Sexta-feira, sem que eu tenha tido tempo de comentar aqui, o Estadão noticiou que estudos sísmicos contratados pela da Agência Nacional de Petróleo tinham detectado uma provável megarreserva de petróleo na Bacia de Santos, com ” características e volume similares às da principal área produtora no País, o campo de Lula, que possui reserva provada de 5 a 8 bilhões de barris de óleo”.
Trata-se, lamento informar, de um vazamento político de informação: embora não se revele a posição exata da acumulação, a fonte da informação quase “comemoram” o fato de que não estaria na área legalmente demarcada como o “Polígono do Pré-Sal” e que, por isso, “a agência cogitou incluir a área, que está fora da região regulada pelo modelo de partilha, no próximo leilão de concessões, que acontecerá no dia 7 de outubro”, o que teria sido vetado pelo Governo.
Calma, que o Brasil é nosso.
Possivelmente são áreas mais ao sul, em parte dos blocos (a numeração é diferente, antes da concessão) BM-S- 1246 a BM-S- 1251 ou ainda mais abaixo no mapa. Estes blocos foram retirados da nona rodada de licitações da ANP – a primeira realizada depois da confirmação do potencial do pré-sal. Justamente por seu potencial, o que aliás foi a razão dos investimentos em estudos sísmicos. Estes blocos ficam nos limites da área legal do pré-sal.
Esta é a primeira razão. A segunda é que, em se tratando de área de elevado potencial de certeza sobre o volume de petróleo, nenhuma decisão é tomada antes que uma ou duas perfurações confirmem as possíveis acumulações e características geológicas das rochas-reservatório. como foi feito nas áreas ainda maiores de Libra e Beija-Flor (ex-Franco), a primeira licitada pelas regras de partilha e a segunda cedida à Petrobras.
Desde 2010, sabia-se que a ANP aguardava a “sísmica de áreas mais ao sul na bacia de Santos”.
Portanto, a possibilidade de ser incluída em uma rodada já marcada e, essencialmente, em áreas pioneiras fora do pré-sal, é zero, e quem deu a informação sabe disso.
É para despertar o lobby do “você não tá precisando de dinheiro? me vende essa área aí”.
Mas há uma triste notícia para os entreguistas, que apoiam silenciosamente o projeto de José Serra para acabar com a partilha e o controle da Petrobras sobre o pré-sal – que aliás, bateu novos recordes este mês, chegando a 726 mil barris dias de óleo e, om o gás, 900 mil barris equivalentes em energia.
É que a Lei do Pré-Sal não define uma área rígida para que valha o modelo de partilha, já no Art. 2°:
IV – área do pré-sal: região do subsolo formada por um prisma vertical de profundidade indeterminada, com superfície poligonal definida pelas coordenadas geográficas de seus vértices estabelecidas no Anexo desta Lei, bem como outras regiões que venham a ser delimitadas em ato do Poder Executivo, de acordo com a evolução do conhecimento geológico;
Ato do Poder Executivo é decreto presidencial, não sujeito a prévia aprovação do Congresso e, no Judiciário, restrito a haver previsão legal para ele.
Ninguém minimamente informado nesta área duvida de que esta e outras megadescobertas se sucederão, em velocidade compatível com os níveis de investimento em estudos sísmicos e poços descobridores.
A gula dos estrangeiros pelo petróleo, mal disfarçada na notícia, vale mais do que milhões, valem o nosso destino como país, pela sua capacidade de gerar recursos para a expansão de nossa infra-estrutura logística e industrial, mas de nosso alicerce humano para o progresso.
16 respostas
Provavelmente nesse fim de semana o pessoal do PSDB já deve ter contado a novidade ao pessoal da Shell, da Chevron e da Britch Petroleon e perguntado a eles que providencias eles deveriam tomar no congresso e como a Mídia brasileira poderia auxilia-los.
Infelizmente Renato, esse seu comentario ironico, tem 99% de ser verdadeiro
Não precisam do PSDB. Têm espiões melhores e, provavelmente, o PSDB foi informado por êles, pra fazer onda na mídia.
Mais uma excelente oportunidade para Dilma se posicionar politicamente ao lado do povo e contra os entreguista tucanos. A presidenta amiúde deixa passar tais oportunidades – de faturar a questão SIMBÓLICA: a favor dos interesses nacionais e contra o entreguismo tucano. De simbólico no gov. Dilma, o que fica são coisas ruins (intransigência, arrocho, aumentos da gasolina, etc), que aliás são exploradas pela mídia. Já deixou de se posicionar claramente em tantas questões relevantes, como por exemplo, na questão da terceirização das ativ-fins, que não é de se admirar que SILENCIE NOVAMENTE. Deveria convocar uma cadeia de rádio e televisão e anunciar espalhafatosamente a descoberta, e dizer que esta NÃO SERÁ ENTREGUE! (que seguirá o modelo de partilha). Toda a esquerda e os nacionais a apoiariam! Por que não faz isso? Falta-lhe senso político de oportunidade?
Uma hora ela APRENDE!
Aos apressados colunistas do vetusto jornalão:
“Desde quando é possível identificar e quantificar reserva de petróleo por Geofísica”?
A Geofísica permite identificar estruturas que podem armazenar petróleo, mas não a presença dele!
Qual a dificuldade que há em perguntar a um geólogo?
Mais uma vez o rigor com a informação correta vai para o lixo do interesse do patrão!
Mas o jornal pode se preocupar. Caso exista petróleo, ele não será explorado do jeito que ele quer. A Petrobras cuidará da pesquisa e da exploração. Os interesses americanos não serão atendidos, com ou sem delação premiada.
Chèvra, Chèvra, chevrador, chèvra o pré sal como senador!
Prometeram entregar o nosso pré sal às 7 Irmãs e até agora não o fizeram. A cobrança é grande e estão meio que desesperados correndo contra o tempo. O dinheiro que irão ganhar? Só depois de entregarem a mercadoria (rapadura).
Além da chamada “área do pré-sal” a lei reservou outras de interesse nacional para serem exploradas no regime de partilha.
V – área estratégica: região de interesse para o desenvolvimento nacional, delimitada em ato do Poder Executivo, caracterizada pelo baixo risco exploratório e elevado potencial de produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos;
Art. 3o A exploração e a produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos na área do pré-sal e em áreas estratégicas serão contratadas pela União sob o regime de partilha de produção, na forma desta Lei.
Acredito que todos sabem o que um mineral estratégico, o nióbio, representa em termos de aços finos, no sentido de alta tecnologia, para uso em altas temperaturas e usinas nucleares e foguetes. 95% das reservas de niobio do planeta localizam-se no Brasil e foram entregues de bandeja aos estrangeiros. Estes cercaram as minas e disseram, daqui só sai o que quisermos, para as necessidades estratégicas de guerra e espaciais do Império. Está lá nas nossas terras e não podemos chegar perto. Nem tucano em voo curto, pelo alto, pode chegar perto. A doutrina da dependência diz: o subsolo e a costa brasileiros para os americanos e o povão ou povinho para a lata de lixo.
A nacionalidade é um berçário, um abrigo destinado a propiciar o desenvolvimento da consciência de si mesmo em múltiplas individualidades afins e das quais, espera-se, possam ser capazes de mais tarde exercitarem-se na alteridade da vida social. Em outras e mais claras palavras: amadurecerem através da convivência, da interação, com o outro.
Individualismo é outra coisa. É o oposto da alteridade e, portanto, estranho ao espírito de vida compartilhada, vida democrática.
É quase inacreditável que em um país culturalmente rico e reconhecidamente criativo como o Brasil porções inteiras de boa parte da programação das grandes redes privadas de televisão sejam, excetuando-se o idioma, cópias idênticas (i.e “sem tirar nem por”) de seus originais estrangeiros. É quase como se houvesse obrigação de ‘fazer igual’, imitar… Há?
http://passalidadesatuais.blogspot.com.br/2013/06/guararapes-e-o-brasil-de-vichy.html
Se o Poder Executivo ainda fosse comandado por Lula, não tenho a menor dúvida de que a solução nacionalista, ou seja, a favor do Brasil, prevaleceria. Com Dilma, não tenho infelizmente muita certeza. Por quê? Por causa da equipe (Mercadante, Cardozo, Levy, o ministro de minas e energia – em minúsculas, que se declara contra a partilha, o “líder d governo” no Senado – Delcídio etc.) Quem mantém uma equipe dessa…
Concordo! É difícil defender um governo assim, com visível CRISE DE IDENTIDADE! Com efeito, não sabe se é neoliberal ou social-democrata; não sabe se é entreguista ou nacionalista; não sabe se defende o povo ou os banqueiros; não sabe se peita mídia entrego-golpista ou se se deixa intimidar. “O Cara” tinha lado e não deixava dúvidas sobre isso, não perdia a oportunidade para demonstrar. Daí os recordes de popularidade. Que falta faz!
Brito, suas informações e análises sobre o assunto petróleo são imprescindíveis, obrigado.
Infelizmente, a turma da chevron tem parlamentares no bolso até no PT.
Parabens Fernando Brito e Tijolaço !!!
Sempre na defesa na soberania do Brasil !!
GRÉCIA RESISTE BRAVAMENTE AO ARROCHO (apelidado de “austeridade” ou “ajuste”)
http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Agenda-internacional-para-a-semana-Grecia-na-guilhotina-outra-vez/6/33731