O Brasil já fez muitas acordos de cooperação militar-econômica com os Estados Unidos.
A entrada da FEB na 2ª Guerra teve a construção de nossa primeira aciaria, Volta Redonda, chave para a industrialização, como parte do entendimento; A criação do BNDE (depois BNDES), igualmente voltada para nossa industrialização, tem raízes na Comissão Militar Brasil-Estados Unidos, que se frustraram no seu desejo de nos arrastar o país à Guerra da Coreia; no sentido inverso, o tratado militar Brasil-Estados Unidos foi rompido pelo governo Geisel por conta de nosso acordo com a Alemanha, que permitiu o acesso do Brasil à tecnologia nacional, até então extremamente limitado pelos norte-americanos.
Agora, a Folha revela que os EUA nos oferece um novo acordo, não se sabe em que exatos termos mas, aparentemente, sempre com as restrições tecnológicas que sempre querem impor, em troca da proibição da chinesa Huawei na implantação das vitais redes de internet 5G, nas quais os chineses oferecem vantagens de preço, qualidade e rapidez, porque usam as mesmas platafomas e sistemas já utilizados nas redes atuais de transmissão de dados. Tanto é assim que as próprias teles instaladas no Brasil apoiam abertamente o uso de equipamentos da Huawei.
O “prêmio” (ou o preço) seria a adesão do Brasil à anacrônica Otan (tratado de cooperação do Atlântico Norte, leia-se EUA-Europa) permitindo a compra de armamento (norte-americano) e, a conformação do nossos material bélico aos padrões e tecnologia dos EUA. Nenhuma razão para supor que, nisto, possa haver transferência de tecnologia, e também de generosas “boquinhas” de treinamento de oficiais no exterior.
O grosso disso, como sempre ocorre, é mandarem para cá tanques obsoletos, que não têm mais serventia para o US Army.
Nem é preciso dizer que o veto ao uso de tecnologia e equipamentos de transmissão vai ser recebido como uma afronta pelos chineses, hoje nossos maiores parceiros comerciais, sobretudo nas commodities, nas quais respondem, disparado, pelas compras, até porque os EUA não são compradores, mas nossos competidores, em soja e milho e, mesmo no minério, compram fortemente no Canadá, seu vizinho, e da Coreia, sua aliada essencial.
É difícil, apesar de Biden procurar reaquecer a guerra comercial com a China, que isso prospere, pelo desgaste que tem a imagem do Brasil de Bolsonaro – em matéria institucional e ambiental – nao só no público liberal do EUA como, também, na Europa, onde a maioria do Parlamento Europeu já anunciou a intenção de suspender o acordo com o Mercosul por conta de seu afastamento do governo brasileiro.