Veja com Santayana porque o México é BBB+ no rating da S&P

mexico
Em dezembro do ano passado, em sua última mudança significativa das suas notas de crédito antes da de ontem, que rebaixou o Brasil (de BBB para BBB-), a agência classificadora de risco Standard & Poor’s elevou o “rating” do México de BBB para BBB+.
Um artigo publicado hoje por Mauro Santayana no Jornal do Brasil ajuda a entender porque o país se tornou o “queridinho” dos mercados sem exibir um sucesso econômico quue se reflita nos padrões de vida de seu povo.
O “prêmio de bom-comportamento” do México é, essencialmente, ter feito o que Fernando Henrique fez no Brasil em 1997: abrir a exploração de petróleo aos grupos estrangeiros.
Santayanna é o melhor remédio contra o discursoo que a direita brasileira se prepara para fazer; o da “mexicanização” do Brasil.
Isso inclui, além do petróleo, acordos comerciais lesivos, com o abandono das parcerias no Mercosul e “fllexibilização” dos direitos trabalhistas para que se possa usar o Brasil como plataforma de montagem de produtos para a exportaçãoo,  o que definirão com o nome de “reindustrialização” do país.
O mundo está mudando, mas não mudou e nem mudaram os interesses que fazem “money makes the world go around”.

O Gato e a Lebre

O México é um país pobre e desigual
Mauro Santayanna
A OCDE – Organização para o Comércio e o Desenvolvimento Econômico, divulgou um relatório, na última terça-feira, classificando o México e o Chile, ambos formalmente sócios da “Aliança do Pacífico”, como os dois países com maior desigualdade do grupo.
Até aí, nada a estranhar, a OCDE reúne países teoricamente desenvolvidos, que exibem dados sociais – remanescentes do período anterior à crise economia – melhores do que a da maioria dos países latino-americanos, mas eles tem se deteriorado rapidamente nos últimos anos.
A dívida explodiu entre os 34 membros da OCDE, principalmente os PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda e Espanha). E o desemprego aumentou para um total de 48 milhões de pessoas, 15 milhões a mais do que em 2007, alcançando em alguns lugares, como a própria Espanha, taxas próximas a 30%.
O Chile – costumeiramente apresentado como um “milagre” latino-americano, que muitos atribuem a Pinochet – consegue ser ainda mais desigual que o México.
Mas o México perde para o Chile em renda. A sua é a menor da OCDE, e uma das mais baixas entre os países latino-americanos.
O país de Zapata, também cantado pela mídia como “exemplo” para o continente, tem, segundo estatística do FMI de 2012,  renda menor que a do Chile, Uruguai, Brasil, Argentina e Venezuela.
E o pior, no lugar de crescer, ela tem diminuído nos últimos três anos. Isso, considerando-se que o México não conta com uma legislação trabalhista ou uma rede de proteção social, ou programas de renda mínima, que possam garantir um mínimo de dignidade para a população.
Na nação dos tacos e da tequila – o que explica parte de seu “sucesso” manufatureiro na montagem e maquiagem, com peças de terceiros, de produtos destinados aos Estados Unidos – sequer existe seguro-desemprego.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho, quase 60% dos empregos no México são informais, contra 28% na Argentina, 34% no Brasil, 45% na Colômbia, e 45% no Peru. E quatro em cada dez cidadãos mexicanos não conseguem dinheiro para pagar uma cesta básica a cada 30 dias.
Como faziam os meios de comunicação espanhóis, que achavam que a Espanha estava uma maravilha, quando na verdade, já estava sendo engolida pela crise, os jornais mexicanos se gabam do país ter entrado para o NAFTA, o acordo que os uniu, economicamente, ao Canadá e aos Estados Unidos, e de terem assinado, com outros países,  dezenas de acordos bilaterais de livre comércio.
Mas não falam dos déficits históricos em sua balança comercial, que sua renda per capita está praticamente estagnada há mais de duas décadas, e que seu poder de compra tem caído, no lugar de aumentar,   nos últimos anos.
O problema da fome, do abastecimento e da inflação de alimentos também é muito grave no membro mais pobre do NAFTA.
Muita gente acha que o Brasil tem que parar de mandar alimentos para a Venezuela, mas não sabe que o governo mexicano está ultimando a compra, em nosso país, em caráter emergencial, de 300.000 toneladas de frango, para impedir que o preço das proteínas exploda, e que falte comida nos supermercados.
Muitos mexicanos também acreditam na balela de que o México é grande exportador de manufaturas, enquanto o  Brasil só exporta commodities – esquecendo-se que somos o terceiro maior fabricante e vendedor global de aviões.
O fato de que sejamos o maior exportador mundial de suco de laranja, café, açúcar, carnes, – além de primeiro em minério de ferro e o segundo em etanol – e de que tenhamos triplicado nossa safra de grãos nos últimos 12 anos e estejamos a ponto de ultrapassar os EUA como o maior exportador de soja do mundo, só quer dizer uma coisa: soubemos dar mais valor à segurança alimentar do que outros países latino-americanos, e hoje temos comida para abastecer nossa mesa, e para vender para o resto do mundo.
Na hora de ler os jornais, ouvir o rádio, ou ver os noticiários de televisão, ao ouvir falar das ”reformas” e de supostos avanços mexicanos com relação ao Brasil – quando eles cresceram a metade do nosso PIB no último ano – é bom ficar com o pé atrás e colocar as barbas de molho.
Não podemos comer gato por lebre, e seguir os passos dos mexicanos, que venderam a alma ao diabo, ao se agregar – como pouco mais que escravos e camareiros – ao sistema econômico norte-americano.
Ao nos oferecer acordos semelhantes, como a UE está fazendo agora – e os EUA tentarão fazer logo em seguida – os países “ocidentais” não vão abrir seus mercados para nossas manufaturas – pelo contrário, eles têm reduzido suas compras e aumentado as vendas para cá nos últimos anos. Irão apenas tomar, implacavelmente, das nossas indústrias, o mercado sul-americano.
Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

26 respostas

  1. Uma pergunta. Com o México se aliando aos yanks, ainda vai continuar existindo um muro e uma política de impedimento de cidadãos mexicanos na terra do tiozinho sam?

  2. O México é um país interessante: chamava-se Mejico e mudou o nome para agradar o Tio Sam. Sempre dúbio. Me lembra a estórinha: O país está a beira do abismo. Em meu governo daremos um passo adiante.

  3. É inacreditável!
    E a midia a Globo falou da morte do Aloysio Suarez, mas não falou da marcha de mais de 50.000 pessoas contra as medidas de austeridade na Espanha.
    Nem falou dos protestos na Dinamarca quando o Goldman Sacks quis comprar 19% da companhia elétrica estatal de lá.
    O pior de tudo é a quantidade de brasileiros desinformados que continuam acreditando no tio Sam.

  4. Os EUA tomaram o Texas do Mexico e agora tomaram a Pelmex. Como vão comprar petróleo com exportação agrícola.
    A indústria mexicana eh quinterizacao dos EUA. Os EUA exportam milho pro México!
    O México vendeu o corpo e a alma para o diabo ao assinar o NAFTA e Pacto do Pacífico.
    Como pode estarem duas classificações de risco superior ao Brasil???

    1. É verdade que os EUA anexaram o Texas ao seu território, mas o Texas havia se emancipado do México, anos antes

      1. A Criméia também emancipou-se, antes de unir-se à Rússia… Longe de eu achar que teve influência da Rússia nesta decisão, claro!

  5. Quem é capaz de imaginar o profundo desapontamento dos EUA quando Lula detonou a ALCA, impedindo a adesão dos países latino americanos àquela arapuca que nos iria condenar à miséria mais degradante?
    O que hoje assistimos na grande mídia brasileira, e até de outros países, mostrando mazelas e descalabros na nossa economia que inexistem, puro invencionismo, pleno de má fé, são orquestrados de lá de fora, com a cumplicidade solerte dos despossuidos de poder, de cargos, de benesses de toda ordem, que se refestelavam com o erário público, excluídos que foram, a quase doze anos, das grandes festanças onde posavam de gente importante, verdadeiros donos do Brasil.

  6. Boa noite,

    preciso nem ler a reportagem. Todas as empresas lá foram vendidas aos U.S ou vocês acham q eles vão dá tiro no pé.

    1. Eles não podem ficar longe, à medida que somos cotistas do Fundo… Só não devemos é nos colocar na posição de termos que pedir para usar nossos direitos de saque de lá, disponíveis quando a economia do país vai à lona.

  7. É por essas e outras que os BRICS estão criando sua própria agência de risco, para não ficar refém destes instrumentos que estão a serviço dos interesses da ditadura do mercado.

  8. Existe um dizer popular no México que diz, mais ou menos, o seguinte: olhando para cima vemos que estamos distantes de Deus e olhando para o Norte avistamos o Diabo ao nosso lado. Coitado do México. Pelo menos o Diabo está bem longe do Brasil.

  9. O min da justica tem que ir a corte internacional contestar isso sob pena de omissao sera wue nao tem ninguem com coragem nesse governo para peitar esses caras porra!!!!!!

  10. É bom lembrar que os EUA não se apossaram apenas do Texas mas também da Califórnia, Arizona, Novo México e Colorado, o que representou cerca de 50% do território mexicano na época. Cidades como Los Angeles (o nome da cidade é Nuestra Señora de Los Angeles) na Califórnia, San Antônio no Texas eram cidades mexicanas.

  11. Sempre é bom relembrar a frase famosa atribuída a Porfírio Dias, ditador do México por quase 40 anos: Pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos.

  12. As agências de risco é claro que trabalham para os E.U.A. ,e este está trabalhando para que o Aécio Neves ganhe as eleições no Brasil, é hora de fortalecer a Dilma e começar a fazer a campanha para que o povo saiba da importância para o Brasil a sua reeleição.Neoliberalismo não deu certo nem para os Ianks e o FHC e Aécio querem fazer com o Brasil de novo o que eles fizeram no mandato de FHC quebrar o Brasil .

  13. Para entendermos melhor o que é essa tal agência S&P (Standard & Poor’s):
    O próprio governo dos Estados Unidos pretende processá-la devido à avaliação, feita pela agência, de títulos americanos durante a crise financeira de 2008.
    “A Standard & Poor’s e outras agências foram criticadas por investidores, políticos e agências reguladoras por dar as notas mais altas, AAA, para milhares de títulos de alto risco que depois sofreram um colapso em seus valores.

    Estas agências de avaliação de risco são pagas pelos emissores de títulos e outros produtos, o que levanta a suspeita de conflito de interesses.”

    Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/02/130205_standard_poor_processo_fn.shtml

  14. Fernando Brito, sobre esse episódio isso me lembra de uma frase do ex-Presidente mexicano, Porfírio Diaz “Pobre México. Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos.”

  15. O Mexico e o Brasil são irmãos e sofrem dos mesmo problema, interesses internacionais aliados a elite entreguista. Um precisa aprender com os erros do outro e ambos precisam de independência de fato.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *