O remake do circo de horrores exibido nesse 13 de março, nas principais avenidas do país, é a prova mais concreta de que formação acadêmica, boa moradia e o acesso à informação não são suficientes para pessoas bem alimentadas terem consciência de país.
Vimos um festival de alucinações e um carnaval de informações desencontradas de quem leu, mas não entendeu (se leu), de quem viveu (viveu?), mas não aprendeu a viver.
A repetição incansável de histórias de peixes e de pescarias, de roubalheira desenfreada, de descaso com a corrupção e de uma suposta quadrilha formada por uma força do mal é a prova final de que essas pessoas que saíram ontem pra protestar não têm a menor idéia do que pensam e dizem.
Uma senhora, depois de posar para foto com a policia, disse que estava emocionada, pois nunca havia visto um policial assim de perto. Onde essa senhora vivia? Em que mundo essa gente vive?
Sendo franco, os discursos proferidos e as entrevistas concedidas por pessoas a cima de qualquer suspeita mostram os debates vencidos pelo tempo – que voltaram à tona ontem – de uma sociedade doente.
Bolsa Família é bolsa vagabundo, pobre só sabe beber cachaça e fazer filhos. Por fim, um mar de preconceitos de uma gente boçal e incapaz do mínimo de solidariedade com quem não teve a mesma ‘sorte’ de nascer onde nasceu.
(Aliás, os médicos cubanos foram lembrados ontem de novo.)
Além do absoluto analfabetismo político, ressalta a estupidez de pessoas fúteis que escancaram seu único interesse: manter seus privilégios.
Essa turma não percebeu que esse golpe em andamento tem a mesma motivação da guerra contra o ‘comunismo’ doutros tempos recentes. Essa turma não percebeu que ambos os combates são descendentes da luta do bem contra o mal dos tempos em que mocinhas, só pelo fato de terem olhos verdes e cabelos vermelhos, eram espetacularmente queimadas nas praças públicas sob os olhares suplicantes dos tementes (tenentes?) a deus.
Essa turma enxerga a vida pelo buraco da fechadura das universidades, das empresas, escritórios e salas de jantar. São as pessoas da sala de jantar.
Mas as pessoas na sala de jantar são ocupadas em nascer e morrer
O diabo tem as costas largas nas terras onde deus é desculpa para a garantia dos cautelosos e zelosos do seu pouco a pouco de eternidade.
Que a terra lhes seja leve.