Prende e bota aonde? Ou a prisão burra, até na matemática.

Uma pesquisa do Governo Federal, em parceria com a ONU, mostra que tínhamos, em 2012, 515 mil presos.

Eram, sete anos antes, 296 mil.

Portanto, em média, o saldo de pessoas aprisionadas cresceu em cerca de 30 mil indivíduos por ano.

Considerando os que saem, seriam, para apenas dar uma dimensão, 60 mil entrando e 30 mil saindo dos presídios por ano e hoje o número deve estar perto dos 600 mil.

Como um preso custa, em média, R$ 2,5 mil por mês – há o presídio, a guarda, a administração, a comida (mesmo ruim), etc… – chega-se a um custo prisional de acima de R$ 1,5 bi mensais.

E não é muito diferente da ideia (estapafúrdia) de privatizar os presídios: o presídio privado feito em Minas pela dupla Aécio-Anastasia tem custo semelhante, até algo superior. R$ 2800 reais, em 2013.

Agora, a vingar a ideia da redução da maioridade penal para 16 anos,  teremos – para que isso tenha sentido em matéria de diminuição de criminosos soltos, mesmo pequeníssima, aí talvez mais uns 15 a 20 mil encarcerados por ano. uma vez que, no início só se entra, não sai ninguém.

No total, 50 mil novos presos por ano, então (o saldo de 30 mil, mais os 20 mil “extras”).

Então, vamos pegar o dinheiro de custeio dos presídios, já superlotados ao extremo, e ainda somar ao que teremos de fazer com  novas penitenciárias.

Que, como têm de ficar em algum lugar, nesses alguns lugares vão ser um tormento e fonte de preocupação para dezenas ou centenas de milhares de moradores próximos.

E vamos pagar mais agentes penitenciários, mais funcionários, mais auxílio reclusão para que os filhos dos presidiários não morram de fome (ou, como dizia a Reuters, podemos deixar morrer, se achar melhor) e mais burocracia.

Mas, vamos dizer que, como impera a selvageria mental neste país, hoje, se adote a pena de morte – proibida pela Constituição – e se alivie o volume da população carcerária “passando nas armas” os que praticaram homicídio  – suponho que não haverá pena de morte para ladrão de galinhas, certo? – e vamos dar fim aos 50 mil presos condenados ou aguardando julgamento por homicídio.

Bem, menos 50 mil no primeiro ano de execução, mesmo que se matassem todos de uma vez (o que seria impossível, porque não se poderia mudar a pena da maioria e os “novos” iam levar anos na “fila da morte”), ia dar um morticínio igual ao dos americanos da Guerra do Vietnã, em mais dez anos. Tudo em apenas um, aqui.

Ainda assim, “empatava” mo primeiro ano, mas no segundo não haveria quem mandar matar, quase. E tome mais 50 mil a mais de presos, e assim todo ano.

Se você está surpreso de que eu não tenha considerado que se trata de vidas humanas, de seres humanos, de jovens mal saídos da infância, de famílias que sofrerão, de tudo o que se deve ter em mente tanto para o encarceramento de menores – que vai ser uma espécie de  “curso de formação de marginais ainda piores” e pena de morte, calma.

E que pretendo mostrar que não é preciso nem sequer ser uma pessoa com sentimentos humanos, piedade, escrúpulos, amor ao próximo ou qualquer outra conquista civilizatória que nos diferencie de animais para achar que tudo isso que está se fazendo não passa da demagogia e da brutalidade mais desavergonhadas.

É que quero mostrar, também, que é de uma burrice sem tamanho, com o perdão dos burros, bichos tão úteis e pacíficos.

Então, além de feras, são bestas. Ou bestas-feras, para que se entenda mais claramente.

E só quem é um canalha, compreendendo isso (ou pelo menos, fazer contas)  pode insistir ou mesmo calar diante desta monstruosidade.

O resto, de boa-fé, não são feras. São só burros.