
Em Minas, a vantagem lulista segue igual à pesquisa anterior, variando dentro da margem de erro (+1%) e ficando nos mesmos 16 pontos do levantamento anterior.
O empate técnico no Rio de Janeiro (39% para Bolsonaro e 38% para Lula) é o acorde dissonante nos grandes centros, resultado da fraqueza da candidatura de Marcelo Freixo – que tem um fraco desempenho pessoal e uma campanha quase invisível, diante da avalanche de propaganda de Cláudio Castro e do quase manu militari com que funciona a extensão política das milícias, polícias e tráfico aqui por nossas bandas.
Lula terá de pegá-lo pelo braço e levá-lo para o povão, especialmente na Baixada Fluminense e em São Gonçalo, os grandes colégios eleitorais fora da capital, como começa a fazer na quinta feira, com um comício em Nova Iguaçu.
O Rio de Janeiro está submetido a um escória clientelista semelhante à que vivemos até 1982 (e agora com todas as cumplicidades com milícias e polícias) e que só a força de Brizola conseguiu romper, como agora Lula pode ajudar a fazer.
Há outro sinal no levantamento que merece atenção. Nos principais colégios do país, ainda que na margem de erro, Ciro Gomes perdeu pontos (destaque para SP, onde foram três). É provável que já tenha começado o processo de migração de seus eleitores, depois da “espuma” provocado por seu razoável desempenho na entrevista do Jornal Nacional e da boa atuação no debate da Band.
Tenho insistido que este eventos, que mexem com a superfície da disputa, não alteram as águas profundas da eleição e podem atrasar, mas não anular, o posicionamento da imensa maioria dos eleitores entre a disputa que verdadeiramente há: Lula x Bolsonaro.