Vermelho de sangue, vermelho de vergonha

Um dos donos do Centrão, o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros, declarou à Globonews que a situação da pandemia no Brasil “não é tão crítica assim. Comparada a outros países, é uma situação até confortável”.

O roliço general Eduardo Pazuello diz agora mesmo na Fiocruz (que vergonha ter uma figura destas na Casa de Oswaldo Cruz!) que a solução “está na consciência de cada um”, usando máscara, lavando as mãos”.

Bem, se é assim, estamos bem, porque em matéria de lavar as mãos temos autoridades que o fazem melhor que Pilatos.

Os hospitais, por todo o país, se esgotam. O mapa da lotação das UTIs, feito pela Fiocruz, com todo o território nacional coberto da cor indicativa de que entraram em colapso os hospitais de todo o país, mostram que, afinal, temos tempos o Brasil da cor que disseram que jamais seria: vermelho.

Pois está. Está vermelho de sangue, vermelho de vergonha, vermelho de morte.

Só não estamos, pelo menos na cara de nossos dirigentes, vermelhos de vergonha, de cinismo, de omissão.

“Nada será resolvido na base do cacete. Vamos resolver na base do diálogo”, diz o sr. Queiroga, passeando com o renitente Pazuello, que ainda se estufa de ministro. Quem é que porta cacetes, senhor quase ministro, senão as turbas que ameaçam até a casa da mãe de governadores que decretam as mais tímidas medidas retritivas?

O senhor vai dialogar, por acaso, com o vírus e suas variantes? Vai pedir para ele “pegar mais leve”? Quem sabe funciona, não é?

Qual é a razão de não decretar o fechamento de todas as atividades essenciais (essenciais mesmo, não a penca arranjada por Bolsonaro para nada fechar), proibir por um mês as demissões, com crédito de emergência para as folhas de pessoal (algo que está além do poder de governadores e prefeitos) e retardar o avanço da morte até que as vacinas “Canaã”, distantes como a Terra Prometida, comecem a chegar, como eles próprios prometem?

Estamos, ao contrário, vendo o festim dos canalhas, a alegria e o descompromisso dos que abocanharam o Estado brasileiro para seu uso próprio, seus cargos, influências, negócios e vantagens.

A máquina do Governo está empenhada demais em perseguir um influencer e um sociólogo que chamaram Bolsonaro de genocida e de pequi roído, expressão goiana que significa coisa sem valor. Pois o que é senão um pequi roído genocida que assiste à morte de quase 3 mil pessoas em um único dia e permanece calado e mandando “dar continuidade” à dança mortal que envolveu o Brasil?

Qual é a liberdade que esta gente defende? A de andar de pistola, de fuzil como puseram no “Zé Gotinha”, é ir buzinar na frente dos hospitais, é ameaçar pessoas dando tiros de covarde, aqueles que se dá em folhas de papelão e retratos?

É necessário traçar uma linha sanitária. É preciso chama-los pelo nome de mandantes de um assassinato em massa.

 

 

 

 

 

 

 

Fernando Brito:
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