O sociólogo Marcos Coimbra, presidente do Vox Papuli, publica na CartaCapital uma interessante análise das candidaturas da oposição.
Aécio, segundo ele, é o primeiro candidato “próprio” do tucanato, desde Mário Covas e seu “choque de capitalismo” – a rigor, o primeiro discurso assumidamente neoliberal. Fernando Henrique, mais que candidato do PSDB, foi o candidato do Real, o Príncipe da Moeda; Serra, o de sua megalomania e Alckmin, o de sua própria nulidade.
Já Campos, diz Coimbra, tal como Marina, é candidato de suas próprias ambições e de seu auto-convencimento de que é alguém dotado “de atributos especiais”.
“Nada há de estranho em estar ao lado de Marina Silva, outra dessas “personalidades” transbordantes de si mesmas, que se projetam acima dos partidos e pedem um cheque em branco ao eleitor (pretensamente garantido por seus “bons propósitos”).”, afirma.
As décadas debruçado sobre análise de pesquisas de Coimbra não devem ser desprezadas.
É certo que ambos, Aécio e Eduardo, principiaram a carreira como “netos”.
Mas também é verdade que os avôs, para nenhum dos dois, sejam penhor de coisa alguma.
Aécio e Eduardo
Marcos Coimbra
A prevalecer o quadro hoje desenhado, faremos neste ano uma eleição presidencial diferente de todas as outras desde a redemocratização. Pela primeira vez, os dois principais candidatos são genuínos representantes de seus partidos.
Do lado do PT, isso não é novidade e Dilma Rousseff está escalada. Vem do PSDB a inovação. Está claro que é cedo para decretar que chegaremos a outubro com as intenções de voto no padrão de hoje. Mas as pesquisas são unânimes ao mostrar que, somados, os candidatos dos demais partidos mal alcançam 10%. Em outras palavras, a polarização entre PT e PSDB tem boa chance de se repetir.
Desta vez, eis a questão, os tucanos caminham para apresentar algo que não têm desde Mario Covas, um candidato do partido. Fernando Henrique Cardoso foi lançado e se reelegeu praticamente sobre a alcunha de “homem do real”. Em 1994 e 1998, seus eleitores mal sabiam a sua filiação partidária. Estivesse filiado a qualquer outro, o resultado não seria diferente.
Nas duas eleições das quais participou, José Serra foi candidato de si mesmo. Os correligionários tinham de ouvi-lo na televisão para se inteirar de suas pretensões e propostas. Em 2010, tanto mandava e desmandava que levou o PSDB para onde quis: associou-o ao moralismo conservador e ao que de mais reacionário existe na política e na sociedade brasileiras.
Geraldo Alckmin era desprezado pela elite tucana e foi escolhido para ser derrotado por Lula. Nunca expressou o sentimento da cúpula e das bases de seu partido (salvo, talvez, em Pindamonhangaba).
Agora, não. Aécio Neves caminha para a eleição como candidato genuíno do PSDB. Para o bem e para o mal.
Isso fica claro no modo como responde ao dilema que angustia os tucanos desde 2002, o de como lidar com a “herança de Fernando Henrique Cardoso”. Ao pensarem em termos eleitorais, Serra e Alckmin fizeram o lógico: esconderam a herança de FHC e tentaram se desvencilhar da impopularidade do ex-presidente. Como chegou a dizer Serra em 2010, no ápice da desfaçatez: “Eu sou o Zé que vai continuar a obra do Lula”.
Aécio, ao contrário, faz tudo para associar sua imagem àquela de FHC. Suas propostas, seus assessores e seu discurso têm Fernando Henrique escrito por todos os lados, a ponto de ensejar especulações a respeito da participação do ex-presidente como companheiro de chapa (algo impensável nas candidaturas de Serra).
Importa pouco se Aécio age assim por obrigação ou desejo. Se ele se oferece ao posto de continuador da “herança de Fernando Henrique” por convicção ou para assegurar a vaga de candidato do partido. O fato é que o faz. Torna-se assim um “legítimo tucano”, expressão da legenda e não de si mesmo.
É o oposto de Eduardo Campos, cuja candidatura é a enésima encarnação de um fenômeno recorrente em nossa história eleitoral, o personalismo daqueles que se apresentam como “indivíduos notáveis” e se creem dotados de atributos especiais. Nada há de estranho em estar ao lado de Marina Silva, outra dessas “personalidades” transbordantes de si mesmas, que se projetam acima dos partidos e pedem um cheque em branco ao eleitor (pretensamente garantido por seus “bons propósitos”).
Do modo como está formulada, a candidatura de Aécio traz uma contribuição para a consolidação de nossa cultura democrática. O pernambucano aposta nos preconceitos antipartidários e no velho estereótipo de que, na escolha eleitoral, o importante é “a pessoa do candidato”. O mineiro não esconde de que lado está e a quem está ligado. Sem discutir sua motivação, o relevante é o fato de educar o eleitor, enquanto o outro quer se aproveitar de seu equívoco.
Dizê-lo não é avaliar a utilidade estratégica das opções de ambos. “Tucanizar-se” pode ser (muito) nefasto para as pretensões eleitorais de Aécio, enquanto fingir-se “apartidário” pode ser uma estratégia esperta de Campos. Ou vice-versa.
Nada disso deve, porém, ter consequências de curto prazo nestas eleições. Mantidas as tendências conhecidas e a se considerar o cenário da disputa a seis meses do pleito, a chance de qualquer um dos dois, independentemente do que fizerem, é pequena. Dilma Rousseff é a favorita.
A discussão concentra-se no que deve acontecer no médio e longo prazos. Nesse horizonte, quem faz a coisa certa é Aécio Neves. Se não tomar cuidado, o futuro de Campos é ser mais um jovem político promissor perdido no meio do caminho. A estrada está cheia deles.
17 respostas
Seria ótimo que o Partido dos Trabalhadores utilizasse parte do tempo eleitoral para fazer a defesa do partido, mostrar as suas conquistas, enfim, buscar a formação de novos petistas e não lulistas ou dilmistas.
É fundamental formar mais partidários, pois somente assim conquistaremos maioria na Câmara e no Senado.
O PT opera milagres! Consegue até industrializar tucanos em série.
psdb está jogando todas as fichas. Inicialmente (serra, chuchu e de novo serra) tentaram esconder o boca, digo, fhc. Não adiantou, agora o aébr,digo aécio, prá tentar a sua eleição, está tentando “inovar” , associando-se ao aghhhhhhhhh fhc. Vamos ver o resultado. Espero que o povão não esqueça , mas, se por acaso esquecer, é só entrar no google e ver os dois desgovernos do fhc.
Excelente, como sempre, a análise do Marcos Coimbra. Agora, com a minha pouca experiência, em comparação à dele, vejo esta associação do Aécio ao FHC como a pior estratégia, porque se ele, Aécio, já não tinha votos, o FHC só vai ajudar tirando. Com certeza. Quanto ao Eduardo, com o apoio exatamente da Marina, a derrota e derrocada política será fatal, uma vez que o povo não perdoa mesmo é traição!
globo: dissimulada,mentirosa,tendenciosa e sonegadora. essa é a verdade.
Eu não sei como ele não disse que a candidatura do Aécio, a única que exista da oposição, é uma merda. Faltou dizer isso. Tudo isso é um lixo. E lixo, a gente pelo menos manda pro aterro. Vão perder de novo. Até já esqueceram Pasadena. Agora tentam fabricar outro “escândalo”. Vão perder de novo. Tudo lixo!
Uma coisa é comum aos candidatos que se opõem à presidenta Dilma: não teem conteúdo ideológico ou programático nenhum. São candidatos sem propostas, sem ideias e contra tudo que tem dado certo no país.
É interessante notar que até agora os candidatos da oposição não propuseram nada. Mesmo sabendo que, em pesquisas recentes, o eleitor disse que deseja mudança, Aécio e Campos nada dizem a esse respeito.
Coimbra perfeita sua análise. Voce só não tirou um 10 quando fala que: “o futuro de Campos é ser mais um jovem político PROMISSOR…”. Traidores felizmente não tem futuro. Mas parabens pela inequívoca análise.
Vamos fazer campanha com nossos amigos e amigas, para reeleger Dilma. Mostrar para todos que conhecemos a importância da continuidade. Time que está ganhando não se mexe.
Eu sempre disse isso aqui, até admito que a eleição seja decidida em um eventual segundo turno,se isso acontecer será com AÉCIM uma vez que a Marina não vai transferir os votos que ela conseguiu de 2010 dado a sua instabilidade em relação a determinadas posições que tomou, não aceitou o apio do R, Caiado e aceitou o apoio do J. bornhausen leia-se banco itaú ela é chegada a um cascalho.
Esse artigo do Coimbra, a princípio, seria uma peça totalmente indigna de estar num blog que tem prestado reais serviços à democracia. Não àquela falsa democracia do tipo “camisas vermelhas versus camisas azuis”, mas à democracia que significa: participação efetiva, igualdade do voto, esclarecimento, controle da agenda e inclusão universal dos adultos, segundo o recém falecido, grande cientista político de Yale, Robert Dahl.
O que justificaria sua presença aqui talvez fosse exatamente nos dar a oportunidade de denunciar mais uma vez o plano macabro da corporatocracia criminosa para o nosso país, isto é, acabar de vez com qualquer ilusão que o país possa vir a ter uma democracia satisfazendo plenamente os critérios citados acima. Para tal, a pluralidade de opções e a representação proporcional, que busque refletir ao máximo tal pluralidade, é essencial. No entanto, o artigo tenta propagandear, no melhor estilo Edward Bernays, as virtudes de termos uma polarização do tipo “camisas vermelhas versus camisas azuis” que finalmente teríamos alcançado nestas eleições, como se isso representasse um avanço para nossa democracia. Trata-se portanto de uma propaganda cínica para vender um plano que pretende acabar com a democracia no Brasil, e reduzir a política nacional a um Fla-Flu idiota para aqueles que acham que a diferença entre a Brahma e a Antártica é assunto que mereça um debate sério. O seguinte trecho do artigo é revelador das intenções desse nosso Bernays, agora descortinado: “Do modo como está formulada, a candidatura de Aécio traz uma contribuição para a consolidação de nossa cultura democrática. O pernambucano aposta nos preconceitos antipartidários e no velho estereótipo de que, na escolha eleitoral, o importante é “a pessoa do candidato”. O mineiro não esconde de que lado está e a quem está ligado. Sem discutir sua motivação, o relevante é o fato de educar o eleitor, enquanto o outro quer se aproveitar de seu equívoco.”
Quanta hipocrisia, quanto cinismo, pura propaganda maliciosa. Para terminar, previno que considero o Eduardo Campos um traíra e sua candidatura cumpriu até aqui um papel claro para as elites que é o de balão de ensaio para reforçar o bloco conservador e, se colar, se converter numa alternativa eleições. Porém, mais importante para as elites, é seu plano maior de esvaziar a democracia. Sendo assim, se o balão de ensaio não vingar, aí a agenda principal deverá ganhar protagonismo no jogo, que é onde se insere o artigo do Coimbra.
Deixando de lado as legendas, vejamos:
O Aécio não tem boa fama ( falam em drogas, bebidas, mulheres e também em corrupção em Minas)
A marina, mais parece aquela que ganhou um prêmio de tratamento de beleza ( da Natura )e até mudou seu linguajar, não sei do que vive, mas o certo é que está se distanciando do povo.
O Eduardo depois de ter recebido muita ajuda do Lula e da Dilma, fez como um suíno após as refeições, virou o balde. Se tivesse chutado teria sido melhor.
Diante do cenário, o povo que cada vez fica mais esperto, vai escolher a Dilma, novamente com a esperança que de pois venha o Lula.
O povo precisa ser informado que, do cruzamento de traíra com bagre, virá robalo.
Eles vão ganhar o que marina ganhou atrás da moita :o)
Aécio é o candidato do PIG.
Quando começar a campanha pra valer, quero ver
ele defender o FHC. O PT vai mostrar a
associação entre Aécio e FHC.
O Aécio AGORA PIROU DE VEZ, ELE QUE AGORA REESTATIZAR A PETROBRÁS.jÁ MUDOU DE IDÉIA RAPIDINHO.SERÁ QUE O EFEITO”DAQUILO” DESTRUIU SEU NEURÔNIOS?