O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tomalsquim, professor da Coppe/UFRJ, explicou de maneira bem simples hoje, no Senado, porque o Governo brasileiro tem certeza de que não haverá “apagão” este ano, apesar de o país enfrentar uma seca pior que a de 2001.
“Entre 2001 a 2013, a demanda por energia elétrica aumentou 51%, enquanto a oferta proporcionada pelo parque de capacidade instalada das usinas teve crescimento de 73%.”
Portanto, há uma folga de capacidade, amplificada pela interligação quase completa do sistema elétrico nacional, que permite gerar mais onde há chuva e menos onde não há, compensando-se assim o nível dos reservatórios.
Que, aliás, voltaram a subir ontem no Sudeste, chegando a 35,7%, 1,1% acima do último dia de fevereiro. E subindo, porque a quantidade de água que entra nos reservatórios continua sendo sendo quase o dobro da que sai para a geração de eletricidade.
E porque não ocorre o mesmo com o abastecimento de água de São Paulo, apesar de o Estado estar tendo, em março, mais chuva que as regiões produtoras de eletricidade.
O razão é simples como a explicação do professor Tomalsquim sobre as usinas elétricas.
É que, enquanto nestas, existe investimento nos últimos 12 anos, no caso da Sabesp, São Paulo conta com um sistema de abastecimento basicamente construído em meados do século passado.
Foram melhoradas as represas, acrescentadas algumas, mas muito pouca coisa.
O maior dos sistemas, este cantareira que está em colapso, foi construído em meados dos anos 70, já com uma previsão de captação de 33 mil litros por segundo, essa da qual não se consegue dar conta hoje.
Tanto que aí do lado você vê a portaria de outorga assinada pelo então Ministro das Minas e Energia de Ernesto Geisel, Shigeaki Ueki, em 1974!
É isso mesmo: 40 anos!
Ela foi renovada em 2004, aumentando em 10% o volume máximo graças a um truque “técnico-contábil”: o de rebaixar os limites mínimos de operação e de vazão para os rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que se alimenta das “sobras” dos reservatórios do Sistema Cantareira.
É isso aí. Não tem milagre nem dança da chuva, tem (ou não tem) investimento e reserva de operação.
O apagão de Fernando Henrique veio não apenas por conta da seca, mas porque o “Estado Mínimo” deixou de investir em hidrelétricas.
E saiu correndo, na crise, para montar usinas térmicas a gás e a óleo, nas quais pendurou a Petrobras como cliente a preços extorsivos, para garantir os investidores.
Como agora Alckmin está correndo para montar bombas que retirem água e lodo do fundo das represas.
9 respostas
“Bombas que retiram água e lodo do fundo das represas”
E que entopem o noticiário midiático, “enfatizando as medidas conscientes e efetivas do governador, um exemplo de administrador”!
Quer dizer que, de repente, parte dessa conta que o Alckmin está fazendo sequer existe? O minstro Ueki na verdade transformou ‘lastro’ em volume útil, e muito provavelmente parte desse ‘milagre’ tenha sido assoreado ao longo dos anos. O lastro é uma medida técnica visando evitar uma série de problemas – principalmente que as bombas cavitem (percam sucção) e areia e detritos entrem na tubulação, destruindo as volutas das bombas. Não se altera lastro por decreto, ele é uma medida de segurança. Pobre Alckmin, com assessores que tem, não precisa de inimigos…
Carlos, só pra entender melhor: lastro seria a altura de uma coluna d’água abaixo da qual não se deve captar? É isso?
Ao longo desse últimos 20 anos a SABESP investiu muito, mas muito mesmo, em publicidade, até no Acre.
Eu não quero que falte água em lugar nenhum do Brasil.
Não faz senso ao nosso País.
Mas se fosse o meu chefe….ele mandaria vir os responsáveis pelas informações e o engenheiro de produção, para uma reunião, deixaria eles falarem, e imediatamente lhes comeria o fígado…
Toda a fábrica ficaria sabendo da incompetência dos responsáveis.
Esta gente esta brincando de Administrar o meu BRASIL.
Como assim, o Brasil? A Sabesp é empresa do governo de SP, administrado pelo PSDB há 20 anos. É em SP que há risco iminente de racionamento de água pela falta de planejamento e de ação dos governadores do PSDB. No Brasil a administração federal tem sido tão excelente na questão da energia que mesmo tendo herdado de FHC uma situação de caos, racionamento e apagão, e tendo aumentado a demanda de energia no País em 51% devido à melhora na economia, Lula e Dilma conseguiram livrar o Brasil de um novo racionamento pois agiram rápido e aumentaram a capacidade de geração de energia em 73%. Isso é que é administrar bem um país.
A incompetência dos governantes do PSDB é assustadora.
Depende para que, meu caro Ricardo…
São competentíssimos para roubar dinheiro público e providenciar uma blindagem eficientíssima.
O SSerra não está solto? O FHC não está solto? O Alckmin, além de solto, não é governador?
Então? Cada um na sua área de competência, não é?
E, como se demonstra há 20 anos em São Paulo, na área de esbulhar o público, são campeões absolutos.
[]’s
Sim, é um valor técnico, e deveria ser sempre definido por um engenheiro. Há vários fatores para se determinar o lastro ideal, e quase todos envolvem a segurança do sistema – evitar que resíduos ou vapor/ar entrem na tubulação, trincas devido a diferenciais de temperatura e pressão, shut-off da bomba, pressão de vapor do produto sendo bombeado. A cota final do lastro é determinada por essa soma de fatores. Não sei muito sobre o Cantareira, mas parece um típico caso de sistema antigo que sofre da doença “dexa-como-tá-pra-vê-como-fica”. O problema é quando aparece um ‘gênio da raça’ que olha aquilo e diz, ‘pô, por quê a gente não bombeia o lastro? Pra quê ficar guardando isso?’ Se não houver um daqueles veteranos de décadas por perto para colocar o chefe iluminado no devido lugar, uma única operação pode por tudo a perder. E me desculpe se dei pitaco demais, não sou engenheiro, só o cara que opera há décadas…