Se, para Lula, nada mudou no quadro de favoritismo eleitoral com a nova pesquisa Datafolha e, para Jair Bolsonaro, não pioraram as notícias ruins que as sondagens de intenção de voto vêm lhe dando, para os pretendentes ao lugar de desafiantes de uma polarização que, pelos dados de hoje, absorve 85% dos eleitores.
Ciro e Simone Tebet – que é mais citada pela mídia que pelos eleitores – não chegam a somar 10% das preferências eleitorais e, pior, não se movem para cima há meses.
Chegam às vésperas da campanha eleitoral sem uma posição que, eleitoralmente, os credencie a se tornarem uma opção de voto viável, o que só poderia acontecer, como se sonhou no ano passado, a uma degradação aguda das chances de Bolsonaro.
Fiquemos, portanto, na análise da situação de voto e de não-voto (a rejeição) dos dois que disputam, de fato, a eleição.
O principal adversário de Lula, é evidente, não é Jair Bolsonaro, mas a rejeição que sempre teve nas elites. Ela não cresce, no total, permanecendo na ordem de um terço do eleitorado, mas é muito mais alta nos segmentos de renda.
Relata a Folha: “Os grupos mais refratários ao petista são os empresários (61%), os mais ricos (57% entre quem ganha de 5 a 10 mínimos e 52% entre quem tem renda acima de 10 mínimos)”.
É significativo, embora se deva considerar que os “empresários” são, em boa parte, o pessoal que “se vira” por conta própria e que 10 salários-mínimos, na maioria gente que ganha pouco mais de R$ 12 mil mensais não faça de ninguém um nababo, isso é normal em situações de grande desigualdade, porque a condição de “rico” vem, também, da extrema pobreza alheia, como um olho faz rei em terra de cego.
É sintoma da polarização, que não é como a de torcidas de futebol, mas algo com um corte de classe social e, embora nem tão claramente ideológica, certamente odiológica.
Já o principal adversário de Jair Bolsonaro é Lula e por isso ele se beneficia disso, porque é essa a principal motivação de seus votos, seja em primeiro turno.
Expurgados da contagem os “nem-nem”, que preferem anular os votos ou deixá-los em branco, Lula tem 62% dos válidos. São 2% a menos que sobraria dos 35% de rejeição que a pesquisa lhe dá.
Não é um bom resultado, porque é um excelente resultado, porque nunca houve tal diferença em eleições de segundo turno. E, mesmo em primeiro turno, só na eleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994 se superou o percentual que, hoje, apresenta Lula.
Ninguém, de boa fé, pode deixar de reconhecer que a vitória de Lula, pelos números de hoje, segue sendo massacrante e que sua condição é de franco favorito.
Bolsonaro se agarra à chance de “levar a decisão para o jogo de volta” e, daí, para o “tapetão” verde-oliva.