Ontem, no debate da TV 247, disse que, afinal, Jair Bolsonaro passava a ter uma oposição “de verdade”.
“De verdade”, na política, supõe algumas coisas que andam juntas em Lula : expressão política e popular, capacidade de mobilização e repercussão na mídia, que agora é também fortemente redes sociais.
Nenhum tirocínio político extraordinário neste constatação.
Vários colunistas, hoje, avaliam que acontece algo semelhante.
Tanto que o “de verdade” tomo emprestado do título da coluna de Bernardo Mello Franco, de O Globo: Com Lula livre, Bolsonaro passa a ter oposição de verdade.
Concordo em gênero, número e grau com sua análise de que, apesar de uma ou outra tirada mais fortes, “quem apostar numa radicalização corre o risco de quebrar a cara”.
Lula sabe que não tem adversários à esquerda, apesar do esforço de Ciro Gomes para se contrapor ao PT. Seu desafio é reconquistar os eleitores que bandearam para o outro lado em 2018. Gente que se desiludiu com os escândalos de corrupção e o aumento do desemprego, mas não viu a vida melhorar depois da queda de Dilma.
Elio Gaspari, de outro lugar político, também escreve que:
Jair Bolsonaro, o cavaleiro do antipetismo governa o Brasil há quase um ano testando uma agenda desnecessariamente radical. Sergio Moro, o Justiceiro de Curitiba, tornou-se um ministro subserviente e inócuo. Os procuradores da Lava Jato enredaram-se nas próprias armações, reveladas pelo The Intercept Brasil.
Disso resultou que Lula saiu de Curitiba maior do que entrou. Desde que ele foi para a cadeia, muitas foram as radicalizações surgidas na política nacional. Nenhuma partiu dele.
Lula sabe que a história dos “nem-nem” – os que não são Bolsonaro e não são (alegadamente, não são mais) Lula é conversa fiada, ainda que isso não implique em ser incondicional de qualquer deles.
É que eles são os patronos de um embate real, entre o Brasil do “mercado selvagem” e o da “economia social de mercado”, embora haja outros em ambos os lados.
O “centro” ao qual Fernando Henrique apela para que se una, bandeou-se para Bolsonaro no processo eleitoral desde que abandonou o respeito pelas regras democráticas, em 2014 perdeu, com isso sua identidade. O que separa João Doria do ex-capitão passou a ser o guarda-roupa, nem mesmo os bons modos, mais.
A intelectualidade que se descola do povo não consegue entender que a população frequentemente dá efetividade a ideias e desejos personificando-os em alguém.
Bolsonaro fez questão de encarnar o a guerra e o ódio.
O papel que ficou para Lula é mais do que evidente.
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Lula parece aqueles craques destemidos do futebol de varzea que, apesar dos buracos no campo, da truculência e do jogo sujo dos adversários, da selvageria da torcida adversária, do roubo descarado e das armações dos juízes, insiste em surprender e fazer um gol, virar a partida, fazer a alegria do povo e levar seus torcedores ao delírio.
Mas Lula, como Garrincha, sabe que os russos vão continuar no seu encalço apesar das previsões otimistas das centenas de técnicos e milhares de torcedores fanáticos. Vai precisar talvez mais habilidade com estes que com os adversários. Nossos adversários são ruins de bola jogam com os piores jogadores que tinham à mão e não poderiam estar passando por um pior momento. Mas os cartolas vão fazer o que for preciso para tirar o craque de jogo e continuar controlando a bola e os resultados. E mesmo com toda a ruindade e o jogo feio da sua equipe olham para o banco (ou melhor, para a Banca) e sabem que não tem o que fazer, vão ter que continuar jogando com esse time ruim que só pode oferecer jogo sujo, jogo bruto, e um horrível espetáculo. E isso mesmo depois de anunciar um dream time desde que impediram o time de Lula jogar. É mais ou menos por ai.
Lula parece aqueles craques destemidos do futebol de varzea que, apesar dos buracos no campo, da truculência e do jogo sujo dos adversários, da selvageria da torcida adversária, do roubo descarado e das armações dos juízes, insiste em surprender e fazer um gol, virar a partida, fazer a alegria do povo e levar seus torcedores ao delírio.
Mas Lula, como Garrincha, sabe que os russos vão continuar no seu encalço apesar das previsões otimistas das centenas de técnicos e milhares de torcedores fanáticos. Vai precisar talvez mais habilidade com estes que com os adversários. Nossos adversários são ruins de bola jogam com os piores jogadores que tinham à mão e não poderiam estar passando por um pior momento. Mas os cartolas vão fazer o que for preciso para tirar o craque de jogo e continuar controlando a bola e os resultados. E mesmo com toda a ruindade e o jogo feio da sua equipe olham para o banco (ou melhor, para a Banca) e sabem que não tem o que fazer, vão ter que continuar jogando com esse time ruim que só pode oferecer jogo sujo, jogo bruto, e um horrível espetáculo. E isso mesmo depois de anunciar um dream time desde que impediram o time de Lula jogar. É mais ou menos por ai.
Grande Fernando...leio todos os outros blogs, mas , nunca, deixo de ler os seus comentários..Ontem no 247 você pontuou muito bem sobre o Hadad e Manuela...que são gentis...demais com quem não devemos nunca baixar a guarda...
Essa discussão em torno de oposição e situação e sobre resultados de eleições de 22 em 2018 me parece inócua e totalmente precoce. Ainda mais cravando como conversa fiada uma eventual possibilidade fora da polarização bolsonaro Lula.
A esta altura a bola está totalmente com Bolsonaro. Se ele melhorar a economia nos próximos anos será reeleito. Se ficar no marasmo, depende de outros fatores, principalmente escândalos. Ss piorar ele é carta fora do baralho.
É assim com qualquer governante com possibilidade de reeleição. Só depende dele. Huck, Doria, Ciro, Lula nao mudam nada neste momento.
Quem era Alberto Fernandez na fila do pão em 2018? Quem era Bolsonaro em 2017? Se o governo Bolsonaro for uma merda, qualquer um pode levar em 2022. Se for bom já ganhou. Lula não muda nada agora. Só repara uma injustiça pessoal.
Fernando: minha percepção é a de que é FALSA a afirmação: "Lula sabe que a história dos 'nem-nem' é conversa fiada". De dentro da cadeia Lula não teria condições de perceber o que pensamos nós, cidadãos comuns, que não somos filiados a partidos. A menos que Lula seja realmente um mito sobrenatural. Penso que essa afirmação falsa é muito mais um desejo do que um reflexo da realidade. Mas como o critério de verdade é a própria realidade, vamos aguardar as eleições do ano que vem e observar os resultados...
Há, sim, muito em comum entre o Chile e o Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=T7TeBLyZTeQ
Muito triste, caro Alecs.
As mesmas injustiças que os chilenos sofrem, são idênticas às nossas.
Brito, o Bozo não é "ex-capitão", ele é "ex-tenente". Ele só foi alçado ao posto de capitão porque foi expulso, digo, porque passou para a reserva...
Lula parece aqueles craques destemidos do futebol de varzea que, apesar dos buracos no campo, da truculência e do jogo sujo dos adversários, da selvageria da torcida adversária, do roubo descarado e das armações dos juízes, insiste em surprender e fazer um gol, virar a partida, fazer a alegria do povo e levar seus torcedores ao delírio.
Mas Lula, como Garrincha, sabe que os russos vão continuar no seu encalço apesar das previsões otimistas das centenas de técnicos e milhares de torcedores fanáticos. Vai precisar talvez mais habilidade com estes que com os adversários. Nossos adversários são ruins de bola jogam com os piores jogadores que tinham à mão e não poderiam estar passando por um pior momento. Mas os cartolas vão fazer o que for preciso para tirar o craque de jogo e continuar controlando a bola e os resultados. E mesmo com toda a ruindade e o jogo feio da sua equipe olham para o banco (ou melhor, para a Banca) e sabem que não tem o que fazer, vão ter que continuar jogando com esse time ruim que só pode oferecer jogo sujo, jogo bruto, e um horrível espetáculo. E isso mesmo depois de anunciar um dream time desde que impediram o time de Lula jogar. É mais ou menos por ai.
Fernando Brito, suas análises são agudas e originais. Você quase sempre consegue penetrar e enxergar as coisas com mais acuidade do que a maioria, mesmo os de esquerda ou progressistas.
Consegue sair de uma espécie de senso comum que as vezes confunde e desnorteia a própria esquerda e o campo progressista.