Lições uruguaias que ainda é tempo de aprender

alvaro

A Copa do Mundo teve ontem seu melhor jogo.

Não em técnica ou tática, mas naquilo que, quando existe certo nível de equilíbrio entre as equipes, é o que decide.

A paixão.

Os uruguaios saíram de uma derrota anunciada para uma vitória inacreditável, escorregaram para um empate inevitável e se ergueram para uma vitória impossível.

O artilheiro Luiz Suárez fez os gols, é certo.

Mas foi o zagueiro Álvaro Pereira que mostrou o que venceu o jogo, ao voltar de um quase desmaio provocado por uma joelhada na têmpora e recusar o cuidado do médico que queria poupá-lo.

Alma. Entrega. Coragem.

Que, aliás, sempre foram a alma da Celeste, desde que outro mulato como Pereira, Obdulio Varela, em 1950, disse – ou bem inventou Nélson Rodrigues, que não amarrava as chuteiras com cadarços, mas com suas próprias veias.

O time brasileiro, emocionalmente, parece que ainda não entrou em campo.

Teve um lampejo disso quando teve de reagir ao gol contra de Marcelo, no início do jogo com a Croácia.

E só.

Pode ser que o faça, segunda-feira, no jogo com Camarões,  que já não aspira nada, se é que seus jogadores já aspiraram, mais preocupados – como alguns por aqui – com dinheiro e fama.

Talvez caiba a alguém dizer, em relação às nossas arquibancadas lotadas de  coxinhas o mesmo  que Varela disse ao seu time: ” Nunca miren a la tribuna. El partido se juega abajo”.

Nossa seleção tem um Suárez, aliás, bem mais que um Suárez, porque Neymar é, sem sombra de dúvida, vários degraus acima do goleador espanhol.

Mas ainda tem de achar o seu Álvaro Pereira.

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15 respostas

  1. Não esquenta a cabeça . Li algo ( creio que na internet ), de um tal jornalista chamado Conti ( parece que teve ” uma exclusiva ” com o Felipão ), dizendo que agora , daqui pra frente tudo vai mudar. O Brasil pode dormir tranquilo . Nota dez para o jornalismo brasileiro , pelo grande ” furo “…

  2. Prezado Fernando,

    Concordo em parte. É legal ver a força de vontade e garra do Álvaro Pereira, mas a volta dele ao jogo foi uma temeridade. O médico bem que tentou impedi-lo de retornar, mas o técnico uruguaio preferiu ouvir o jogador. Uma joelhada na têmpora pode até matar. O Pereira chegou a desmaiar. Deveria ter sido levado dali para um hospital. Jamais poderia ter voltado à partida. Se acontece uma tragédia, e o jogador morre ou entra em convulsão, quem vai se responsabilizar?

    Esta Copa está tão boa, mas tão boa, que até jogo ruim é legal de assistir.

  3. Criou-se um bando de marqueteiros e mercenários que na maioria preferiram não estudar com o incentivo de seus pais, pra jogar futebol… e futebol mesmo… ó…

  4. Grande jogo! Fossem os nossos cronistas mais Nelson Rodrigues e menos Mario Sergio Conti já teriam designado o duelo de “A Batalha de Itaquera”.

    Melhor ainda a excelente lembrança de Obdúlio Varela, “El Negro Jefe”. O espírito dele baixou em campo ontem em São Paulo. Escrevi uma minibiografia sobre ele no meu blog. Dê uma olhada:
    http://oantipig.blogspot.com.br/2014/05/el-negro-jefe.html

    E, mais uma prova de hombridade e humanidade, ele manteve amizade com os jogadores brasileiros daquela final até o fim de sua vida. Dizia que se comunicava telepaticamente com Zizinho, o injustiçado astro nacional daquele time.

  5. Quando canta o hino à capela é povo brasileiro, mas quando vaia a Dilma é elite paulista.

    Tomara que os paulistas percebam esse tipo de discriminação e possam reagir nas urnas!

  6. Tenho que discordar que o Brasil não jogou com paixão. Jogou, sim. E o Álvaro Pereira talvez veja seu reflexo encarnado no David Luís, que se joga nas bolas como um goleiro com mãos de pés.

  7. Esse filme vem ocorrendo em todas as copas: Nossa seleção é “MÍDIA” de mais e “FUTEBOL” de menos.
    Em 2010, o DUNGA tentou acabar com isso e foi devidamente fritado…

    Outra coisa: Avisem ao “NeyMídia” que nenhum jogador brasileiro ganhou copa do mundo sozinho.
    Futebol é jogo de equipe e todos os que se destacaram em nossas conquistas tiveram seus coadjuvantes também importantes. Exemplos:
    1958: Pelé/Garrincha/Didi/Vavá…
    1962: Garrincha/Amarildo/Zito…
    1970: Pelé/Jairzinho/Tostão/Gerson/…
    1994: Romário/Bebeto/Dunga/…
    2002: Ronaldo/Rivaldo/
    Ou seja:
    Neymar/GLOBO não ganha copa não…

  8. Prezado Jornalista
    Não concordo com sua afirmação de que Neymar e melhor do que Luizito Soares, que hoje é sem dúvida o melhor jogador do planeta.
    Sua fase atual suplanta Messi , Cristiano Ronaldo, Robin Van Persie, Riberry etc.
    E não se esqueça de que ele joga num time ” meia-bôca” o Liverpool.
    Quando ao Neymar, ele precisa aprender que o verdadeiro craque procura sempre o atalho, o mais simples e não a “pedalada ” para aparecer no telão do estádio.

  9. O que me deixa feliz é ver a diversidade, tanto de comportamento de torcedores, como de jogadores.
    Os brasileiros definitivamente, não têm (graças a Deus)o mesmo ímpeto e garra de nossos ermanos (especialmente argentinos e uruguaios).
    O que nos caracteriza no futebol não é o compromisso com a bandeira mas o compromisso com a brincadeira com o descompromisso com a alegria: e até por isso não somos tão catimbentos.
    O que me emocionou foi a “Uruguanidade” dos jogadores e torcida que não podem ser replicadas.
    O o que eu acho que faz falta na seleção é a “Brasilidade”, ou seja, a alegria e molecagem tão característica de alguns de nossos craques.

  10. Ele pensou na consagração dele no momento, eu não emtendo isso como coletivo, eu pensar em mim em detrimento de uma seleção inteira, de um povo é muito dificil e se ele prejudica o restante do grupo, ainda bem que deu certo.

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