No site Farofafa.
(…) A deputada Jandira Feghali, conhecida de FAROFAFÁ por sua militância parlamentar junto à música brasileira, à cultura e aos direitos humanos, aproveita a deixa do relato por telefone dos inaceitáveis acontecimentos na “casa do povo” para tentar nos ajudar a decifrar que diabos está acontecendo com o Brasil.
Pedro Alexandre Sanches: Gostaria que a senhora contasse exatamente o que aconteceu ontem no plenário.
Jandira Feghali: O Orlando Silva estava ao microfone reagindo àquela atitude da Força Sindical de jogar notas de papel e solicitando ao Eduardo Cunha que apurasse.
PAS: Para quem não acompanhou, o que a Força Sindical estava fazendo?
JF: Estava jogando dinheiro de papel, dinheiro falso, lá de cima, no plenário da Câmara. Orlando estava no microfone exigindo que as câmeras filmassem os responsáveis por aquela agressão à casa. Eu não sei o que ele disse que Roberto Freire se doeu e começou a bater, a dar uns tapas nas costas do Orlando. Eu estava do lado, falando no telefone, e botei o braço atrás do Orlando pra proteger, como quem quer dizer “não toca nele”. Freire pegou meu braço e puxou com força, e ficou segurando embaixo. Obviamente não aceitei, “não toca em mim, tira o braço”, juntou aquele monte de gente. Aí o caldo entornou, foi uma confusão desgraçada.
Aí vou pro microfone e denuncio o que tinha acontecido. Quando estou dizendo que vou levar a questão ao Conselho de Ética, entra o Alberto Fraga no microfone e diz que quem bate como homem tem que apanhar como homem. Ou seja, aí estão duas coisas graves. Primeiro, o preconceito contra a mulher na política. Segundo, eu não agredi ninguém, ao contrário, eu fui agredida. Ele tentou virar a agressão, como se eu tivesse agredido o Freire. Na nota de esclarecimento que soltou, ele diz isso, que eu estava agredindo o Freire e por isso ele foi defender o Freire.
PAS: E o que seria mulher agir como homem, deputada?
JF: Pois é, mulher que faz política, que é firme nas suas posições, que reage, que defende é homem. Lugar de mulher não é na política, não é no plenário, e nem é na sua própria defesa, na sua altivez, na sua dignidade. Essa é a cabeça dele em relação às mulheres. Mulher pra ele deve ser aquela que fica lavando roupa, no tanque, segurando as tarefas domésticas. Quando ele disse isso, não só quebrou o decoro como fez uma ameaça de agressão. Aliás, a história do Fraga todo mundo sabe aqui em Brasília. É um coronel reformado da Polícia Militar, tem denúncias de ligação com esquadrão da morte, defende que deputado ande armado aqui dentro. Quando acabou a confusão, pedi a palavra como líder e falei o que tinha que falar. Estamos agora fazendo o processo, vamos processar o Fraga. O Freire foi pra tribuna pedir desculpa, disse que não foi intencional, que foi só uma reação.
PAS: Pediu desculpa só à senhora, ou ao Orlando também?
JF: Não, ao Orlando não pediu desculpa, não. Só a mim.
PAS: Ele tinha dado tapas nas costas do Orlando? Foram fortes?
JF: Ele estava completamente desestruturado, destemperado. Foi à tribuna pedir desculpas a mim, ao Orlando não pediu. Do Fraga, pegamos as fitas, o advogado já está elaborando o processo. Vamos fazer um pra dentro e outro pra fora, quebra de decoro e processo penal em relação à ameaça.
PAS: Ao Freire não caberia processo também?
JF: Até caberia, mas vamos avaliar sabendo da atitude dele de se desculpar comigo.
PAS: Eu queria aproveitar esse episódio pra tentar fazer com a senhora uma análise de conjuntura, do que é isso que está acontecendo na Câmara e no Brasil. A senhora falou que nunca tinha passado por algo semelhante como parlamentar.
JF: Nunca, jamais. O fato de eu ser a única mulher lider de bancada já incomoda na cabeça desses caras. Mas eu tenho sido muito firme nas minhas posições, falo em plenário, polarizo com a oposição. Tenho uma atitude muito clara na minha participação política como líder aqui. O partido dá opinião o tempo todo através do meu exercício da liderança. Digo o que penso e polarizo com a oposição num excelente nível de debate. Mas eu esperava ser alvo de ataque político, não de ataque físico. O nível de intolerância, ódio e preconceito que a sociedade está expressando se reflete aqui dentro.
PAS: E notoriamente estamos numa legislação conservadora e reacionária também.
JF: Muito, muito conservadora. O Fraga é um fascista. A legislatura cresceu muito sob o conservadorismo, ele faz parte da bancada da bala, nesse estado policialesco que estamos vivendo. Para além do preconceito com a mulher, agregou ódio e intolerância, que é o que você vê na rua e está refletindo aqui dentro. É um momento em que não há mais mediação.
PAS: Esse ambiente começa aqui fora, na sociedade, ou aí dentro, a partir da chegada de Eduardo Cunha?
JF: Acho que é junto. Esses caras também expressam o que a sociedade lá fora está falando. Quando ela fala de golpe, intervenção militar, tortura, pendura Luiz Inácio Lula da Silva na forca, é um grau de intolerância e ódio que está representado aqui dentro. As pessoas não divergem mais da política com alto nível, serenidade, qualificação dos argumentos. Querem agredir, quando acaba o argumento querem agredir.
PAS: Me chamou fortemente atenção, nesse episódio, o simbólico dele. Houve uma agressão a um deputado negro, outra a uma deputada mulher. E, na medida que o cara fala que a mulher age como homem, ele também está sendo homofóbico, como se houvesse um comportamento feminino e outro masculino, que não pudessem ter permeabilidade.
JF: Como se mulher não pudesse fazer política com firmeza. Como se firmeza e coragem fossem características de homem. Firmeza e coragem sempre foram características de mulher.
PAS: Negro, mulher, homossexual, configura-se aí uma tríade dos direitos humanos – não é um episódio simbólico que reflete um ataque aos direitos humanos mesmo?
JF: Não sei por que você está falando homofóbico, acho que é um preconceito de gênero.
PAS: Quero dizer que quando o Fraga diz que a senhora agiu como homem ele está chamando a senhora de sapatão. Viva as sapatões, que conversa é essa?
JF: Entendi, entendi. E tem mais outro preconceito, porque eu e Orlando somos do partido comunista.
PAS: Roberto Freire é ex-Partido Comunista Brasileiro. A senhora e Orlando são do Partido Comunista do Brasil. São pessoas que, de alguma maneira, têm origem no mesmo campo político.
JF: No caso do Fraga, tem também um campo do ódio à esquerda, aos comunistas.
PAS: Mas e no caso do Freire? Por que pessoas que saíram do mesmo campo estão partindo para esse nível de conflagração?
JF: A reação do Freire é destemperada, agressiva. Ele é assim. E ele veio se dirigir exatamente a uma mulher e a um negro, você tem razão. É uma boa percepção.
PAS: Esse PCB que virou PPS, do qual Freire é presidente, ainda é um partido de esquerda?
JF: Não, na minha opinião não é.
PAS: E vai se fundir com o PSB, que é um partido socialista (risos). Tá tudo muito louco, deputada!
JF: Muito louco, muito louco. Essa legislatura, vou te dizer, viu? Aliás, Ulysses Guimarães dizia isso. Perguntavam para ele: “Deputado, o que está havendo aqui?”. Ele respondia: “Espere a próxima”. Estou aqui há seis mandatos e toda legislatura é pior em relação à anterior. Porque tem uma coisa chamada poder econômico firme na eleição. O poder econômico distorce e piora a representação, cada vez mais.
PAS: E como colocar isso em paralelo ao fato de estarmos vivendo governos federais populares, progressistas, de um partido de origem de esquerda?
JF: É que são eleições diferentes. Parlamento e executivo não têm a mesma lógica.
PAS: Não era pra ter? Não era pra termos um legislativo mais progressista?
JF: Com certeza, mas nessa última eleição o grau de polarização foi muito alto. E a não-aceitação da vitória, tem uma série de componentes, que já na campanha se deram. O nível de preconceito contra Dilma Rousseff é absurdo também, né? Há cartazes nas manifestações que a agridem pessoalmente, você deve ter visto.
PAS: Vi de dentro, inclusive, cobrindo aquilo. Foi horrível (risos). Bate-se panela para calar a boca de uma presidenta mulher, sendo a panela um símbolo que evoca um monte de coisa. Espancam-se professores, e a gente sabe que a grande maioria dos professores é de mulheres. Não está configurada uma situação de agressão ao feminino, às mulheres propriamente ditas, que a senhora viveu na carne ontem?
JF: Exatamente, não tenha dúvida disso. Isso é real. O pior são algumas mulheres na rua fazendo isso.
PAS: Na sua avaliação, por que isso está acontecendo? Essa virou uma entrevista abstrata, mas tudo bem…
JF: É abstrato mesmo, tem que analisar melhor. Toda vez que o conservadorismo cresce, que essas forças saem do armário, todas os preconceitos se agudizam: contra comunista, contra esquerda, contra mulher, contra negro, contra gay, porque faz parte do contexto conservador. Há muitos anos essa direita não sai do armário de golpe militar, intervenção, impeachment, rupturas. Quando cresce o conservadorismo, reduz a democracia.
PAS: Então a atitude conservadora é de alguma maneira uma saída do armário? Tem gente indo para a rua pedir ditadura explicitamente.
JF: Sim, exatamente. Quando o conservadorismo cresce, reduz o espaço do estado democrático de direito e o preconceito fica muito agudo. Em todos os momentos que a democracia é ameaçada os preconceitos aumentam, pode olhar historicamente. É um contexto, a quantidade de jovens negros que estão morrendo não é brincadeira. É um grau de preconceito e um estado judicializado, policialesco. O estado democrático de direito fica ameaçado.
PAS: Deputada, encerrando, #JornalistasLivres estamos com a senhora, apoiamos qualquer atitude da senhora contra as agressões. Nossa festa de lançamento será no dia 24 de maio e a senhora vai receber o convite.
JF: Ah, que ótimo, obrigada.
13 respostas
Cena violenta essa, do Freire esganando a pobre coitada…. Maria da Penha nele!
Jandira é muito competente no seu trabalho político. Interessante que, de uma certa forma, na sua cegueira e forte preconceito o parlamentar da bala reconheceu isso nela. Esse típico machistazinho vê o mundo inteligente e proativo como mundo masculino.E acabou com uma auto denúncia, quando apelou para o escracho violento e falta de argumentos racionais: ele é burro e incompetente, quando desarmado. Quanto a Roberto Freire, faz parte, como diz um grande blogueiro, dos Vikings da 3a. idade, liderados por FHC. Uma lástima o nosso congresso, salvo raras exceções.
Querida DEPUTADA Jandira Feghali, quero pedir DESCULPAS por BRASILIA ter enviado um TROGLODITA para o parlamento brasileiro.Infelizmente,nós os brasiliense enviamos para esta casa pessoas sem preparo para exercer a democracia tais como: Luiz Estevão,Roriz e Arruda,todos maus caráter como este nocivo a sociedade De PUTA tado Fraga.
CAVALOS
by Ramiro Conceição
É… Não há um poema único:
ao simples se junta o múltiplo;
nas línguas, escondido, está o
fruto para ser escrito… ainda.
É. Não existe um soneto único,
um único beijo ou ritmo, mas
muitos feitos, desfeitos e ainda
outros que serão… bem-vindos.
Que fique, então, a vez que vi o seu olhar;
ou o amar dos cavalos naquela rua repleta
de bípedes, tais qual a mim: quadrúpedes.
Ser múltiplo é a única forma sadia
de se compreender a cada instante
a alma inacabada a cada amálgama.
https://www.youtube.com/watch?v=hdzuR4Iunuw
Alberto Fraga é o pistoleiro de Brasília. Ele é um matador. Um sujeito fascista que tem uma munição muito grande de balas, faz jus ao título de pistoleiro, de matador.
Quanto ao Bob Freire, os pernambucanos não tem boa imagem desse udenista.
Como assim “os pernambucanos não tem boa imagem desse udenista”?! Eles o elegeram… E não foi a primeira vez! Os pernambucanos têm responsabilidade sobre as ações desse parlamentar e de qualquer outro que tenham eleito.
Será que ele faria a mesma coisa com o deputado Arcelino de Freitas?
Esse véio ia tomá uma nas fuça!
A Feghali devia é ter partido pra cima desse cara!
Batê em idoso é feio, mas batê em mulher também é!
Se um verme desse me segura desse jeito e eu sou deputado, ele ia estar contando os dentes e pedaços de meu celular!
Por que só a direita que tem que ser truculenta! Vem pra cima coxinha! Na periferia tá lotado de academia de jiu jitsu, seus bosta!
Com a agravante que aqui tem “bala na agulha!”
“…Voce com um revolver na mão é um bicho feroz, sem ele anda rebolando até muda de voz….”
A sabedoria popular não nega!
A política virou um território de ninguém onde a lei do mais forte prevalece sobre o mais fraco. Lemos noticias que denunciam a infiltração na política de bicheiros, policiais e ex-policiais, militares e ex-militares, empresários, representantes de banqueiros, do empresariado e até de representantes de milícias, de malfeitores, etc. E onde ficam os representantes da população? A resposta é que ficam cada vez mais em minoria e acuados. A banda mais forte toma posse dos recursos do poder, passa a ditar normas e formar a maioria que negociará, intermediará e ditará todas as ações nefastas da casa. Cunha é apenas uma sequência, uma peça autorizada a ser usada e se assentar no trono da câmara por ser útil, nesse momento, a banda forte da casa. As perspectivas para o futuros serão muito sombrias para o país e para a população, enquanto o PMDB comandar o núcleo central, que o mantém como dono das cartas, da bola e do cofre.
Até que enfim surgiu uma coalizão para defender a democracia. Que tenha ela longa vida, e que seja uma barreira contra o avanço do fascismo neoliberal.
Coalizão organiza dia nacional de mobilização pela reforma política
Escolha da data faz frente ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que no fim do mês pretende colocar em votação PECs que institucionalizam financiamento privado de campanha
Por Helder Lima, da RBA publicado 08/05/2015 15:13, última modificação 08/05/2015 17:28
Entendimento das entidades é que o financiamento de campanha por empresas desvirtua o processo eleitoral
São Paulo – A Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, que representa 112 entidades dos movimentos sociais, sindicatos, centrais sindicais e organismos da sociedade civil, como CUT, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e União Nacional dos Estudantes (UNE), entre outras, vai realizar no próximo dia 20 ato público em favor da reforma. A data será considerada Dia Nacional de Mobilização pela Reforma Política Democrática.
A coalizão escolheu a data porque o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pretende colocar em votação no fim deste mês duas propostas de emenda constitucional (PECs 352/13 e 344/13) que institucionalizam o financiamento privado de campanha, na contramão das aspirações de uma reforma para democratizar o processo eleitoral no país.
O entendimento das entidades que defendem a reforma política democrática é que o financiamento de campanha por empresas desvirtua o processo eleitoral e prejudica a representação dos eleitores. Para os movimentos, esse tipo de destinação de recursos dá margem ao ingresso de dinheiro de corrupção e possibilidade de caixa dois, isso sem contar que o político eleito fica à mercê do empresário doador.
“Esse aporte das empresas nas campanhas, e muitas delas têm interesses e negócios com os municípios, estados e com a União, isso tudo faz com que aquele que foi financiado fique devedor e esses que financiam, posteriormente, vão cobrar o retorno do seu investimento. E isso termina onerando o erário com obras superfaturadas ou obras fictícias, que não são realizadas. É uma consequência muito ruim essa dependência em que fica o parlamentar ou o executivo – prefeito, governador, presidente da República – daqueles que o financiaram”, afirma Marcello Lavenère Machado, advogado e representante da CNBB na coalizão.
“Além disso também há um aspecto muito injusto nesse financiamento ilegal, que é a desigualdade das candidaturas, das chances de sucesso. As candidaturas que têm recursos das empresas são as que têm probabilidade de sucesso garantido. E as que não têm essa ajuda dificilmente, salvo raríssimas exceções, vão ter êxito. É só examinar o que acontece no Congresso Nacional e nas assembleias legislativas”, afirma.
O fim do financiamento privado é o ponto central do projeto de reforma política democrática, proposto pela coalizão e expresso no Projeto de Lei (PL) 6.136. Na caminhada do dia 20, os manifestantes irão ao Congresso Nacional para entregar um documento com assinaturas que apoiam o projeto. “Faremos uma caminhada para a entrega no Congresso de assinaturas que referendam o projeto da coalizão. Deveremos ter em torno de um milhão de assinaturas, sejam virtuais ou efetivas, no papel, e nós vamos entregar essa quantidade significativa para chamar a atenção dos senhores deputados para o nosso projeto”, afirma Lavenère.
Para discutir a preparação de atividades para o dia 20, a Coalizão realiza amanhã (9), às 10h, reunião aberta com todas as entidades, no auditório do Centro Cultural da OAB, em Brasília. Faz parte também da estratégia do movimento promover mobilizações nos estados. “Nós também estamos estimulando os núcleos da coalizão nos estados para que eles façam no dia 20 manifestações por meio de debates, seminários, visitas a assembleias legislativas, participação na mídia, para que o ato de Brasília tenha repercussão”, diz Lavenère.
Assinaturas de apoio ao projeto podem ser feitas pelo site.
Serviço
Evento: reunião de preparação para o Dia Nacional de Mobilização pela Reforma Política Democrática
Local: Centro Cultural Evandro Lins e Silva – OAB
SAS Quadra 05, Lote 02 Bloco N, Edifício OAB
1º andar, Brasília
Horário: a partir das 10h
http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2015/05/coalizao-organiza-dia-nacional-pela-reforma-politica-1885.html
Aqui em pernambuca está mafioso foi obrigado a cair fora. Onde éle foi buscar guarida, no estado que se diz o mais civilizada e mais politizado do Brasil. Em Pernambuco nem para sindico estes marginal ganha.