Em 1962, o jovem Wanderley Guilherme publicou um livro intitulado “Quem dará o golpe no Brasil?”, no qual traçava, quase em detalhes, como seria aplicado o golpe de Estado de 1964.
Há muitas semelhanças com os movimentos de hoje.
Assim como hoje, havia o sentimento justiceiro, udenista, contra a corrupção.
Assim como hoje, havia o apoio do governador de São Paulo.
Assim como hoje, havia o apoio ostensivo da mídia.
Assim como hoje, a decisão ficou à cargo do centro parlamentar conservador (antes PSD, agora PMDB), afinal convencido a golpes de marchas de rua e editoriais agressivos.
Passam-se trinta anos e o professor Wanderley Guilherme lança um segundo alerta de golpe.
Wanderley especula sobre uma evidência política: o golpe tucano-midiático apenas se concretizará se contar com o apoio do PMDB.
O próprio PSDB já entendeu isso. Diz o professor:
“(…) sem o PMDB o PSDB golpista não é nada. Por isso a tentativa de se aproximar dele está sendo o lance mais inteligente do golpismo tucano, à margem da histeria dos líderes de panelaços. Há um PMDB, ainda minoritário, que o aguarda de braços abertos, eis o potencial explosivo de curto prazo.”
A grande mídia também já entendeu, e a capa da Época, com a foto das três principais lideranças do PMDB, Temer, Renan e Cunha, prova que ela já começou a operação para desmontar o que podemos chamar de penúltima defesa do governo.
Digo penúltima porque ainda teríamos, em tese, uma última defesa: as ruas.
Mas com um governo que parece desprezar o seu próprio eleitorado, há dúvidas sobre o poder das ruas em sua defesa.
***
ALERTA
Por Wanderley Guilherme dos Santos, em seu blog.
Golpes parlamentares ou do judiciário são possíveis, sim. Nem sempre promovidos pelos que deles fazem propaganda. Em 64 foi preciso uma “vaca fardada” se mover sem saber direito aonde ia e os oportunistas lhe deram o sentido que desejavam: contra a Constituição e a ordem legal. A começar pela declaração do Senado de vacância da Presidência com o presidente João Goulart ainda em território nacional, senha de que o Partido Social Democrata, centro-conservador, aderira ao esbulho. O resto foi um jogo de dominó.
Hoje, como então, os ressentidos crônicos, sob a liderança do PSDB, não dispõem do apoio firme de organizações responsáveis nem de mobilização voluntária de grandes segmentos sociais. Mais importante de tudo: é patente que o PSDB deixou de ser uma sigla respeitável, adquirindo a reputação de aventureira ao se submeter ao radicalismo institucional do senador Aécio Neves em busca de hegemonia interna contra o governador de São Paulo, Geraldo Alkmin, e o senador José Serra. O descalabro verbal e o desequilíbrio de julgamento do senador reduz a confiança na capacidade tucana de manter a serenidade exigida no comando da República. O PSDB é impotente para violar as regras atuais da política.
Até bem pouco, o PMDB nada lucraria com manobras instalando o PSDB no poder, sobretudo se em decorrência de movimentos ideologicamente moralizantes, autorizado a arbitrariedades e vinganças. Do cálculo de custos e benefícios do PMDB serão ou não alimentadas a direção e a força das arremetidas tucanas. Partido singular, do qual todos os governantes dependem e de que todos buscam aparentar distância. Os puristas resistem a aceitar a dinâmica política brasileira em sua carne viva e agem como se não existissem alguns dos principais agentes desse processo. Poucos se dão conta do especial papel que o acaso institucional lhe reservou: sem o PMDB o PSDB golpista não é nada. Por isso a tentativa de se aproximar dele está sendo o lance mais inteligente do golpismo tucano, à margem da histeria dos líderes de panelaços. Há um PMDB, ainda minoritário, que o aguarda de braços abertos, eis o potencial explosivo de curto prazo.
Dizem que o mandato de Dilma Rousseff pode sucumbir por petardos do Tribunal de Contas, da Policia Federal ou do Tribunal Superior Eleitoral. Muito duvidoso, sem a adesão, outra vez, do PMDB. Mas a democracia brasileira não estará segura ainda que Dilma Rousseff supere as pesquisas altamente desfavoráveis do momento. Para mim, a esfinge é uma dúvida: o Supremo Tribunal Federal engolirá outra vitória petista em 2018?
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E guerra civil? Tem alguém preocupado com guerra civil ou só se pensou nos louros?
Nao acredito que o povo nao irá às ruas defender o governo, nao. A cabeça da populaçao contra os trabalhistas já vem sendo feita pela mídia há muito tempo. O silencio do governo só piorou as coisas.
O PMBD sempre foi oportunista e nao vai segurar a onda da Dilma contra o golpe. Se o PMDB fosse composto de gente como o Requiao ou o Temer aí, sim, teríamos chance.Ledo engano.
A única resistencia legítima e eficaz para evitar a derrubada do governo seria o povo, os movimentos sociais, os sindicatos, etcs, ir para as ruas dizer a sua vontade, só que esse 2° mandato da Dilma perdeu totalmente a conexao com essas forças.
Sem unidade a esquerda ficou desarticulada e o tempo passou.
GMendess está de plantao, gente..
A oposiçao está articulada em todas as frentes e o judiciário é aquele que vai dar a pá de cal nesse golpe - o verniz da legalidade.
Nunca vou entender os motivos que levaram Dilma a ser tao refratária quanto ao golpe que se armava contra o seu governo; a adoçao do silencio como estratégia;
a entregr da conduçao do governo ao projeto derrotado nas urnas; a manutençao do mercadante e do zé como ministros, já que eles já tinham dadoprova de que eram ruisn; a nomeaçao do Delcídio para o ministerio de Minas e energia, já que ele é contra a Petrobras como operadora única do pré-sal; a nomeaçao de Katia Abreu, represetantante do agronegócio, que nao dá menor importancia para a agricultura familiar e, ainda por cima, tem o displante de afirmar que o Brasil nao tem latifundio; a nomeaçao e manutençao até o último momento de Graça Foster à frente da nossa maior empresa estatal, depois dela ter dado provas de que nao estava à altura de defender a Petrobras dos que queriam e querem a sua derrota.
Talvez um dia a gente fique sabendo os motivos que levaram a Dilma a ter sido tao resistente e ter adotado as posiçoes que defendeu até o fim.
Infelizmente, acredito que esses motivos venham, sim, à tona, só que a oposiçao quer que ela faça isso fora do cargo, fora do governo, e ela demorou pacas prá perceber isso. Acredito tenha sido tarde.
Sinto muito pelo Lula, o melhor presidente que já tivemos. Esse autismo do governo Dilma o atingiu em cheio.
Prezada Luíza,
É cedo para jogar a toalha. E é muito cedo para julgar a Dilma.
É notório que a Dilma, o Lula e o PT estão tentando administrar a campanha do golpe. Radicalizar neste momento não ajuda o governo. O próprio Lula teria dito que ainda não chegou a hora do confronto. E não chegou mesmo.
Os processos no TCU e no TSE, por enquanto, estão seguindo um caminho dentro da legalidade. Não vamos antecipar os resultados. Por tudo que sabemos, em nenhum dos casos haverá justificativa para impeachment ou cassação. Esperamos que, nos dois casos, a decisão seja justa, sem nenhuma tentativa de anular o resultado da eleição.
Fora disso, é só barulho e fumaça da direita e da mídia. Querem consumar o fato antes de o fato se consumar. Querem nos derrotar antecipadamente. Querem que joguemos a toalha.
Luíza,
Os ministros são esses porque não foi o PT sozinho que ganhou a eleição, mas foi a coalizão do PT com vários outros partidos. Infelizmente, a Dilma fica obrigada a dividir o governo com outras forças, que também venceram as eleições e ajudaram a Dilma a ser eleita.
E não é só isso. Nós elegemos a Dilma, mas também elegemos esse Congresso. Essa culpa é nossa.
um Golpe de um setor da elite vagabunda que sempre viveu de golpes...enquanto a grande maioria do povo trabalha
Um golpe contra o governo Dilma tem cheiro de pólvora e eles sabem disto. A democracia esta madura para resistir a essas desmioladas ações da bandidagem do PSDB. Não é porque o governo na interage com os movimentos sociais, com a população que esta não reagirá. Os alvos podem ser o endereço dos golpistas. Que eles não se aventurem! Não será bom para o país. Não será bom para o país. Não será bom para eles. Mas, sobretudo, não será bom para eles.
Um golpe contra o governo Dilma tem cheiro de pólvora e eles sabem disto. A democracia esta madura para resistir a essas desmioladas ações da bandidagem do PSDB. Não é porque o governo não interage com os movimentos sociais, com a população que esta não reagirá. Os alvos podem ser o endereço dos golpistas. Que eles não se aventurem! Não será bom para o país. Não será bom para o povos. Não será bom para eles. Mas, sobretudo, não será bom para a democracia.
“Mas com um governo que parece desprezar o seu próprio eleitorado, há dúvidas sobre o poder das ruas em sua defesa.”
Um governo que parece desprezar o seu próprio eleitorado????
Quanta injustiça, seu Miguel do Rosário!!
A sua frase é ofensiva e absurdamente injusta com a Dilma.
Além de injusto, o senhor está dando uma grande ajuda à direita e aos golpistas, tentando fragilizar ainda mais a Dilma e o seu governo junto ao “seu próprio eleitorado”.
Menos, seu Miguel, menos!
Eu acho que o golpe já está acontecendo, não existe uma notícia boa sobre o Brasil. Já tem muito tempo que oposição não sai da mídia e ambos ficam o tempo todo falando mal do Brasil e do PT.Mas tem que saber também como a classe artística, as pessoas de bem influentes, o papa, os governos da América do sul e do mundo, ... vão reagir.
mais uma noticia que a mídia podre não mostra:
http://br29.com.br/ministro-que-ameaca-rejeitar-as-contas-de-dilma-e-denunciado-por-recebimento-de-propina/
Ministro que ameaça rejeitar as contas de Dilma é denunciado por recebimento de propina
O ministro (“adorado” pela oposição) Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU), autor de um relatório em que aponta irregularidades nas contas do governo federal em 2014 (as chamadas ‘pedaladas fiscais’) teve o nome envolvido em denúncias de propina em obras públicas em documentos apreendidos com executivos da Camargo Corrêa.
A denúncia foi feita pela revista Carta Capital. A reportagem cita um “termo de acordo” de 500 mil reais de Nardes com o ex-diretor do DNIT( Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luiz Antonio Pagot, e com o PP, o partido do ministro.
O caso do cartel das empreiteiras que prestam serviços à Petrobras, investigado pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, envolveu recentemente o nome do presidente do tribunal, Aroldo Cedraz, tornando ainda mais fragilizada a credibilidade da instituição que investiga Dilma.
O empresário Ricardo Pessoa, em delação premiada, revelou à Justiça que pagava R$ 50 mil por mês ao advogado Tiago Cedraz, filho do ministro, para obter informações privilegiadas que dissessem respeito à sua empresa.
(com informações do Brasil247 e Carta Capital)