Era fácil de prever, porque nosso mecanismo de registros de eventos relativos à Covid-19 (contágios, óbitos, internações) é, desde o início da pandemia, extremanente burocrático e incapaz de resolver ao menos os simples problemas de finais de semana, o que leva a uma “queda” artificial que descalibra todos os raros mecanismos de acompanhamento da evolução epidemiológica.
E foi assim que aconteceu, com as 1.248 mortes registradas no balanço de hoje do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde, o pior número desde 25 de agosto, quando foram anotadas 1.271 mortes.
Portanto, a marca de 200 mil mortes será alcançada na quinta ou na sexta-feira, numa escalada que passa ao largo das brigas políticas e à baderna administrativa que se tornou o programa de compras de vacinas do governo brasileiro.
E o presidente da República, depois de declarar que “o país está quebrado” segue eu seu charlatanismo epidemiológico, publicando tuítes onde repete o que algum áulico fundamentalista soprou-lhe ao ouvido.
Agora, é o programa que ministra Ivermectina em países africanos para combater a Oncocercose – inflamação causada por uma espécie de lombriga, comum na África, transmitida por moscas de rio – o responsável pelos números mais baixos de mortes em países africanos: ” a distribuição em massa da ivermectina pode ser a responsável pela baixa mortalidade da Covid-19 nesses países” proclama Bolsonaro, certamente candidato ao Nobel de Medicina pelas suas “descobertas” terapêuticas.
Enquanto ele faz isso, o recém-empossado prefeito de Manaus anuncia a construção emergencial de 6 mil covas, para que as “famílias possam ter seus entes queridos sepultados de forma digna”.