Baixaria e falta de ética não é ato de médico

Deplorável a divulgação, pelo Conselho de Medicina do Pará, de uma suposta investigação que estaria sendo iniciada sobre um “falso registro” de medicina, o da especialização em Doenças Infecto-Parasitárias, do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. É assunto que está rolando, de forma marginal, pelas redes sociais de alguns médicos e, agora, ganha a grande mídia.

Padilha viu-se na necessidade de mostrar seu certificado de especialista e a transcrever uma certidão da faculdade de medicina na USP que atesta sua qualificação. Incrível que um médico que sai da classe médica do Butantã paulistano, formado pela Unicamp e especializado pela USP “não sirva” para clinicar em Santarém, onde foi Alexandre Padilha foi trabalhar.

Certamente, aliás, por menos do que os R$ 100 mil mensais que rebarbou o Dr. Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.

Isso é um carnaval lamentável, porque a população está chocada em ver os profissionais em que mais confia transformado em pessoas irracionais, incapazes de travar discussões em limites civilizados e, em alguns casos lamentáveis, sugerindo atos monstuosos como o que mostrei aqui.

planosÉ hora de racionalizar essa discussão. Mas não de recuar na decisão de remexer a medicina brasileira, que vem se privatizando a passos gigantes.

Tínhamos, ao final do ano passado, 50 milhões de brasileiros beneficiários de planos de saúde empresariais. Os outros 150 milhões no SUS, apenas.

Mas o que estes 50 milhões tem a ver com os demais, visto que pagam – ou seus empregadores pagam – pelos planos de saúde?

Sim, pagam. E muitos com dificuldades, porque são caros e até extremamente caros para pessoas que passaram dos 40 ou 50 anos.

Mas o Estado brasileiro também paga pelos planos de saúde e muito dinheiro, com a renúncia fiscal que faz para empresas e particulares no Imposto de Renda.

Todo ano, somado às desonerações que dá a medicamentos e a imunidade que dá a hospitais filantrópicos, tira-se do conjunto do povo brasileiro o equivalente a um quarto de tudo o que se gasta com saúde no Brasil. São perto de R$ 20 bilhões de renúncia fiscal e quase a metade disso são os descontos no imposto devido por empresas e por particulares.

Ninguém, é bom que se diga, está defendendo que se retire o abatimento dos planos de saúde dos impostos.

Ao contrário, isto é indispensável, embora se devesse discutir os limites e modalidades de cobertura, pois isso estimula o uso indiscriminado dos benefícios fiscais em procedimentos supérfluos.

Até  mesmo o artigo 32 da Lei Nº 9.656/98, que prevê que os planos de saúde ressarçam o Estado pelo atendimento dado a seus segurados, está sob questionamento judicial e com boas chances de ser derrubado no Supremo pela Adin 1.931.

E certamente não é um mau negócio, porque senão a americana UnitedHealth não teria comprado, por cerca de R$ 12 bilhões, 90% da operadora brasileira Amil.

Boa parte deste dinheiro explorando médicos, que recebem em torno de R$ 50 por consulta, depois de muita luta. Não uso os dados de um texto do Dr. Drauzio Varella por ser matéria antiga, mas a equivalência permanece atual. Trabalhando apenas para planos de saúde, um médico, para ganhar o equivalente às despesas para fazer funcional um consultório – na época estimada em R$ 5 mil, teria de atender, “36 clientes todos os dias, de segunda a sexta-feira”.

I sso gera também uma imensa distorção dos serviços hospitalares e laboratoriais, pela rapidez e a obrigatória desatenção aos sintomas e história clínica dos pacientes, com descreve o Dr. Varela:

“(…)médicos que não dispõem de tempo a “perder” com as queixas e o exame físico dos pacientes, pedem exames desnecessários. Tossiu? Raios X de tórax. O resultado veio normal? Tomografia computadorizada. É mais rápido do que considerar as características do quadro, dar explicações detalhadas e observar a evolução. E tem boa chance de deixar o doente com a impressão de que está sendo cuidado.”

Repíto para quem não quer ver os fatos: parte dessa monstruosidade é paga com dinheiro público, o que se deixa de arrecadar com as renúncias fiscais.

Os médicos têm razão sobre os vetos que deixaram em aberto, excessivamente, a questão do diagnóstico nosocômico (de doenças), porque o veto não pode reescrever a lei aprovada no Congresso. Deveriam, aí sim, trabalhar pela edição de um texto provisório, talvez via Medida Provisória, para suprir minimamente a ausência provocada por questões técnico-jurídicas. Isso é o que se impõe, e este texto deve continuar recusando excessos do texto original (como a aplicação de injeções e soro serem exclusivas de médico e não apenas sua prescrição) e o impedimento de que equipes de saúde, mesmo treinadas, identifiquem e iniciem o tratamento de malária, tuberculose e hanseníase, por exemplo.

Mas não têm razão em considerar que estamos numa “guerra declarada”, como fez o presidente do Conselho de Medicina do Estado de São Paulo.

Ele não demonstrou o mesmo ânimo, insisto, com os médicos envolvidos na fraude dos “dedinhos de silicone” com que o ponto era batido no Samu de Conselheiro Ferraz. Estão todos lá, de registro ativo e só agora, com a divulgação disso é que talvez – só talvez – se tome alguma providência.

Este clima de guerra tem de acabar e os dirigentes da categoria devem ser os primeiros a serenar os ânimos e partir para a adequação do que está, de fato, incompleto na lei.

Porque nesta guerra, como em todas as guerras, a maior vítima está indefesa: a população.

 

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

15 respostas

  1. Vamos lá:
    O médico só é especialista quanto ele registra seu título no CRM do estado onde atua. Ou seja, segundo o CFM e o Código de Ética Médica, Padilha só poderia se divulgar infectologista se tivesse seu título registrado no CRM-PA, mesmo que realmente o tivesse. É como só poder dirigir se portar a carteira de motorista, não adianta dizer que deixou em casa. Isso é para proteger a população de ser enganada quando procurarem um cardiologista e ele de fato, não o ser. Sim, existem maus profissionais em qualquer área.
    Depois o texto segue criticando o sistema de saúde suplementar, como se as entidades médicas já não o fizessem por anos.
    Por fim, critica-se o texto do Ato Médico mais uma vez de maneira infundada: “…este texto deve continuar recusando excessos do texto original (como a aplicação de injeções e soro serem exclusivas de médico e não apenas sua prescrição)” O que dizia no texto original:
    § 5º Excetuam-se do rol de atividades privativas do médico:
    I – aplicação de injeções subcutâneas, intradérmicas, intramusculares e intravenosas, de acordo com a prescrição médica;
    Depois: “impedimento de que equipes de saúde, mesmo treinadas, identifiquem e iniciem o tratamento de malária, tuberculose e hanseníase”. Eu sei que vocês não sabem, mas são diagnósticos muitas vezes dificílimos mesmo para o médico especialista! Equipes sem médicos atendendo estes pacientes devem ser exceção, não regra! Na prática estes “programas” acabam tratando muitos pacientes erroneamente, expondo os indíviduos aos riscos de efeitos colaterais das drogas utilizadas, que nãos são poucos e podem ser gravíssimos. Claro que é muito mais barato para o governo deixar a população mais carente ser atendida por profissionais mais baratos.
    Conselho: Continuem confiando mais nos médicos do que nos políticos.

  2. Vamos lá:
    O médico só é especialista quanto ele registra seu título no CRM do estado onde atua. Ou seja, segundo o CFM e o Código de Ética Médica, Padilha só poderia se divulgar infectologista se tivesse seu título registrado no CRM-PA, mesmo que realmente o tivesse. É como só poder dirigir se portar a carteira de motorista, não adianta dizer que deixou em casa. Isso é para proteger a população de ser enganada quando procurarem um cardiologista e ele de fato, não o ser. Sim, existem maus profissionais em qualquer área.
    Depois o texto segue criticando o sistema de saúde suplementar, como se as entidades médicas já não o fizessem por anos.
    Por fim, critica-se o texto do Ato Médico mais uma vez de maneira infundada: “…este texto deve continuar recusando excessos do texto original (como a aplicação de injeções e soro serem exclusivas de médico e não apenas sua prescrição)” O que dizia no texto original:
    § 5º Excetuam-se do rol de atividades privativas do médico:
    I – aplicação de injeções subcutâneas, intradérmicas, intramusculares e intravenosas, de acordo com a prescrição médica;
    Depois: “impedimento de que equipes de saúde, mesmo treinadas, identifiquem e iniciem o tratamento de malária, tuberculose e hanseníase”. Eu sei que vocês não sabem, mas são diagnósticos muitas vezes dificílimos mesmo para o médico especialista! Equipes sem médicos atendendo estes pacientes devem ser exceção, não regra! Na prática estes “programas” acabam tratando muitos pacientes erroneamente, expondo os indíviduos aos riscos de efeitos colaterais das drogas utilizadas, que nãos são poucos e podem ser gravíssimos. Claro que é muito mais barato para o governo deixar a população mais carente ser atendida por profissionais mais baratos.
    Conselho: Continuem confiando mais nos médicos do que nos políticos.

  3. É de se lamentar a baixaria que nossos profissionais da medicina esta levando a discussão do programa mais médicos do gf…….é uma pena, se eles que são estudados de famílias relativamente bem educadas estão neste nível, esperar o que do resto da população é uma pena realmente………………….

  4. É de se lamentar a baixaria que nossos profissionais da medicina esta levando a discussão do programa mais médicos do gf…….é uma pena, se eles que são estudados de famílias relativamente bem educadas estão neste nível, esperar o que do resto da população é uma pena realmente………………….

  5. Ao medicos , inclusive ao filho recomendo ler materias como esta. Para assim formar opiniao isenta e qualificada.Aqui questiono tambem por que um ilustre tucano nao teve o mesno tratamento .quando se declarou engenheiro….sem se-lo. Cabe tambem o governo que fez o diagnostico adequado, talvez, mas erra na forma e no conteudo da solucao. Necessaria retorno a mesa negociacao as partes envolvidas…..

  6. Ao medicos , inclusive ao filho recomendo ler materias como esta. Para assim formar opiniao isenta e qualificada.Aqui questiono tambem por que um ilustre tucano nao teve o mesno tratamento .quando se declarou engenheiro….sem se-lo. Cabe tambem o governo que fez o diagnostico adequado, talvez, mas erra na forma e no conteudo da solucao. Necessaria retorno a mesa negociacao as partes envolvidas…..

  7. Ao medicos , inclusive ao filho recomendo ler materias como esta. Para assim formar opiniao isenta e qualificada.Aqui questiono tambem por que um ilustre tucano nao teve o mesno tratamento .quando se declarou engenheiro….sem se-lo. Cabe tambem o governo que fez o diagnostico adequado, talvez, mas erra na forma e no conteudo da solucao. Necessaria retorno a mesa negociacao as partes envolvidas…..

  8. Ao medicos , inclusive ao filho recomendo ler materias como esta. Para assim formar opiniao isenta e qualificada.Aqui questiono tambem por que um ilustre tucano nao teve o mesno tratamento .quando se declarou engenheiro….sem se-lo. Cabe tambem o governo que fez o diagnostico adequado, talvez, mas erra na forma e no conteudo da solucao. Necessaria retorno a mesa negociacao as partes envolvidas…..

  9. Ao medicos , inclusive ao filho recomendo ler materias como esta. Para assim formar opiniao isenta e qualificada.Aqui questiono tambem por que um ilustre tucano nao teve o mesno tratamento .quando se declarou engenheiro….sem se-lo. Cabe tambem o governo que fez o diagnostico adequado, talvez, mas erra na forma e no conteudo da solucao. Necessaria retorno a mesa negociacao as partes envolvidas…..

  10. Ao medicos , inclusive ao filho recomendo ler materias como esta. Para assim formar opiniao isenta e qualificada.Aqui questiono tambem por que um ilustre tucano nao teve o mesno tratamento .quando se declarou engenheiro….sem se-lo. Cabe tambem o governo que fez o diagnostico adequado, talvez, mas erra na forma e no conteudo da solucao. Necessaria retorno a mesa negociacao as partes envolvidas…..

  11. Ao medicos , inclusive ao filho recomendo ler materias como esta. Para assim formar opiniao isenta e qualificada.Aqui questiono tambem por que um ilustre tucano nao teve o mesno tratamento .quando se declarou engenheiro….sem se-lo. Cabe tambem o governo que fez o diagnostico adequado, talvez, mas erra na forma e no conteudo da solucao. Necessaria retorno a mesa negociacao as partes envolvidas…..

  12. Meu Deus, só agora me dei conta, este um blog do governo petista! Não existem matérias criticando a corrupção do governo, Lula, Dilma ou o mensalão! Tô fora!

  13. Meu Deus, só agora me dei conta, este um blog do governo petista! Não existem matérias criticando a corrupção do governo, Lula, Dilma ou o mensalão! Tô fora!

  14. Meu Deus, só agora me dei conta, este um blog do governo petista! Não existem matérias criticando a corrupção do governo, Lula, Dilma ou o mensalão! Tô fora!

  15. Meu Deus, só agora me dei conta, este um blog do governo petista! Não existem matérias criticando a corrupção do governo, Lula, Dilma ou o mensalão! Tô fora!

Os comentários estão desabilitados.