O Globo publica hoje matéria afirmando que, apesar da queda de 20% do preço de venda do etanol para o produtor, a redução do preço nas bombas de combustível não chega sequer a 0,5%.
É claro que isso tira a opção pelo etanol frente à gasolina e, com isso, aumenta as necessidades de importação do derivado de petróleo, uma vez que as refinarias brasileiras estão trabalhando a todo vapor, quebrando recordes sobre recordes de produção. A propósito, sempre é bom lembrar sempre que não se iniciaram obras de novas refinarias nos Governos Sarney, Collor e nos dois períodos de FHC.
Alguns fatos são essenciais para decifrar o enigma do etanol que baixa na ponta da produção, recebe redução de impostos e ainda segue firme nas alturas na ponta do consumo.
A primeira é óbvia e não é quase nunca tratada na imprensa: produzir álcool ou açúcar com a cana é uma decisão das usinas e o setor é cada vez mais concentrado. A redução de 20% nos preços do etanol é, curiosamente, a mesma que tiveram os preços internacionais do açúcar, como você pode ver no gráfico acima.
Sem dirigir a produção para o açúcar, como se poderia explicar que suportassem uma queda no consumo de etanol combustível de quase 16,5 milhões de metros cúbicos em 2009 para menos de 10 milhões em 2012?
A segunda é que os produtores e distribuidores apostam firme na pressão por um aumento do preço da gasolina, o que ajudaria a, como ambos guardam relação, a pressionar por preços mais altos no etanol.
A opinião não é minha, mas de Thales Viegas, pesquisador do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, comentando a reação do setor à isenção de impostos federais sobre o etanol:
– Por que, mesmo quando o governo federal atende grande parte das reivindicações do setor, ele não se mostra satisfeito?(…) Em verdade, os usineiros esperam soluções “de fora para dentro”, que reduzam os custos e aumentem o preço da gasolina. Chegam a cobrar do governo uma pseudo “previsibilidade” – num mundo com importantes incertezas econômicas e climáticas. A economia e os preços do petróleo se comportam de forma cíclica. Já o setor sucroalcooleiro é sazonal e dependente das condições no setor petróleo.
A terceira razão é especulação e pressão nos preços também. O site da associação dos produtores, a Única, publicou em 2006 um estudo da pesquisadora da USP Mirian Bacchi mostrando que o preço, então, de R$ 0,70 para o litro do etanol comprado aos usineiros correspondia ao preço de R$ 1,20 nas bombas, com custos, impostos e margem de lucro.
Em maio de 2011, o Tijolaço aplicou a fórmula da Dra. Mirian ao preço de R$ 1,02 que era pago ao produtor, então. Dava um preço na bomba de R$ 1,71.
Hoje, o preço pago por litro de etanol ao produtor está nos mesmos R$ 1,02 e já não há mais a cobrança de PIS e Cofins que existia então. Na prática, isso significa menos 12% no preço final.
3 respostas
Ou seja, empresários do setor, usineiros são os grandes inimigos da Nação. Fazem de tudo para tentar inviabilizar o governo que faz a política econômica correta.
A Petrobras tem que entrar pesado nesse mercado regulador. Quem sabe juntando o MST na jogada em parceria no plantio de cana e produção de etanol. Há convenios firmado até com pescadores http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/2013/05/25/anunciamos-convenio-de-r-789-mil-com-a-bahia-pesca/ então essa pode ser uma paulada acertando dois coelhos. Aqui no interior do Brasil, no centro oeste a desapropriação de terras poderia caminhar nesse sentido. Falar , até planejar, eu sei que é fácil , na hora de executar é que o bicho pega, mas projetos casados são o que há de mais sofisticado no mundo. A estrutura?O MST já tem agora é só juntar a força governamental que eu acho que vai dar samba….
Sinceramente acho que deveríamos retornar ao subsídio cruzado que havia ao diesel há muito tempo.
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Olhando o preço da gasolina no Brasil em relação a gasolina nos Estados Unidos, chegamos a uma relação de preço em bomba de 40% a 50% mais cara no Brasil do que nos USA, por outro lado em relação aos países europeus, nossa gasolina é de 30% a 40% MAIS BARATO NO BRASIL.
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Quer dizer o seguinte, estamos desonerando a gasolina os automóveis no lugar de com este dinheiro subsidiar o transporte público. Se a presidente Dilma ouviu o clamor das ruas ela ouviu um claro basta ao transporte individual e incentivo ao transporte público. Que volte os impostos federais a gasolina e automóveis, e com este dinheiro que se reinventem os trens de passageiros, os bondes elétricos nas grandes cidade, expansões dos metros nas grandes cidades,….