A visão torta da previdência que o “mercado” impõe

Uma reportagem no Estadão mostra o quanto há uma visão distorcida dos problemas previdenciários no Brasil, visão que é distorcida pela lógica de “mercado” e elitista.

No Estadão, afirma-se que:

A fixação de uma idade mínima de 65 anos para todas as aposentadorias no Brasil pode amenizar a desigualdade regional na concessão de benefícios, de acordo com estudo do consultor do Senado Pedro Nery. Hoje, mais de 20% dos trabalhadores das Regiões Sul e Sudeste se aposentam por tempo de contribuição, muito antes da idade mínima proposta, e usufruem do benefício por mais tempo, uma vez que têm expectativa de vida maior. Já no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, os trabalhadores se aposentam com uma idade média entre 63 e 64 anos, próximo ao que o governo apresentou na reforma da Previdência, encaminhada no fim do ano passado ao Congresso Nacional.

Os dados são estes, estão corretos. O que está errada é a visão sobre “desigualdade regional”. E, sobretudo, pela finalidade da previdência: fazer com que haja um mínimo de dignidade na velhice, seja a quem for e aonde for.

Os aposentados no Centro-Oeste, Norte e Nordeste, em parcela muito maior oriundos do trabalho rural, não se aposentam por tempo de contribuição  não porque não tenham trabalhado, mas porque o fizeram em relações informais que não geravam recolhimento previdenciário. Suas aposentadorias, por isso, são mais tardias e têm valor médio muito inferior às das regiões Sul e Sudeste.

O estudo deixa de levar em conta que, pelas novas regras propostas para a aposentadoria por idade , o tempo mínimo de contribuição passaria  de 15 anos para 25 anos, inclusive para os agricultores familiares. O resultado prático é que se atingirá os 60 ou 65 anos (mulheres/homens) sem que se possa ter direito à aposentadoria, porque só uma minoria tem condições de manter contribuição por 25 anos.

Para uma parcela expressiva deles, pela expectativa de vida mais baixa, significará a morte sem aposentadoria. Só mesmo diante de um ponto de vista diabolicamente “técnico” isso pode ser visto como “economia” previdenciária.

A renda de aposentadoria nestas regiões cairá em volume. A médio prazo, sobretudo nas comunidades menores do Norte-Nordeste, onde as aposentadorias representam grande – senão a maior – parte dos recursos que lá circulam, isso vai alimentar mais pobreza e mais êxodo.

É o contrário de qualquer visão responsável de previdência social que é compreendida por qualquer estudioso de economia como uma ferramenta de distribuição de renda, não de concentração.

 

Fernando Brito:

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  • Sugestão - Deve ser criada a modalidade: Aposentadoria para defunto. Funciona assim: deposita-se na conta do defunto e ele poderá sacar em qualquer agência do Banco Itaú, patrocinador número 1 da Globo, no além ou aguardar a próxima encarnação para ressarcir o seu aposento. Tudo resolvido, simples, não é mesmo?

  • Não precisa ser um gênio para saber que a maioria de fraudes financeiras locais e globais aconteceram com todo suporte de grande mídias.
    Benefício mutuo.

  • Estão tentando incentivar previdência privada para agradar os agiotas do mercado onde possivelmente o tempo de resgate será menor.
    Socialismo para os bancos, capitalismo para os pobres.

  • Não adianta. O ser humano não vale nada mesmo para a direita neoliberal.

  • Aqueles que tornam impossível uma solução pacífica e democrática contra o golpe e contra a crise implantada tornam inevitável uma solução violenta.
    tic tac tic tac

  • A previdência privada é uma mina para os bancos amontoarem ainda mais lucros. Este é o X da questão.
    -
    Assim, é preciso inviabilizar o acesso à previdência pública - única realmente confiável e viável e que pode garantir a jubilação ao trabalhador e à trabalhadora em sua velhice -, para que as pessoas sintam a necessidade de recorrer à previdência privada.
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    Se for bem atendida pela previdência pública, a grande maioria dos trabalhadores não se interessará por planos privados de aposentadoria.

  • Daqui a pouco dirão de uma vez: "É o seguinte...pobre que se exploda!" porque o quê se entende nas entrelinhas é isto mesmo: pobre tem que morrer antes de se aposentar (as castas podem usufruir), mas para quem acha que os presos = bandidos tem mesmo é que se matar dentro das penitenciárias penitenciárias (estando os mesmos sob CUSTÓDIA do Estado, leia-se RESPONSABILIDADE) é algo "natural", aliás são os mesmos que também acham que pobre nem deveria estudar (e se dizem representantes do mesmo povo). temos neste país, hoje, um claro processo de desumanização!

  • Obviamente esses trabalhadores que não tem condições de contribuir por 25 anos devem ter um regime diferenciado de alguma forma. Mas isso é tapar o sol com a peneira. O que deve ser feito, de fato, é atacar a causa do problema. Porque esses trabalhadores não tem condições de contribuir? Aí sim estaremos de fato trilhando um caminho sustentável. Aposto que boa parte da resposta dessa questão gira em torno da educação...

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