14 mi de vacinas Covax são só ‘alocação indicativa’

A imprensa brasileira, que já embarcou no ‘conto do vigário’ da compra de 33 milhões de doses da vacina da Astrazêneca por empresas privadas – a seguir, posto o texto do Eli Gaspari onde ele descreve toda a picaretagem que, neste blog, desde o primeiro dia na história – corre o risco de fazer o mesmo com a história das 14 milhões de doses que a OMS estaria por nos entregar dentro do programa Covax Facility,

A nota do Ministério da Saúde tem a credibilidade que tem o seu autor, muito pouca, apesar de Jair Bolsonaro achar que Eduardo Pazzuelo é “um tremendo gestor”. Tanto que nela se escreve que “o governo federal reitera sua grande satisfação com os resultados exitosos da estratégia de acesso do Brasil às vacinas contra a Covid-19 desenhada ao longo de 2020”, quando até as pedras da estrada sabem que as vacinas são poucas e tardias.

O que o governo brasileiro recebeu foi, para usar os termos do que a Organização Mundial de Saúde anunciou que faria, em nota publicada no dia 22 deste mês, uma “alocação indicativa” do número de doses – de 10 a 14 milhões, que caberiam ao Brasil se forem cumpridas as previsões de entrega de vacinas que a organização firmou com o Serum Institute da Índia, para entrega de vacinas Astrazêneca (100 milhões de doses) das quais ” a maioria está marcada para entrega no primeiro trimestre do ano”.

Nesta nota, a OMS diz que, até o final de janeiro enviaria aos países uma “alocação indicativa” de quantas vacinas pretende destinar a cada um dos 191 países participantes do consórcio se as receber:

O Covax Facility pretende fornecer a todas as 190 economias participantes uma alocação indicativa de doses até o final deste mês. Esta alocação indicativa fornecerá orientação provisória aos participantes – oferecendo um cenário de planejamento mínimo para permitir os preparativos para a alocação final do número de doses que cada participante receberá nas primeiras rodadas de distribuição da vacina.

Nota-se, portanto, que está longe de ser uma previsão firme, com entrega garantida, tanto que a própria OMS – que não economiza entrevistas coletivas – não tornou pública nenhuma tabela com quantidades de doses e datas em que as distribuirá.

E por uma razão simples: não recebeu o imunizante e ainda está insegura sobre quando os receberá, em meio a esta “guerra mundial pela vacina” onde Estados Unidos e Europa buscam devorar cada dose existente.

Será que ninguém pediu uma cópia da tal carta enviada pela OMS ao Brasil? Se o fizer, verá que “não é bem assim” como se noticia.

Ou, quem sabe, nossa preferência seja pelo “me engana que eu gosto”.

 

 

Fernando Brito:
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