Nos índices publicados no “Vinte Anos de Economia Brasileira – 1995/2014”, publicação do Centro de Altos Estudos Brasil Século XXI lançada em julho de 2014 atualizada em março último, fui buscar alguns exemplos de como “choram de barriga cheia” as elites brasileiras, ou suas sub-elites, que nem mesmo modos refinados já conservam e adere sem pudores à selvageria.
Para que estes senhores e senhoras reflitam como o governo dos “nordestinos e vagabundos” os beneficiou, a cada dado acrescentarei o que teria acontecido com o salário mínimo – aquele que o Armínio Fraga disse estar alto demais – se tivesse crescido na mesma proporção, e em dólares, para que a valoração seja mais compreensível.
Um salário mínimo, recorde-se, valia R$ 200 em 2002, com o dólar fechando o ano a R$ 3,60, o que representaria 55,5 dólares para o trabalhador humilde.
Começo pelas viagens internacionais, mesmo não considerando as que Lobão e aquela moça do Revoltados Online disseram que iam fazer, no caso de vitória da Dilma.
Em 2002, os brasileiros gastaram em viagens internacionais, US$ 0,4 bilhão. Ano passado, foram US$ 18,7 bilhões. 46,75 vezes a mais. Tivesse crescido na mesma proporção, o salário mínimo seria de US$ 2.594,62. Ou R$ 9.081, pelo dólar de hoje.
Nuncase viu tanto carro na rua – e com tanto carro de luxo, picapes e playboymóveis entre eles -pois as vendas de veículos passaram de 1,48 milhões de unidades, em 2002 para 3,5 milhões em 2014.
Para o pessoal do agronegócio não reclamar, registre-se que a produção de grãos passou de 96,8 milhões de toneladas para 193,4 milhões ano passado.
O pessoal está “duro” por aqui, não é?
Os investimentos estrangeiros diretos – aqueles que iam fugir do “Brasil comunista” implantado em 2002 – passaram de US$ 16,6 bilhões naquele ano (lembrem-se que estávamos na “era das privatizações), para US$ 62,5 bi em 2014. Quase quatro vezes mais, a mesma proporção que se aplicou ao salário mínimo, em dólar.
Mas e os investidores financeiros, a turma do “mercado”, que tem horror ao “bolivarianos”?
Bem, em 2002 tinham investido aqui, em ações, US$ 2 bi. Ano passado, quase seis vezes mais: US$ 11,5 bilhões. Em salários-mínimos ( e em dólar), daria para o office-boy receber hoje US$ 320 dólares, ou R$ 1.116, bem mais que os R$ 788 que recebe, se tivesse o mesmo tratamento dos investidores.
Se considerar-se a renda fixa (títulos), é ainda mais gritante: em 2002 tinham tirado do país, vendendo-os, R$ 6,8 bilhões. Ano passado, compraram US$ 22 bi.
Mas não ficamos “perigosos” para eles, não somos os “frágeis da economia” onde o capital tem medo de investir.
O Risco Brasil em 2002 (medido pelo Emerging Markets Bond Index Plus do JP Morgan) era de 1445 pontos (depois de ter chegado a 2.500 às vésperas da eleição de Lula). Ao final de 2014, era de 259 pontos. 5,6 vezes menor, portanto.
Se a cada porção de segurança dos investidores crescesse, na mesma escala, o salário dos pobres, sempre em dólar, o mínimo estaria a R$ 1.084.
Ah, mas o Estado brasileiro é inchado e ineficiente e consome suas receitas com o pagamento do funcionalismo. Será? Pessoal e encargos sociais da União abocanhavam 4,8% do PIB ao final de 2002 e, no fim do ano passado, absorviam um sexto a menos, 4,24%.
Hoje, porém, é que vivemos no “caos”.
Tudo o que o governo petista deu-lhes, até hoje, é nada.
Do outro lado, revelou-se, na eleição, a imensa gratidão do povão pelo pouco que conseguiu.
Confirma-se a amarga ironia da frase de Millôr Fernandes de que “pobre é muito mais barato”.
Ele pode estar calado, mudo, confuso, com a onda que se criou com uma dúzia de ladrões públicos e com a covardia de alguns que prometem “curar o Governo” de seus gastos sociais e de investimento estrutural.
Pode estar perplexo com um Governo que tenta, para agradar aos “buchudos”, ser o que não deveria ser e que não fala com ele, não lhe faz carinhos e só lhe pede que aguente o rojão.
Mas – não, senhores – não é burro, e conhece muito bem esta turma que se diz pronta a curar o Brasil que, há 12 anos, quase estava matando.
16 respostas
Vendo tudo isto que você tão bem expõe, me pergunto: porque estes governos progressistas que tiraram 32 milhões da miséria, segundo se diz e que fizetam com que 40 milhões de pessoas ascendessem de classe, porque este governo se deixa massacrar dia e noite pela midia? Se a midia como a Globo leva do governo dezenas de milhões de reais por ano, porque esconde estes fatos? Alguma coisa está errada e tem a ver com um governo que não se comunica. É a comunicação ou não é?
Pode ser. Mas o tal de “núcleo duro” do governo também ajuda. Já pensou o que é ser aconselhado por um mercadante? Um zé eduardo? Um berzoini??
O ódio se deve a ascensão dos pobres, eles não tem mais os escravos a sua disposição.
Mariza é por isso ai mesmo, mas também pela perda do poder central que sabem (pelas razões acima) pelas urnas não conseguem mais.
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01:13
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Ley de Medios Já ! ! ! ! Lula 2018 neles ! ! ! !
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Fernando Brito, você é Imprescindível.
Assino em baixo!!
Sigo o relator e assino também!
PEQUENA FÁBULA SOBRE MATEUS
Mateus é um réptil ardiloso e agressivo, que não chocava por falta de um ventre materno qualquer.
Na selva da política, desesperada e ansiosamente, procurava um para alugar.
Ofendia, ameaçava, estrebuchava, até que o encontrou, gratuito, oferecido, sem restringir qualquer palavra ou gesto seu.
Mateus, com sua prática e discurso de ódio aos pretos, aos pobres, às putas, aos petistas (reais e inventados), sem demonstrar qualquer gratidão pelo ventre que o acolheu, foi finalmente parido.
Ele, no entanto, não é só ódio não. Mateus também é ode. Ode ao boi, à bala, à bíblia e aos bancos.
Com sua verve violenta, ainda chora, vocifera, intimida, insinua fuzilamentos, faz até piadas sem graça que produz apenas risadas tipo relinche em seus fãs, à procura de quem o embale.
Mas, afinal, se não fui eu, nem tu, quem pariu Mateus?
Quem o fez é que resolva o dilema: embale-o ou deixo-o!
Muito boa a matéria.
Todos sabemos que o que a elite quer não é só o dinheiro. Querem o poder (poder com “f”)
Agora a burguesia, ou sub-elite, é a que está cuspindo no prato que se esbaldou.
Acreditam que os governos progressistas promoveram os rolezinhos dos shoppings, os congestionamentos de carros populares, os aeroportos lotados, a aparição de gente “diferenciada” nas praias badaladas e tudo que não é elegante e branco.
Tem gente que só fica feliz e outros estiverem infelizes.
Tudo melhorará quando a classe média entender que ela é uma classe trabalhadora descontada na fonte (como diz um amigo, pois os muito pobres e os ricos não pagam imposto). Quando ela entender, provavelmente via educação formadora de mentes críticas, que é espoliada por aqueles com os quais ela pensa compartilhar interesses. Por enquanto é só “tola”, como diz o sociólogo Jessé Souza.
Essa não vale, todos no Instituto são funcionários públicos, provavelmente petralhas. Quero estatísticas isentas.
Dilter
Dilma, corta as verbas de publicidade e propaganda que alimentam os veículos GOLPISTAS desse país.
Façam eles viverem o verdadeiro capitalismo que tanto pregam. Que façam valer a competição que tanto desejam aos demais, os mais competentes seguirão em frente. Devemos valorizar a MERITOCRACIA.
Mostre a eles que, até você, está acreditando que o mundo vai acabar, como eles nos contam, diuturnamente, nos seus veículos de comunicação “isentos e imparciais”.
Dilma, precisamos de CHOQUE DE CAPITALISMO no Brasil, então vamos começar com estes veículos de mídia, lesa pátria, que temos em nosso país.
É preciso, Dilma, economizar durante esta crise. Comecemos então com os valores gastos em publicidade e propaganda, não é tão difícil, o Roberto Requião pode ser chamado a ser o Ministro das Comunicações, deixa a pasta com ele, que ele saberá o que fazer, pois já fez algo parecido no Estado do Paraná quando foi governador.
Coragem Dilma, sabemos que você tem CORAÇÃO VALENTE!!!
?#?cortaasverbasDILMA?
https://rebeldesilente.wordpress.com
Brito,
pura curiosidade e sem maldade alguma. De coração.
Como Brizola lidava com o legislativo?
Abraço.
ppp
ESSA TAL DE ELITE E TUDO MIDIOTA. ESSAS BOAS COMPARAÇOES PRA ELES SAO INENTENDIVEIS. SAO UNS BOÇAIS. NAO ENXERGAM ALEM DO NARIZ.