O helicoptero do pó corre o risco de virar pó. E graças ao MP…

joaquim

O amigo leitor ficou intrigado com a rapidez com que o senador Zezé Perrela e a seu filho deputado Gustavo – donos do helicóptero apreendido com quase meia tonelada de cocaína – foram descartados da investigação?

A distinta leitora ficou perplexa com a rapidez com que soltaram os homens presos em flagrante num esquema de tráfico internacional e nesta escala?

Pois você vão ficar muito mais impressionados com a notícia de que até o processo criminal sobre o caso corre o risco de ser anulado.

A história escabrosa foi publicada não por um grande jornal, ou por uma revista semanal destas que são capazes de descrever o que não viram e reproduzir o que não ouviram.

Quem narra, e com farta documentação, é o repórter Joaquim de Carvalho, do Diário do Centro do Mundo,  que revela que um conflito no MP faz surgir a suspeita de que a ação policial possa ter sido feita a partir de escutas ilegais, sem que se saiba a razão que levou a Polícia Federal a se mobilizar numa operação assim.

Ou, por outro lado, pode ser esta uma falsa versão, levantada por um promotor interessado em “melar” a operação e a fazer com que os envolvidos saiam livres de tudo.

Como a imprensa brasileira, neste caso e em qualquer outro que mexa com interesses dos seus prediletos, não apura, não deixe de ler a reportagem de Joaquim de Carvalho, um ótimo trabalho do DCM, financiado pelos seus leitores.

Procurador da República vê indícios de farsa
na investigação do helicóptero dos Perrellas


O processo que os servidores da Justiça Federal do Espírito Santo apelidaram de “Helicoca” nasceu do inquérito policial número 666/2013, aberto no dia 25 de novembro de 2013 e encerrado em 17 de janeiro de 2014. Em 53 dias, os policiais interrogaram 17 pessoas, entre eles os quatro presos em flagrante, e juntaram 44 documentos.

Mas aquela que é até agora a prova mais interessante do crime não é encontrada no inquérito, mas no YouTube. Trata-se de um vídeo de quase 13 minutos, em que um agente da Polícia Federal registra toda a ação.

O DCM teve acesso ao processo sigiloso em que o Ministério Público Federal diz que a investigação da “Helicoca” começou com uma farsa.

O vídeo da apreensão tem início quando desponta no céu da zona rural de Afonso Cláudio, no interior do Espírito Santo, o helicóptero cor de berinjela com faixa dourada e o prefixo GZP – G de Gustavo, Z de Zezé e P de Perrella, as iniciais de seus proprietários, o deputado estadual Gustavo Perrella, do Solidariedade, e o senador Zezé Perrella, do PDT, pai e filho.

É fim da tarde de domingo, 24 de novembro. A câmera é operada por um homem escondido atrás de um pé de café. O ronco do motor e o barulho da hélice não encobrem a fala do policial, que tem forte sotaque carioca e se comunica por rádio com equipes a postos para o flagrante.

As imagens, feitas de longe, são tremidas, o que mostra a falta de um apoio, um tripé. Aparece um carro branco, com porta-malas aberto, e mais duas pessoas, um de camisa rosa, que mais tarde seria identificado como o empresário Robson Ferreira Dias, do Rio de Janeiro, e outro de camisa verde clara, mais tarde identificado como Everaldo Lopes Souza, um sujeito simples, que se diz jardineiro, ligado a um empresário de Vitória, Élio Rodrigues, dono da propriedade onde a aeronave deveria ter pousado. Na última hora, o helicóptero acabou descendo na propriedade vizinha, que não é cercada.

A três minutos e quarenta segundos, o policial narra:

– Estão tirando a droga. O piloto correu para pegar o combustível e eles estão colocando a droga dentro do carro. O motor não foi cortado, o motor da aeronave não foi cortado. Estão carregando a droga na mala do carro, o motor não foi cortado, o copiloto foi buscar os galões. Cadê o helicóptero da PM?

A câmera volta para o plano aberto e fecha de novo na cena, muito tremida.

– São vários sacos pretos. Tem muita coisa, galera, muita coisa… vários sacos pretos. Eu acho que o piloto cortou… cortou o motor! Um segundo…Negativo, o piloto não cortou o motor… está descarregando a droga, e está começando a abastecer o primeiro galão.

Alguns segundos depois, avisa, triunfante:

– Positivo! Positivo! Cortou o motor, o helicóptero cortou o motor! Vamos lá, galera, pode ir. Quem conseguir pode ir. Vamos lá, tenente! Pode ir, Serra (com a pronúncia fechada, Sêrra). Eles estão abastecendo. Tem que ser rápido, tem que ir rápido!

Já são 7 minutos de gravação, a hélice para. Mais tarde, as imagens mostram três homens carregando a droga para o porta-malas do carro. Um deles está de camisa branca, que não aparece nas imagens anteriores. É Rogério Almeida Antunes, o piloto do senador Zezé Perrella e do deputado Gustavo Perrella. O outro piloto, Alexandre José de Oliveira Júnior, de camisa preta, não aparece nesta imagem. Ele se afastou para pegar mais combustível.

Imagens tremidas mostram a mata. Ouve-se chiado no rádio. Quando a câmera volta para a cena principal, mostra os acusados de tráfico com as mãos na cabeça, se abaixando. Tudo muito tranquilo.

– Positivo, positivo! Estão todos eles dominados. Vamos embora, tenente. Adianta o pessoal para dar apoio lá. Dominados lá os vagabundos. Parabéns, equipe, parabéns. Iurruuuuú. O show tá doido, maluco! DRE te pega, parceiro!

DRE é a sigla de Delegacia de Repressão a Entorpecentes, órgão da Polícia Federal. A câmera é desligada e volta com a imagem da droga no porta-malas e no banco traseiro do carro.

O vídeo foi apresentado à Justiça pelo procurador da República Fernando Amorim Lavieri como indício de crime. Não o de tráfico, demonstrado no inquérito, mas de fraude processual e falso testemunho. Nesse caso, os criminosos seriam os policiais que fizeram a prisão.

Na denúncia que transforma os policiais de caçadores em caça, o procurador Lavieri diz que desde o início desconfiou da versão da polícia para o flagrante. E procurou o responsável pelo inquérito, delegado Leonardo Damasceno, em busca de esclarecimento, quando teria ouvido a versão de que o flagrante era, na verdade, resultante de uma interceptação telefônica realizada em São Paulo.

O procurador também conversou com um agente da PF, Rafael Pacheco, que teria confirmado a versão do delegado Damasceno e acrescentado que, em São Paulo, a Justiça e o Ministério Público, “sensíveis ao flagelo do tráfico”, teriam autorizado interceptações telefônicas abrangentes, criando uma verdadeira “grampolândia”, daí resultando na apreensão da droga no helicóptero de Perrella.

Como os dois negaram na Justiça a versão de Lavieri, o procurador pediu afastamento do caso e se colocou na condição de testemunha do processo. Um testemunho que só serve como argumento para a defesa pedir a anulação do processo, como de fato já pediu.

Continue lendo no Diário do Centro do Mundo.

 

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29 respostas

  1. E ninguém pode fazer nada, no sentido de se cumprir a lei? Será que aquele caso Satihagra (grampo que não existiu) vai fazendo escola? Absurdo…

  2. Implicância sua Fernando! Acho, inclusive, que diante dos fatos deveriam devolver a coca pra eles, já que a escuta foi ilegal. Viva a justiça brasileira.

  3. Nesse caso, o Procurador da Republica deve também orientar, ou determinar, se esse for o caso, não só a devolução da aeronave aos seus proprietários, bem como todo seu conteúdo, os mais de 425 quilos de pasta de cocaína.

  4. Fernando, sou favorável à extinção desse CABIDE DE EMPREGO que está destruindo o nosso país. Aproveito o espaço do teu blog para desafiar o povo brasileiro a enfrentar esses CANALHAS e, se necessário, usarmos a força da nossa população.

  5. Em breve Fernandinho Beira Mar vira a publico explicar os detalhes de toda essa ilegalidade contra os Perrela. Aguardem.

  6. Se gasta dinheiro público pra concursos, cursos de preparação, estruturas físicas para seu funcionamento, suporte trabalhistas, etc…
    e na hora de mostrar a que vieram, mostram isto????
    EMPREGADOS PÚBLICO se acham acima dos direitos…..são senhores de sí em uma corporação da máfia chamada FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS.
    nÃO VEJO COM BONS OLHOS …… A revolta social esta atingindo um nível explosivo.

  7. Pelos últimos exemplos da “nossa” justiça, daqui a pouco os traficantes, meliantes e corruptos em geral, irão se filiar aos partidos da direita, pois terão salvo conduto para suas “atividades”.

  8. E nos programas de tv em que se mete o pau na justiça todo dia por causa de maioridade penal, será que veremos algum marcelo resende ou dapena descendo a lenha?

    DUVIDO!!!!!!

  9. NÓ DE PIMENTA NA PF MEXE COM AÉCIO E DILMA EM MINAS
    Edição 247/Fotos: Divulgação/Roberto Stuckert Filho/ PR/fotospublicas.com:
    Indiciado em inquérito pela Polícia Federal, ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB) luta para se manter candidato a governador de Minas Gerais; há 18 partidos em sua coligação, costurada pelo presidenciável Aécio Neves; troca de Pimenta, desgastado por suposto recebimento de R$ 300 mil de publicitário Marcos Valério, significaria desmonte do arranjo; receio dos tucanos é que PSB de Eduardo Campos seja o primeiro a pular fora; ex-ministra Marina Silva alertou que não queria aliança; problemas ajudam ex-ministro Fernando Pimentel, do PT; presidente Dilma Rousseff tem privilegiado Minas e sai ganhando com chacoalhada no berço tucano; Aécio planeja ter vantagem de 5 milhões de votos sobre ela no Estado; meta é factível com Pimenta fragilizado?
    20 DE ABRIL DE 2014 ÀS 16:01

    247 – Está em todos os planos de voo da candidatura Aécio Neves à Presidência da República a meta de extrair, na sua Minas Gerais natal, uma diferença de 5 milhões de votos sobre a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. A vantagem será a condição necessária, segundo os estrategistas de Aécio, para equilibrar as perdas que ele poderá sofrer no Nordeste. A disputa, então, seria resolvida no Rio e em São Paulo, os dois estados mais populosos, no quais o tucano poderia, no mínimo, rachar o eleitorado com Dilma.

    O que não fazia parte das projeções do PSDB era que o candidato escolhido para sustentar o nome de Aécio na condição de candidato a governador tivesse um problema – e considerado grave o suficiente para a cogitação até mesmo de uma troca de nome.

    O ex-ministro das Comunicações do governo Fernando Henrique, Pimenta da Veiga, foi citado em inqúerito da Polícia Federal como tendo recebido R$ 300 mil do publicitário Marcos Valério. O processo irá correr em paralelo à campanha eleitoral. O que os tucanos temem, naturalmente, é o sangramento da candidatura de Pimenta, que passaria a ser alvo fácil de ataques do PT.

    O problema, para os tucanos, é que uma pura e simples troca de nome faça ruir uma composição, costurada pessoalmente pelo presidenciável Aécio Neves, de nada menos que 18 partidos em torno do nome de Pimenta. Neste sentido, para aplacar os rumores cada vez mais fortes da substituição do ex-ministro pelo presidente regional do PSDB mineiro, Marcus Pestana, Aécio declarou: “será o governador”, referindo-se a Pimenta.

    Ficando ou saindo, o certo é que Pimenta da Veiga está, indiretamente, ajudando no deslanche da candidatura do também ex-ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento no governo Dilma. O desgaste de um, afinal, corresponde ao fortalecimento do outro, numa eleição polarizada entre ambos.

    A surpresa negativa para os tucanos em Minas faz a alegria política da Páscoa da presidente Dilma. Ela aumentou sobremaneira a frequência de suas viagens ao Estado, exatamente porque sabe que é ali que o adversário Aécio pretende batê-la por goleado. Os problemas de Pimenta, que correpondem a tropeços para Aécio, são saltos para ela.

    Marina Alertou

    A hipótese de uma eventual saída do PSB da coligação idealizada por Aécio Neves ganha força quando se relembra que a candidata a vice na chapa socialista, a ex-senadora Marina Silva, já havia se manifestado de forma contrária a uma aliança com os tucanos não apenas em Minas, mas em outros colégios eleitorais importantes, como São Paulo, por exemplo.

    Um outro ponto importante é que uma eventual saída de Pimenta da veiga em prol de um outro indicado pode jogar por terra um acordo tácito cuidadosamente costurado entre Campos e Aécio. Os dois pré-candidatos teriam acertado que nenhum criaria problemas ao outro em suas respectivas bases eleitorais.

    A eleição presidencial será decisivamente influenciada pela maneira como os tucanos escolherem resolver a crise instalada na campanha tucana de Minas.

    Abaixo, notícia do Minas247 sobre os movimentos de Pimenta da Veiga para manter seu nome na disputa pelo governo:

    Minas247 – O pré-candidato do PSDB ao governo de Minas Gerais, Pimenta da Veiga, tem encontrado dificuldades para manter sua candidatura, desde que foi indiciado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro. Nos últimos dias, ele se reuniu com representantes de 18 partidos para reafirmar que continua candidato e anunciar que vai viajar pelo estado. Até o final de maio, estão previstas visitas a 25 cidades. Internamente, o PSDB continua discutindo a possibilidade de troca de candidato, dependendo dos desdobramentos do caso.

    Uma ala do partido avalia que, ao ser indiciado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro, Pimenta automaticamente ficou em posição de desvantagem na corrida e o melhor é mesmo abandonar o barco. Mas outra ala pondera que uma desistência poderia implodir a aliança formada para a corrida estadual, jogando por terra as chances de o PSDB eleger seu candidato.

    A primeira corrente já fala na possibilidade de resgatar a pré-candidatura do deputado Marcus Pestana, por exemplo. Mas o partido automaticamente correria o risco de perder aliados como o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Por enquanto, o comando partidário pediu que a situação seja apenas “monitorada”.

  10. Só falta agora mandarem os policiais devolverem o pó e pedirem desculpas pelo incômodo. Valha-me Deus!!!

  11. Akela historia que o PT recebeu dinheiro das Farc foi martelado como mantra na Mídia vagabunda. Agora 1/2 tonelada de coca é apreendido e nada…O Senado se cala, Minas se cala e o Brasil vira paraíso para Narco-políticos!

  12. Parte da cocaina apreendida pertencia ao proprio MP. Eles, como nao trabalham, gostam de ficar cafungando.

  13. Os criminosos são os que fizeram um bom trabalha à sociedade brasileira,combatendo este tipo de criminosos.Todo pessoal envolvido neta operação fizeram jus ao salário pago com o dinheiro do contribuinte.Já o PROCURADOR não FAZ JUS AO SALÁRIO PAGO PELO CONTRIBUINTE BRASILEIRO.Sr PROCURADOR peça demissão do serviço público.Com essa atitude você estará contribuindo GRANDEMENTE para o povo BRASILEIRO.Faça algo que DÊ ORGULHO a SUA FAMÍLIA SEUS FILHOS,se os tiveram.

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