A visão tecnocrática da Previdência beira a misoginia: “Mulher custa mais caro”

Num país de mais de 200 milhões de habitantes, com o grau de injustiças sociais que tem, com a disparidade monstruosa de renda, condições de trabalho, educação, moradia e tudo o que se pode imaginar, ser exclusivamente “técnico” é o mesmo que exercer a monstruosidade social.

A entrevista de Marcelo Caetano à Folha – abordei a de O Globo no post anterior – mostra perfeitamente como os “cabeça de planilha” – como os chama Luís Nassif – reduz a condição de economista á de um guarda-livros com fundamentos teóricos.

“O custo da mulher para a Previdência Social é maior porque ela vive mais tempo” é uma frase não  correta contabilmente quanto socialmente é atroz . Tem a “grandeza” humana do patrão que diz que não quer contratar mulheres porque “embucham”.

“A Previdência não vai resolver o problema de gênero no Brasil nem nenhuma outra forma de discriminação. A mulher se aposentar antes que o homem é apenas um paliativo. O custo da mulher para a Previdência Social é maior que o do homem porque ela vive por mais tempo.
Do ponto de vista previdenciário, uma idade igual para se aposentar já é um subsídio para a mulher, porque o benefício será pago por mais tempo.

Não, senhor Marcelo, não é subsídio e não pode haver igualdade no trato laboral enquanto não houve, legalmente garantida, proteção estatal – ou subsídio, se o senhor prefere assim – a algo que a mulher faz e o homem não: engravidar, parir e amamentar.

O senhor, economista bem informado, sabe que apenas uma pequena parte das mulheres brasileiras está coberta pela licença-maternidade, as que – cada vez menos – têm vínculos formais de trabalho. Sabe que, seja por necessidade, seja por comportamento  cultural, é a ela que cabe, ao menos dos dois ou três primeiros anos, o cuidado com a primeira infância dos filhos.

Não sei se é do conhecimento dele, mas elas, as mulheres pobres, não têm babás, empregadas domésticas  ou creches à disposição e, quase sempre, não tem um marido pronto e disponível para dividir este período. Isso quando têm um pai presente.

Que isso não é o ideal, sabemos todos. Mas é o real.

Desconhecer o que é real e administrar a previdência no regime ideal das equações e fórmulas é negar o seu fundamento: dignificar a vida e o trabalho humano.

É mais, é pretender tratar como iguais aos desiguais, o que é a própria negação do princípio da igualdade. Igualdade numérica, senhor Marcelo, só é sempre igualdade no reino da Matemática, não na vida humana.

Caminhar para a igualdade, doutor, começa em reconhecer as desigualdades.

No caso da mulher, nem mesmo uma regra de transição se propôs: é uma paulada nas mulheres já maduras –  45 anos não é maturidade para quem, cara-pálida – que perderam meses ou anos de contribuição cuidando dos filhos e se vêm, agora, subitamente “premiadas” com o castigo de uma “igualdade” que não têm em lugar nenhum.

Uma mulher de 40 anos, que se afastou do trabalho por quatro anos para cuidar dos dois filhos pequenos, se tiver começado a trabalhar aos 18 anos – quanta os fazem, como empregadas domésticas, até antes disso? – vai ter de gramar no trabalho até os 71 anos, isso se não tiver qualquer falha no tempo de contribuição além do que deu aos filhos.

Como as pessoas humildes as têm, esta mulher trabalhará até os 74, 75 anos.

Nem o pessoal do Estado Islâmico seria capaz de tanta “igualdade de gênero”.

Fernando Brito:

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  • "A genitora deste cara me saiu barato, na verdade uma janta. Já a maninha, essa quase me quebrou, e deixou a desejar."
    O elemento do Temer diz uma barbaridade e não é exonerado. Dir-me-ia o mi$hell que botou ele lá pra isso mesmo.

  • Será que um FDP dessa envergadura tem mãe? Ou é fruto de uma diarreia incontrolável?

  • Brito tocou num ponto crucial: mulheres precisam da proteção estatal porque só elas podem gestar e dar à luz novas pessoas para o País. Um governo que dificulta a vida das mulheres pode acabar num desespero semelhante ao do governo japonês, onde muitas mulheres estão simplesmente se recusando a ter filhos, derrubando o crescimento demográfico do país e, por consequência, a mão-de-obra e as contribuições previdenciárias.

  • Não concordo que seja uma visão TÉCNICA .Acho que é mais uma das visões TECNOCANALHAS que um VIGARISTA COMO ESSE,pode produzir.E o que é pior,o VIGARISTA deve ser de classe bem abaixo do que aparenta. Esse tipo de gente,é outro,que como afirmou o sr.Ciro Gomes,ao respeito do tal PARENTE,deveria estar PRESO E ALGEMADO COM AS MÃOS NAS COSTAS ! Mas estão ambos,soltos.

  • Alguém aí manda o amigo do Sr. Mario Gonçalves, do comentário acima, procurar um professor de matemática. Urgente!

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